O SENHOR TE CHAMA


"Gostaria de dizer àqueles e àquelas que se sentem longe de Deus e da Igreja, aos que têm medo ou aos indiferentes:
O Senhor também te chama para seres parte do seu povo, e o faz com grande respeito e amor!" EG, n.113.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

PRÉ-CATECUMENATO: JOVENS E ADULTOS - Catequeses Bíblicas de apelo a conversão de vida e costumes.

5ª CATEQUESE: A BÍBLIA

"As nações andarão à sua luz, e os reis da terra levar-lhe-ão a sua opulência" (Ap 21,24).

A Bíblia, também denominada como, ou, Sagrada Escritura, é a Palavra de Deus. Possui duas partes: Antigo Testamento (AT) e Novo Testamento (NT), que retratam os acontecimentos desde a Criação até a Segunda vinda de Cristo.

Ao contrário do que se pode parecer à primeira vista, ela não é um livro único e independente, mas uma coleção de 73 livros.

A palavra Bíblia provém do termo grego biblios que significa livros, o que demonstra não ser ela um livro único. Assim, quando usamos hoje a palavra "Bíblia" nos referimos a esse conjunto de 73 livros, sendo 46 do AT e 27 do NT. A Bíblia começou a ser escrita por volta do séc. XV a.C., e somente se encerrou no final do séc. I d.C.

COMO ESTÁ ORGANIZADA A BÍBLIA?

Antigo Testamento - É composto de 46 livros. São todos os livros escritos a partir do séc. XV a.C. até o nascimento de Cristo. Contém a Lei de Deus dada a Moisés, a história do povo de Israel e suas reflexões, bem como as profecias da vinda do Messias, que se deu com a vinda de Jesus Cristo.

Novo Testamento - É composto de 27 livros. São todos os livros escritos após a vinda de Jesus até o final do séc I d.C. Trazem a vida e as obras de Jesus, a criação e a expansão da Igreja, além da formação do povo cristão. E também o Apocalipse (Revelação).

Essas duas grandes divisões estão, ainda, subdivididas de acordo com o conteúdo dos livros. Temos assim, para o Antigo Testamento e Novo Testamento:
AT
Pentateuco - Trata-se dos cinco primeiros livros que abrem a Bíblia, também denominados como livros da Lei. Estes livros falam da Criação de Deus, da Lei e da formação de seu povo eleito: Israel.

Livros Históricos - São os livros que descrevem as guerras de Israel, bem como a história de seus reinos.

Livros Sapienciais - Apresentam a sabedoria e a poesia dos hebreus.

Livros Proféticos - foram escritos por profetas que pregavam o arrependimento e preparavam o povo eleito para a chegada do Messias Salvador.
NT
Livros do Evangelho - A palavra "Evangelho" vem do grego "euangélion" que quer dizer "Boa Nova". A Igreja reconhece como canônicos (inspirados por Deus) quatro Evangelhos: Narrados por Mateus, Marcos, Lucas e João. Os três primeiros são chamados de "sinóticos" porque podem ser lidos em paralelo, apresentando uma sinopse da vida e obra de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Atos dos Apóstolos - Foi escrito por São Lucas, médico e companheiro de São Paulo. O Testemunho mais antigo de que Lucas é o autor dos Atos é o chamado cânon de Muratori, do século II. Os Evangelhos apresentam os feitos do Filho, ao passo que os Atos dos Apóstolos descrevem os feitos do Espírito Santo. E segundo São Jerônimo (348-520) d.C., os Atos foram escritos em roma, na língua grega, quando Lucas estava ao lado de Paulo prisioneiro, por volta do ano 63. Os Atos dos Apóstolos são portanto, o primeiro livro de história da Igreja nascente, escrito por uma testemunha ocular dos fatos, que os narrou de maneira precisa. Aí podemos conhecer o rosto da Igreja no primeiro século e sua organização.

Epístolas - São doutrinas e exortações escritas por alguns Apóstolos de Cristo e encaminhadas a comunidades ou fiéis cristãos. As que foram escritas por Paulo foram enviadas para serem lidas em público. Em 1Ts 5,27 há uma alusão a isto. Havia também o intercâmbio das cartas, como se lê em Cl 4,16: "mostrem esta carta para Laodicéia e tragam-a de lá para vocês". Aos poucos as cartas foram colecionadas, e no fim do I século já se tem notícia delas, quando em 2Pd 3,15 se lê "...nosso irmão Paulo vos escreveu conforme o dom que lhe foi dado...". As epístolas católicas (universais) são chamadas assim por se destinarem à Igreja em geral, e não a tal ou qual comunidade, como fizera Paulo. Elas também se originaram da necessidade pastoral, e já no começo do II século estavam incorporada aos outros escritos do Novo Testamento.

Apocalipse - É uma palavra grega que significa Revelação. Este livro foi escrito pelo apóstolo João, que o escreveu no fim de sua vida, mais ou menos no ano 100, sob a forma de uma carta dirigida às Igrejas da Ásia Menor. Este libro é considerado pela maioria dos leitores como o mais difícil de se compreender e o mais misterioso de toda a Bíblia. Com efeito, ele é bastante enigmático, mas sua interpretação pode tornar-se mais clara, ao se levar em conta o gênero literário utilizado pelo autor, e a circunstância em que a obra foi escrita.

Nota: Para melhor entendermos este Livro, sugiro que adquira uma versão atualizada da Bíblia Católica, inclusive para aprender a manusear os seus capítulos, versículos e abreviações dos livros.

PRÉ-CATECUMENATO: JOVENS E ADULTOS - Catequeses Bíblicas de apelo à conversão de vida e costumes.

6ª CATEQUESE: JESUS É A MENSAGEM E O MENSAGEIRO

"Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim" (Jo 14,6).

Você sabe o que significa Evangelho? É "BOA NOVA", mensagem alegre, notícia gostosa de ser recebida. Essa mensagem é Jesus Cristo. Evangelho não é um livrinho, parte da Bíblia. É JESUS.

Jesus é, ao mesmo tempo, a mensagem e o mensageiro. Ele mesmo é a boa notícia de Deus para nós.

