O SENHOR TE CHAMA


"Gostaria de dizer àqueles e àquelas que se sentem longe de Deus e da Igreja, aos que têm medo ou aos indiferentes:
O Senhor também te chama para seres parte do seu povo, e o faz com grande respeito e amor!" EG, n.113.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Estudos - Batismo

CATEQUESE DE INICIAÇÃO CRISTÃ DE ADULTOS
PALESTRA – BATISMO
O BATISMO NOS FAZ FILHOS DE DEUS E MEMBROS DA IGREJA
INTRODUÇÃO:

"Depois de oitenta anos de paganismo, um ancião encontrou a luz da fé, se converteu e recebeu o batismo. Dois anos depois caiu gravemente enfermo; todos se deram conta de que tinha chegado para ele o momento da morte. Alguém lhe perguntou quantos anos tinha, e respondeu: Tenho só dois anos de vida. Ninguém encontrava explicação para sua resposta, mas o ancião acrescentou: Não é assim tão difícil de se entender, pois comecei a viver ao receber o batismo; minha vida antes disso é como se não existisse".

Este testemunho pode servir-nos para a introdução ao estudo do batismo, "sacramento da fé", "porta dos sacramentos", ou "porta da Igreja", como é chamado desde o início da Igreja, e para que saibamos dar a devida importância ao fato de termos sido batizados.

IDÉIAS PRINCIPAIS:

1. Os sacramentos da iniciação cristã

Os sacramentos da Iniciação Cristã são: o Batismo, que é o início da vida em Cristo; a Confirmação, que dá fortaleza