O REINO DE DEUS CHEGOU.

A vida terrena de Jesus se desenvolve entre dois marcos: ele nasceu no estábulo porque "não havia lugar para ele nas casas" e morreu crucificado "fora da Cidade", onde eram executados os criminosos.

A conduta de Jesus, no transcurso da vida, confirma a opção solidária e preferencial pelos pobres, aflitos, marginalizados e pecadores arrependidos.

Jesus propõe o desprendimento das coisas materiais como caminho para o seu reino. Jesus inaugura sua pregação com estas palavras: "Chegou a hora e o Reino de Deus está perto! Mudem de vida e acreditem no Evangelho".

Este Reino que Jesus anunciou e inaugurou não é uma realidade reservada somente ao céu, na outra vida. O Reino já acontece na terra, em cada ser humano e na sociedade, à medida que os valores do reino prevaleçam sobre outros interesses.

A história da salvação é o fermento que penetra a história humana. Por isso Jesus não fica de fora da vida humana. O Reino de Deus não é, pois, objeto de expectativa passiva. Pelo contrário, anuncia a vontade de Deus, atua na história para mudar a realidade e fazer com que todos nós, seres humanos, vivamos como irmãos.

Vivendo o Evangelho é que vamos descobrir e compreender o Reino de Deus. Encontrar-se com Jesus, no Evangelho, significa participar da inauguração do Reino de Deus.

Jesus diz que a pessoa que descobre o Reino encontra um tesouro, e troca tudo pelo tesouro que encontrou. "O Reino dos Céus é também semelhante a um tesouro escondido no campo. Um homem o encontra, mas esconde de novo. E, cheio de alegria, vai, vende tudo o que tem para comprar aquele campo" (Mt 13,44; 6,9).

Para seu crescimento procure, leia e reflita:

Lc 2,1-20; 2,8-14; 2,29-32; 4,16-22; 15,1-7;
Mt 2,19-23; 26 ; 27; 28.
Jo 2,1-11; 18,37;
Mc 4,3-32; 4,26-34.

Para refletir em Grupos:

Pesquisar sobre Jesus de Nazaré. Cada grupo lê os textos do Evangelho e debate com base na seguinte pergunta: "O que diz o texto sobre a personalidade de Jesus?".

GRUPO 1: Jesus e seu povo: Mt 9,35-36; Jo 6,1-11; Lc 12,1; Lc 19,47-48.

GRUPO 2: Jesus e seus discípulos: Jo 11,32-36; Jo 13,12-15; Jo 15,15.

GRUPO 3: Jesus e os doentes: Mc 10,46-52; Lc 6,20-23; Lc 18,15-16.

GRUPO 4: Jesus e os pecadores: Mt 9,11-13; Lc 7,36-50; 15,1-7; Jo 8,1-11.

GRUPO 5: Jesus é cheio do Espírito de Deus: Mt 3,16-17; 4,1; Mt 12,28; Lc 4,14-18; Lc 10,21.

Responda em seus caderno de estudos:

1- Fale sobre o significado do Evangelho.

2- Jesus é ao mesmo tempo, a mensagem e o mensageiro. Fale sobre esta afirmação.

3- Fale sobre a opção solidária e preferencial de Jesus. Dê exemplos de como imitá-lo.

4- Ao propor para nós o desprendimento das coisas materiais, o que Jesus quer nos dizer?

"Só tenho de olhar o santo Evangelho, logo respiro os perfumes da vida de Jesus e sei para que lado correr"
(Sta Teresinha do Menino Jesus)

PRÉ-CATECUMENATO: JOVENS E ADULTOS Catequeses Bíblicas de apelo à conversão de vida e costumes.

IV. ENSINAMENTOS (DISCURSOS DE JESUS)

7ª CATEQUESE - AS BEM AVENTURANÇAS
(Mt 5,1-11); CIC 1716-1724.

As bem-aventuranças estão no centro da pregação de Jesus. Seu anúncio retoma as promessas feitas ao povo eleito desde Abraão. Jesus completa, ordenando-as não mais ao simples bem estar gozoso na terra, mas no Reino dos Céus (Lc 6,20-38).

As bem-aventuranças traçam a imagem de Cristo e descrevem sua caridade. Elas exprimem a vocação dos fiéis associados à glória de sua Paixão e Ressurreição, iluminam as ações e atitudes características da vida cristã; são promessas paradoxais que sustentam a esperança nas tribulações; anunciam as bênçãos e recompensas já obscuramente adquiridas pelos discípulos; são inauguradas na vida da Virgem Maria e de todos os santos (CIC, § 1716-1717).

As bem-aventuranças respondem ao desejo natural de felicidade. Este desejo é de origem divina. O homem naturalmente deseja ser feliz, e este desejo foi colocado no coração do homem pelo próprio Deus, a fim de atraí-lo para si, visto que só Ele ode satisfazê-lo.

Deus nos colocou no mundo para conhecê-lo, servi-lo e amá-lo e assim, chegarmos ao paraíso. As bem-aventuranças desvendam o objetivo da existência humana, o fim último dos atos humanos. Deus nos chama à sua própria bem-aventurança.

A bem-aventurança nos faz participar da natureza divina e da vida eterna. Com ela, o homem entra na Glória de Cristo e no gozo da vida trinitária.

O decálogo, o Sermão da Montanha e a Catequese apostólica nos descrevem os caminhos que levam ao Reino dos Céus. Neles nos empenhamos passo a passo pelas ações de todos os dias, sustentados pela graça do Espírito Santo. Fecundados pela Palavra de Cristo, daremos, aos poucos, frutos na Igreja para a glória de Deus.

As bem-aventuranças retomam e completam as promessas de Deus desde Abraão, ordenando-as para o reino dos Céus. Respondem ao desejo de felicidade que Deus colocou no coração do homem. Elas nos ensinam o fim último ao qual Deus nos chama: o Reino, a visão de Deus, a participação na natureza divina, a vida eterna, a filiação, o repouso em Deus.

A bem-aventurança da vida eterna é um dom gratuito de Deus; ela é sobrenatural como a graça que a ela conduz.

"A prometida bem-aventurança nos coloca diante de escolhas morais decisivas para que aprendamos a amar a Deus sobre todas as coisas: " O temor do Senho é o começo da sabedoria; sábios são aqueles que o adoram.

Sua glória subsiste eternamente." (Sl 110,10). Convida-nos a purificar nosso coração de seus maus instintos e a procurar o amor de Deus acima de tudo. Ensina que a verdadeira felicidade não está nas riquezas ou no bem-estar, nem na glória humana ou no poder, nem em qualquer obra humana, por mais útil que seja, como as ciências, a técnica e as artes, nem em outra criatura qualquer, mas apenas em Deus, fonte de todo o bem e de todo amor". (CIC.17823).

Para seu crescimento procure, leia e reflita: Mt 5,1-12
Quantas são as bem-aventuranças?
Fale sobre uma das bem-aventuranças?
Qual o fim último das bem-aventuranças?

As bem-aventuranças nos ensinam: "Para mim acho que a perfeição é fácil de se praticar, porque compreendi que basta pegar Jesus pelo coração..." (Sta Teresinha do Menino Jesus)






quinta-feira, 25 de outubro de 2012

VISITA AO SANTÍSSIMO SACRAMENTO

Meu Senhor Jesus Cristo, que pelo amor que tendes aos homens, permaneceis noite e dia nesse Sacramento, todo cheio de bondade e de misericórdia, chamando, esperando e acolhendo a todos os que vêm visitar-vos: eu creio que estais realmente presente no Sacramento do Altar; adoro-vos do abismo do meu nada e vos agradeço todas as graças que me tendes dispensado até hoje, especialmente a de vos terdes dado a mim nesse Sacramento, de me terdes concedido por advogada vossa Mãe Santíssima e de me haverdes chamado para visitar-vos nesta igreja.

Adoro e saúdo o vosso Coração amantíssimo e o faço por três fins:

primeiro para vos agradecer tão grande dom;
segundo, para reparar as injúrias que recebeis de vossos inimigos nesse Sacramento de Amor;
terceiro, para adorar-vos em todos os lugares da terra, onde permaneceis menos honrado e mais abandonado.

Meu Jesus, amo-vos de todo o meu coração. Arrependo-me de ter ofendido tantas vezes a vossa bondade infinita.

Proponho, com o auxílio da vossa divina graça, nunca mais vos ofender. E agora, miserável como sou, consagro-me inteiramente a vós e vos ofereço o meu coração, a minha vontade, tudo o que possuo.
De agora em diante, fazei de mim o que for do vosso agrado.
Eu não vos peço e não quero senão o vosso amor, a perseverança final e o cumprimento perfeito da vossa vontade.

Recomendo-vos as almas do purgatório, particularmente as que foram mais devotas do SS.Sacramento e de Maria Santíssima.
Recomendo-vos também todos os pobres pecadores.
Finalmente, ó meu amado Salvador, uno todos os meus afetos aos de vosso Coração amantíssimo e, assim, unidos, ofereço-os ao amor, queira aceita-los e atendê-los. Amém.




terça-feira, 23 de outubro de 2012

"A PALAVRA DO SENHOR AVANCE E SEJA GLORIFICADA" (2Ts 3,1)

"Que 'a Palavra do senhor avance e seja glorificada' (2Ts 3,1)! Possa este Ano da Fé tornar cada vez mais firme a relação com Cristo Senhor, dado que só n'Ele temos a certeza para olhar o futuro e a garantia dum amor autêntico e duradouro.

As seguintes palavras do apóstolo Pedro lançam um último jorro de luz sobre a fé: "É por isso que exultais de alegria, se bem que, por algum tempo, tenhais de andar aflitos por diversas provações; deste modo, a qualidade genuína da vossa fé - muito mais preciosa do que o ouro perecível, por certo também provado pelo fogo - será achada digna de louvor, de glória e de honra, na altura da manifestação de Jesus Cristo.

Sem O terdes visto, vós O amais; sem O ver ainda, credes n'Ele e vos alegrais com uma alegria indescritível e irradiante, alcançando assim a meta da vossa fé: a salvação das almas" (1Pd 1,6-9).

A vida dos cristãos conhece a experiência da alegria e a do sofrimento.

Quantos antos viveram na solidão! Quantos crentes, mesmo em nossos dias, provados pelo silêncio de Deus, cuja voz consoladora queriam ouvir! As provas de vida, ao mesmo tempo em que permitem compreender o mistério da Cruz e participar nos sofrimentos de Cristo (cf. Cl 1,24), são prelúdio da alegria e da esperança a que a fé conduz:

"Quando sou fraco, então é que sou forte! (2Cor 12,10).

Com firme certeza, acreditamos que o Senhor Jesus derrotou o mal e a morte. Com esta confiança segura, confiamo-nos a Ele:

Ele, presente no meio de nós, vence o poder do maligno (cf. Lc 11,20); e a Igreja, comunidade visível da sua misericórdia, permanece n'Ele como sinal da reconciliação definitiva com o Pai.

À Mãe de Deus, proclamada "feliz porque acreditou" (cf. Lc 1,45), confiamos este tempo de graça.

Fonte: Porta Fidei, Bento XVI, n.15 § 2.


"PROCURE A FÉ" (Cf.2 Tm 2,22)

"Já no termo da sua vida, o Apóstolo Paulo pede ao discípulo Timóteo que "procure a fé" (cf. 2Tm 2,22) com a mesma constância de quando era novo (cf. 2Tm 3,15).

Sintamos este convite dirigido a cada um de nós, para que ninguém se torne indolente na fé.

Esta é companheira de vida, que permite perceber, com um olhar sempre novo, as maravilhas que Deus realiza por nós.

Solícita a identificar os sinais dos tempos no hoje da história, a fé obriga cada um de nós a tornar-se sinal viva da presença do Ressuscitado no mundo.

Aquilo que o mundo tem hoje particular necessidade é o testemunho credível de quantos, iluminados na mente e no coração pela Palavra do Senhor, são capazes de abrir o coração e a mente de muitos outros ao desejo de Deus e da vida verdadeira, aquela que não tem fim.

Fonte: Porta Fidei, Bento XVI, n.15 § 1.


" AGORA PERMANECEM ESTAS TRÊS COISAS: A FÉ, A ESPERANÇA E A CARIDADE " (Cor 13,13)

"O Ano da Fé será uma ocasião propícia também para intensificar o testemunho da caridade.

Recorda São Paulo: "Agora permanecem estas três coisas: a Fé, a Esperança e a Caridade; mas a maior de todas é a Caridade" (1Cor 13,13).

Com palavras ainda mais incisivas - que não cessam de emprenhar os cristãos - afirmava o apóstolo Tiago: "De que aproveita, irmãos, que alguém diga que tem fé, se não tiver obras de fé? Acaso essa fé poderá salvá-lo? Se um irmão ou uma irmã estiverem nus e precisarem de alimento cotidiano, e um de vós lhes disser: 'Ide em paz, tratai de vos aquecer e de matar a fome', mas não lhes dais o que é necessário ao corpo, d que lhes aproveitará? Assim também a fé: se ela não tiver obras, está completamente morta. Mais ainda! Poderá alguém alegar sensatamente: 'Tu tens a fé, e eu tenho as obras; mostra-me então a tua fé sem obras, que eu, pelas minhas obras, te mostrarei a minha fé'" (Tg 2,14-18).

A fé sem a caridade não dá fruto, e a caridade sem a fé seria um sentimento constantemente a mercê da dúvida. Fé e caridade reclaman-se mutuamente, de tal modo que uma consente à outra de realizar o seu caminho.

De fato, não poucos cristãos dedicam amorosamente a sua vida a quem vive sozinho, marginalizado ou excluído, considerando-o como o primeiro a quem atender e o mais importante a socorrer, porque é precisamente nele que se espelha o próprio rosto de Cristo.

Em virtude da fé, podemos reconhecer naqueles que pedem o nosso amor o rosto do Senhor ressuscitado.

"Sempre que fizestes isto a um dos meus irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes" (Mt 45,40): estas palavras de Jesus são uma advertência que não se deve esquecer e um convite perene a desenvolvermos aquele amor com que Ele cuida de nós.

É a fé que permite reconhecer Cristo, e o seu próprio amor que impele a socorrê-Lo sempre que Se faz próximo nosso no caminho da vida.

Sustentados pela fé, olhamos com esperança o nosso serviço no mundo, aguardando "novos céus e uma nova terra, onde habite a justiça" (2Pd 3,13; cf. Ap 21,1).

Fonte: Porta Fidei, Bento XVI, n.14



segunda-feira, 22 de outubro de 2012

" PELA FÉ: APÓSTOLOS, DISCÍPULOS, MÁRTIRES, HOMENS E MULHERES, CRERAM E ANUNCIARAM O MESTRE"

" Pela fé, os Apóstolos deixaram tudo para seguir o Mestre (cf.Mc 10,28). Acreditaram nas palavras com que Ele anunciava o Reino de Deus presente e realizado na sua Pessoa (cf. Lc 11,20). Viveram em comunhão de vida com Jesus, que os instruía com a sua doutrina, deixando-lhes uma nova regra de vida pela qual haveriam de ser reconhecidos como seus discípulos depois da morte d'Ele (cf. Jo 13,34-35). Pela fé, foram pelo mundo inteiro, obedecendo ao mandato de levar o Evangelho a toda a criatura (cf. Mc 16,15) e, sem temor algum, anunciaram a todos a alegria da ressurreição, de que foram fiéis testemunhas.

Pela fé, os discípulos formaram a primeira comunidade reunida à volta do ensino dos Apóstolos, na oração, na celebração da Eucaristia, pondo em comum aquilo que possuíam para acudir às necessidades dos irmãos (cf. At 2,42-47).

Pela fé, os mártires deram a sua vida para testemunhar a verdade do evangelho que os transformara, tornando-os capazes de chegar até o dom maior do amor com o perdão dos seus próprios perseguidores.

Pela fé, homens e mulheres consagraram a sua vida a Cristo, deixando tudo para viver em simplicidade evangélica a obediência, a pobreza e a castidade, sinais concretos de quem aguarda o senhor, que não tarda a vir.

Pela fé muitos cristãos se fizeram promotores de uma ação em prol da justiça, para tornar palpável a palavra do senhor, que veio anunciar a libertação da opressão e um ano de graça para todos (cf. Lc 4,18-19).

Pela fé, no decurso dos séculos, homens e mulheres de todas as idades, cujo nome está escrito no livro da vida (cf. Ap 7,9; 13,8), confessaram a beleza de seguir o Senhor Jesus nos lugares onde eram chamados a dar testemunho do seu ser cristão: na família, na profissão, na vida pública, no exercício dos carismas e ministérios a que foram chamados.

Pela fé, vivemos também nós, reconhecendo o Senhor Jesus vivo e presente na nossa vida e na história. "

Fonte: Porta Fidei. Bento XVI, n. 13, (§ de 4 a 10).

" OLHAR FIXO EM JESUS CRISTO, 'AUTOR E CONSUMADOR DA FÉ' (Hb 12,2)"

" Será decisivo repassar, durante este Ano a história da nossa fé, que faz ver o mistério insondável da santidade entrelaçada com o pecado.

Enquanto a primeira põe em evidência a grande contribuição que homens e mulheres prestaram para o crescimento e o progresso da comunidade com o testemunho da sua vida, o segundo deve provocar em todos uma sincera e contínua obra de conversão para experimentar a misericórdia do Pai, que vem ao encontro de todos.

Ao longo deste tempo, manteremos o olhar fixo sobre Jesus Cristo, 'autor e consumador da fé' (Hb 12,2): n'Ele encontra plena realização toda a ânsia e anelo do coração humano.

A alegria do amor, a resposta ao drama da tribulação e do sofrimento, a força do perdão diante da ofensa recebida e a vitória da vida sobre o vazio da morte, tudo isto encontra plena realização no mistério da sua encarnação, do seu fazer-\se homem, do partilhar conosco a fragilidade humana para a transformar com a força da sua ressurreição. N'Ele, morto e ressuscitado para a nossa salvação, encontram plena luz os exemplos de fé que marcaram estes dois mil anos da nossa história de salvação.

Pela fé, Maria acolheu a palavra do Anjo e acreditou no anúncio de que seria Mãe de Deus na obediência da sua dedicação (cf. Lc 1,38).

Ao visitar Isabel, elevou o seu cântico de louvor ao Altíssimo pelas maravilhas que realizava em quantos a Ele se confiavam (cf. Lc 1,46-55).

Com alegria e trepidação, deu à luz o seu Filho unigênito, mantendo intacta a sua virgindade (cg. Lc 2,6-7).

Confiando em José, seu esposo, levou Jesus para o Egito a fim de O salvar da perseguição de Herodes (cf. Mt 2,13-15).

Com a mesma fé, seguiu o senhor na sua pregação e permaneceu a seu lado mesmo no Gólgota (cf. Jo 19,25-27).

Com fé, maria saboreou os frutos da ressurreição de Jesus e, conservando no coração a memória de tudo (cf. Lc 2,19-51), transmitiu-a aos Doze reunidos com Ela no Cenáculo para receberem o Espírito Santo (cf. 1,14; 2,1-4)."

Fonte: Porta Fidei, Bento XVI, n.13, (§ de 1 a 3).

SUBSÍDIO PRECIOSO E INDISPENSÁVEL - CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA

" Para chegar a um conhecimento sistemático da fé, todos podem encontrar um subsídio precioso e indispensável no Catecismo da Igreja Católica.

Este constitui um dos frutos mais importantes do Concílio Vaticano II.

Na constituição Apostólica Fidei depositum - não sem razão assinada na passagem do trigésimo aniversário da abertura do Concílio Vaticano II -, o Beato João Paulo II escrevia: " Este catecismo dará um contributo muito importante à obra de renovação de toda a vida eclesial ... Declaro-o norma segura para o ensino da fé e, por isso, instrumento válido e legítimo ao serviço da comunhão eclesial".

É principalmente nesta linha que o Ano da Fé deverá exprimir um esforço generalizado em prol da redescoberta e do estudo dos conteúdos fundamentais da fé, que têm no Catecismo da Igreja Católica a sua síntese sistemática e orgânica.

Nele, de fato, sobressai a riqueza de doutrina que a Igreja acolheu, guardou e ofereceu durante os seus dois mil anos de história.

Desde a Sagrada Escritura ao Padres da Igreja, desde os Mestres de teologia aos santos que atravessaram os séculos, o Catecismo oferece uma memória permanente dos inúmeros modos em que a Igreja meditou sobre a fé e progrediu na doutrina para dar certeza aos crentes na sua vida de fé.

Na sua própria estrutura, o Catecismo da Igreja Católica, apresenta o desenvolvimento da fé até chegar aos grandes temas da vida diária.

Repassando as páginas, descobre-se que o que ali se apresenta não é uma teoria, mas o encontro com uma Pessoa que vive na Igreja.

Na verdade, a seguir à profissão de fé, vem a explicação da vida sacramental, na qual Cristo está presente e operante, continuando a construir a sua Igreja.

Sem a liturgia e os sacramentos, a profissão de fé não seria eficaz, porque faltaria a graça que sustenta o testemunho dos cristãos.

Na mesma linha, a doutrina do catecismo sobre a vida moral adquire todo o seu significado, se for colocada em relação com a fé, a liturgia e a oração."

Fonte: Porta Fidei, Bento XVI, n.11.


ASSENTIMENTO DA FÉ

" O conhecimento dos conteúdos da fé é essencial para dar o próprio assentimento, isto é, para aderir plenamente com a inteligência e a vontade a quanto é proposto pela Igreja.

O conhecimento da fé introduz na totalidade do mistério salvífico revelado por Deus.

O assentimento prestado implica que, quando se acredita, se aceita livremente todo o mistério da fé, porque o garante da sua verdade é o próprio Deus que se revela e permite conhecer o seu mistério de amor.

No nosso contexto cultural, há muitas pessoas que, embora não reconhecendo em si mesmas o dom da fé, todavia vivem em busca sincera do sentido último e da verdade definitiva acerca da sua existência e do mundo.

Esta busca é um verdadeiro "preâmbulo" da fé, porque move as pessoas pela estrada que conduz ao mistério de Deus.

A própria razão do homem traz inscrita em si mesma a exigência "daquilo que vale e permanece sempre".

Essa exigência constitui um convite permanente, inscrito no coração humano, para se pôr a caminho ao encontro d'Aquele que não teríamos procurado se Ele não tivesse já vindo ao nosso encontro.

É precisamente a este encontro que nos convida e abre plenamente a fé.

Fonte: Porta Fidei, Bento XVI, n.10 § 5 e 6.


sexta-feira, 19 de outubro de 2012

" 'EU CREIO': É A FÉ DA IGREJA, PROFESSADA PESSOALMENTE POR CADA CRENTE"

A própria profissão da fé é um ato simultaneamente pessoal e comunitário.

De fato, o primeiro sujeito da fé é a Igreja. É na fé da comunidade cristã que cada um recebe o Batismo, sinal eficaz da entrada no povo dos crentes para obter a salvação.

Como atesta o Catecismo da Igreja Católica, 

"' Eu Creio': é a fé da Igreja, professada pessoalmente por cada crente, principalmente por ocasião do Batismo.

'Nos cremos': é a fé da igreja, confessada pelos bispos reunidos em Concílio ou, de modo mais geral, pela assembléia litúrgica dos crentes.

'Eu creio': é também a Igreja, nossa Mãe, que responde a Deus pela sua fé e nos ensina a dizer: 'Eu creio', 'Nós cremos'".


"ACREDITA-SE COM O CORAÇÃO E, COM A BOCA. FAZ-SE A PROFISSÃO DE FÉ" (Rm 10,10)

"Queria agora delinear um percurso que ajude a compreender de maneira mais profunda os conteúdos da fé e, juntamente com eles, também o ato pelo qual decidimos, com plena liberdade, entregar-nos totalmente a Deus.

De fato, existe uma unidade profunda entre o ato com que se crê e os conteúdos a que damos o nosso assentimento.

O apóstolo Paulo permite entrar dentro desta realidade quando escreve: "Acredita-se com o coração e, com a boca, faz-se a profissão de fé"  (Rm 10,10).

O coração indica que o primeiro ato, pelo qual se chega à fé, é dom de Deus e ação de graça que age e transforma a pessoa até o mais íntimo dela mesma.

A este respeito é muito eloquente o exemplo de Lídia. Narra São Lucas que o apóstolo Paulo, encontrando-se em Filipos, em um sábado foi anunciar o Evangelho a algumas mulheres; entre elas, estava Lídia.

"O Senhor abriu-lhe o coração para aderir ao que Paulo dizia" (At 16,14).

O sentido contido na expressão é importante. São Lucas ensina que o conhecimento dos conteúdos que se devem acreditar não é suficiente, se depois o coração - autêntico sacrário da pessoa - não for aberto pela graça, que consente de ter olhos para ver em profundidade e compreender que o que foi anunciado é a Palavra de Deus.

Por sua vez, o professar com a boca indica que a fé implica um testemunho e um compromisso públicos.

O cristão não pode jamais pensar que o crer seja um fato privado. A fé é decidir estar com o Senhor, para viver com Ele. E este 'estar com Ele' introduz na compreensão das razões pelas quais se acredita.

A fé, precisamente porque é um ato da liberdade, exige também assumir a responsabilidade social daquilo que se acredita.

No dia de Pentecostes, a Igreja manifesta, com toda a clareza, esta dimensão pública do crer e do anunciar sem temor a própria fé a toda a gente.

É o dom do Espírito Santo que prepara para a missão e fortalece o nosso testemunho, tornando-o franco e corajoso.

Fonte: Porta Fidei, Bento XVI, n. 10.1,2,3

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Descobrir os conteúdos da Fé professada, celebrada, vivida e rezada

"Anseio de confessar a fé plenamente e com renovada convicção, com confiança e esperança.

Intensificar a celebração da fé na liturgia, particularmente na Eucaristia, que é "a meta para a qual se encaminha a ação da Igreja e a fonte de onde promana toda a sua força".

O testemunho de vida dos crentes cresça na credibilidade.

Descobrir novamente os conteúdos da fé professada, celebrada, vivida e rezada e refletir sobre o próprio ato com que se crê é um compromisso que cada crente deve assumir."

Nos primeiros séculos, os cristãos aprendiam de memória o CREDO.

Este servia-lhes de oração diária, para não esquecerem o compromisso assumido com o Batismo. 

Santo Agostinho afirmava em uma homilia sobre a redditio symboli (a entrega do Credo): "O símbolo do santo mistério, que recebestes todos juntos e que hoje proferistes um a um, reúne as palavras sobre as quais está edificada com solidez a fé da Igreja, nossa Mãe, apoiada no alicerce seguro que é Cristo Senhor.

E vós o recebestes e o proferistes, mas deveis tê-lo sempre presente na mente e no coração, deveis repeti-lo nos vossos leitos, pensar nele nas praças e não esquecer durante as refeições; e, mesmo quando o corpo dorme, o vosso coração continue de vigília por ele"."

Fonte: Porta Fidei, Bento XVI, n.9

TRANSMITIR ÀS GERAÇÕES FUTURAS A FÉ EM DEUS PAI, FILHO E ESPÍRITO SANTO

"Tempo de graça espiritual que o Senhor nos oferece, comemorar o dom precioso da fé.

Intensificar-se a reflexão sobre a fé, para ajudar todos os crentes em Cristo a tornarem mais conscientes e revigorarem a sua adesão ao Evangelho, sobretudo em um momento de profunda mudança como este que a humanidade está vivendo.

Teremos oportunidade de confessar a fé no Senhor Ressuscitado nas nossas catedrais e nas Igrejas do mundo inteiro, nas nossas casas e no meio das nossas famílias, para que cada um sinta fortemente a exigência de conhecer melhor e de transmitir às gerações futuras a fé de sempre.

Tanto as comunidades religiosas como as comunidades paroquiais e todas as realidades eclesiais, antigas e novas, encontrarão forma de fazer publicamente profissão do CREDO."

fonte: Porta Fidei, Bento XVI, n.8

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

"CARITAS CHRISTI URGET NOS - O AMOR DE CRISTO NOS IMPELE" ( 2 Cor 5,14)

"Caritas Christi urget nos - o amor de Cristo nos impele" (2 Cor 5,14): é o amor de Cristo que enche os nossos corações e nos impele a evangelizar.

Hoje, como outrora, Ele envia-nos pelas estradas do mundo para proclamar o seu Evangelho a todos os povos da terra (cf. Mt 28,19).


Com o seu amor, Jesus Cristo atrai a Si os homens de cada geração: em todo o tempo, Ele convoca a Igreja confiando-lhe o anúncio do Evangelho, com um mandato que é sempre novo.


Por isso, também hoje é necessário um empenho eclesial mais convicto a favor de uma nova evangelização, para descobrir de novo a alegria de crer e reencontrar o entusiasmo de comunicar a fé.


Na descoberta diária do seu amor, ganha força e vigor o compromisso missionário dos crentes, que jamais pode faltar.


Com efeito, a fé cresce quando é vivida como experiência de um amor recebido e é comunicada como experiência de graça e de alegria.


A fé torna-se fecundos, porque alarga o coração com a esperança e permite oferecer um testemunho que é capaz de gerar: de fato, abre o coração e a mente dos ouvintes para acolherem o convite do Senhor a aderir à sua Palavra a fim de se tornarem seus discípulos.


Os crentes - atesta Santo Agostinho - "fortificam-se acreditando".


O santo Bispo de Hipona tinha boas razões para falar assim.


Como sabemos, a sua vida foi uma busca contínua da beleza da fé enquanto o seu coração não encontrou descanso em Deus.


Os seus numerosos escritos, onde se explicam a importância de crer e a verdade da fé, permaneceram até os nossos dias como um patrimônio de riqueza incomparável e consentem ainda a tantas pessoas à procura de Deus encontrarem o justo percurso para chegar à "porta da fé".


Por conseguinte, só acreditando é que a fé cresce e se revigora; não há outra possibilidade de adquirir certeza sobre a própria vida, senão abandonar-se progressivamente nas mãos de um amor que se experimenta cada vez maior porque tem a sua origem em Deus.



Fonte: Porta Fidei, Bento XVI, n. 7.


"Pelo batismo fomos sepultados com Ele na morte, para que, tal como Cristo foi ressuscitado de entre os mortos pela glória do Pai, também nós caminhemos numa vida nova" (Rm 6,4)

"O Ano da Fé é convite para uma autêntica e renovada conversão ao Senhor, único Salvador do mundo.

No mistério da sua morte e ressurreição, Deus revelou plenamente o Amor que salva e chama os homens à conversão de vida por meio da remissão dos pecados (cf. At 5,31).

Para o apóstolo Paulo, este amor introduz o homem numa vida nova:

"Pelo Batismo fomos sepultados com Ele na morte, para que, tal como Cristo foi ressuscitado de entre os mortos pela glória do Pai, também nós caminhemos numa vida nova" (Rm 6,4).

Em virtude da fé, esta vida nova plasma toda a existência humana segundo a novidade radical da ressurreição. Na medida da sua livre disponibilidade, os pensamentos e os afetos, a mentalidade e o comportamento do homem vão sendo pouco a pouco purificados  e transformados, ao longo de um itinerário jamais completamente terminado nesta vida.

A "fé, que atua pelo amor" (Gl 5,6), torna-se um novo critério de entendimento e de ação, que muda toda a vida do homem (cf. Rm 12,2; Cl 3,9-10/ Ef 4,20-29; 2 Cor 5,17).

Fonte: Porta Fidei, Bento XVI, n. 6, §2.


A IGREJA 'PROSSEGUE A SUA PEREGRINAÇÃO NO MEIO DAS PERSEGUIÇÕES DO MUNDO E DAS CONSOLAÇÕES DE DEUS', ANUNCIANDO A CRUZ E A MORTE DO SENHOR ATÉ QUE ELE VENHA. (1 Cor 11,26)

"A renovação da Igreja realiza-se também através do testemunho prestado pela vida dos crentes: de fato, os cristãos são chamados a fazer brilhar, com a sua própria vida no mundo, a Palavra de verdade que o Senhor Jesus nos deixou.

O próprio Concílio, na Constituição dogmática Lumen Gentium, afirma: " Enquanto Cristo, 'santo, inocente, imaculado' (Hb 7,26), não conheceu o pecado (cf. 2Cor 5,21), mas veio apenas expiar os pecados do povo (cf. Hb 2,17), a Igreja, contendo pecadores no seu próprio seio, simultaneamente santa e sempre necessitada de purificação, exercita continuamente a penitência e a renovação.

A Igreja 'prossegue a sua peregrinação no meio das perseguições do mundo e das consolações de Deus', anunciando a cruz e a morte do Senhor até que Ele venha (cf. 1Cor 11,26).

Mas é robustecida pela força do Senhor ressuscitado, de modo a vencer, pela paciência e pela caridade, as suas aflições e dificuldades tanto internas como externas, e a revelar, velada mas fielmente, o seu ministério, até que por fim se manifeste em plena luz".

Fonte: Porta Fidei, Bento XVI, n. 6, §1.

" A GRANDE GRAÇA DE QUE SE BENEFICIOU A IGREJA NO SÉCULO XX: O CONCÍLIO VATICANO II "

" Sob alguns aspectos, o meu venerado Predecessor viu este Ano como uma " consequência e exigência pós-conciliar", bem ciente das graves dificuldades daquele tempo sobretudo no que se referia à profissão da verdadeira fé e da sua reta interpretação.

Pareceu-me que fazer coincidir o início do Ano da Fé com o cinquentenário da abertura do Concílio Vaticano II poderia ser uma ocasião propícia para compreender que os textos deixados em herança pelos Padres Conciliares, segundo as palavras do Beato João Paulo II, "não perdem o seu valor nem a sua beleza.

É necessário fazê-los ler de forma tal que possam ser conhecidos e assimilados como textos qualificados e normativos do Magistério, no âmbito da Tradição da Igreja.

Sinto hoje ainda mais intensamente o dever de indicar o Concílio como a grande graça de que se beneficiou a Igreja no século XX: nele se encontra uma bússola segura para nos orientar no caminho do século que começa".

Quero aqui repetir com veemência as palavras que disse a propósito do Concílio poucos meses depois da minha eleição para Sucessor de Pedro: " Se o lermos e recebermos guiados por uma justa hermenêutica, o Concílio pode ser e tornar-se cada vez mais uma grande força para a renovação sempre necessária da Igreja".

Fonte: Porta Fidei, Bento XVI, n. 5.



ANO DA FÉ - CINQUENTENÁRIO DA ABERTURA DO CONCÍLIO VATICANO II; VINTE ANOS DA PUBLICAÇÃO DO CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA; ASSEMBLÉIA GERAL DO SÍNODO DOS BISPOS ( A NOVA EVANGELIZAÇÃO PARA TRANSMISSÃO DA FÉ CRISTÃ )

" A luz de tudo isto, decido proclamar um Ano da Fé.

Este terá início a 11 de outubro de 2012, no cinquentenário da abertura do Concílio Vaticano II, e terminará na Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do universo, a 24 de novembro de 2013.


Na referida data de 11 de outubro de 2012, completar-se-ão também vinte anos da publicação do Catecismo da Igreja Católica, texto promulgado pelo meu predecessor, o Beato Papa João Paulo II, com o objetivo de ilustrar a todos os fiéis a força e a beleza da fé.

Esta obra, verdadeiro fruto do Concílio Vaticano II, foi desejada pelo Sínodo Extraordinário dos Bispos de 1985 como instrumento e serviço da catequese e foi realizado com a colaboração de todo o episcopado da Igreja Católica.


E uma Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos foi convocada por mim, precisamente para o mês de outubro de 2012, tendo por tema A nova evangelização para transmissão da fé cristã.

Será uma ocasião propícia para introduzir o complexo eclesial inteiro num tempo de particular reflexão e redescoberta da fé.

Não é a primeira vez que a Igreja é chamada a celebrar um Ano da Fé.

O meu venerado Predecessor, o servo de Deus Paulo VI, proclamou um semelhante, em 1967, para comemorar o martírio dos apóstolos Pedro e Paulo no décimo nono centenário do seu supremo testemunho.    

Idealizou-o como um momento solene, para que houvesse, em toda a Igreja, 'uma autêntica e sincera profissão da mesma fé'; quis ainda que esta fosse confirmada de maneira 'individual e coletiva, livre e consciente, interior e exterior, humilde e franca'.

Pensava que a Igreja poderia assim retomar "exata consciência da sua fé para reavivar, purificar, confirmar, confessar".

As grandes convulsões que se verificaram naquele Ano tornaram ainda mais evidente a necessidade de uma tal celebração.

Esta terminou com a Profissão de Fé do Povo de Deus, para atestar como os conteúdos essenciais, que há séculos constituem o patrimônio de todos os crentes, necessitam ser confirmados, compreendidos e aprofundados de maneira sempre nova para dar testemunho coerente deles em condições históricas diversas das do passado.

Fonte: Porta Fidei, Bento XVI, (n. 4)

  

  



"TRABALHAI, NÃO PELA COMIDA QUE PERECE, MAS PELA QUE DURA ATÉ A VIDA ETERNA, QUE O FILHO DO HOMEM VOS DARÁ...QUE FAREMOS PARA PRATICAR AS OBRAS DE DEUS? ... 'A OBRA DE DEUS É ESTA: QUE CREIAIS NAQUELE QUE ELE ENVIOU" (Jo 6, 27-29)

"Não podemos aceitar que o sal se torne insípido e a luz fique escondida (cf. Mt 5,13-16).

Também o homem contemporâneo pode sentir de novo a necessidade de ir como a samaritana ao poço, para ouvir Jesus que convida a crer n'Ele e a beber na sua fonte, donde jorra água viva (cf. Jo 4,14).

Devemos readquirir o gosto de nos alimentarmos da Palavra de Deus, transmitida fielmente pela Igreja, e do Pão da Vida, oferecidos como sustento de quantos são seus discípulos (cf. Jo 6,51).

De fato, em nossos dias ressoa ainda, com a mesma força, este ensinamento de Jesus: " Trabalhai, não pelo alimento que desaparece mas pelo alimento que perdura e dá a vida eterna" (Jo 6,27).

E a questão, então posta por aqueles que O escutavam, é a mesma que colocamos nós também hoje; " Que havemos nós de fazer para realizar as obras de Deus?" (Jo 6,28).

Conhecemos a resposta de Jesus: "A obra de Deus é esta: crer n'Aquele que Ele enviou" (Jo 6,29).

Por isso, crer em jesus Cristo é o Caminho para poder chegar definitivamente à salvação.

Fonte Porta Fidei, Bento XVI, (n.3)

"A IGREJA, NO SEU CONJUNTO, E OS PASTORES, NELA, COMO CRISTO DEVEM PÔR-SE A CAMINHO PARA CONDUZIR OS HOMENS PARA FORA DO DESERTO, PARA LUGARES DA VIDA, DA AMIZADE COM O FILHO DE DEUS, PARA AQUELE QUE DÁ A VIDA, A VIDA EM PLENITUDE" Bento XVI.

"Desde o princípio do meu ministério como sucessor de Pedro, lembrei a necessidade de redescobrir o caminho da fé para fazer brilhar, com evidência sempre maior, a alegria e o renovado entusiasmo do encontro com Cristo.

Durante a homilia da Santa Missa no início do pontificado, eu disse: 'A Igreja, no seu conjunto, e os Pastores, nela, como Cristo devem pôr-se a caminho para conduzir os homens para fora do deserto, para lugares da vida, da amizade com o Filho de Deus, para Aquele que dá a vida, a vida em plenitude'.

Sucede não poucas vezes que os cristãos sintam maior preocupação com as consequências sociais, culturais e políticas da fé do que com a própria fé, considerando esta como um pressuposto óbvio da sua vida diária.

Ora, um tal pressuposto não só deixou de existir, mas frequentemente acaba até negado.

Enquanto, no passado, era possível reconhecer um tecido cultural unitário, amplamente compartilhado no seu apelo aos conteúdos da fé e aos valores por ela inspirados, hoje parece que já não é assim em grandes setores da sociedade devido a uma profunda crise de fé que atingiu muitas pessoas.

Fonte: Porta Fidei, Bento XVI. (n.2)

"ALI CHEGADOS, REUNIRAM A IGREJA E CONTARAM QUÃO GRANDES COISAS DEUS FIZERA COM ELES, E COMO ABRIRA A PORTA DA FÉ AOS GENTIOS" (At 14,27)

A porta da fé (cf.At 14,27), que introduz na vida de comunhão com Deus e permite a entrada na sua Igreja, está sempre aberta para nós.

É possível cruzar este limiar, quando a Palavra de Deus é anunciada e o coração se deixa plasmar pela graça que transforma.

Atravessar aquela porta implica embrenhar-se num caminho que dura a vida inteira.

Este caminho tem início com o Batismo (cf. Rm 6,4), pelo qual podemos dirigir-nos a Deus com o nome de Pai, e é concluído com a passagem através da morte para a vida eterna, fruto da ressurreição do Senhor Jesus, que, com o dom do Espírito Santo, quis fazer participantes da sua própria glória quantos creem n'Ele (cf. Jo 17,22).

Professar a fé na Trindade - Pai, Filho e Espírito Santo - equivale a crer num só Deus, que é AMOR (cf.1 Jo 4,8):

o Pai, que na plenitude dos tempos enviou seu Filho para a nossa salvação; Jesus Cristo, que redimiu o mundo no mistério da sua morte e ressurreição; o Espírito Santo, que guia a Igreja através dos séculos enquanto aguarda o regresso glorioso do Senhor.

Fonte: Carta Apostólica sob forma de Motu proprio. PORTA FIDEI, (Bento XVI) Proclamação do ANO DA FÉ. 2012-2013.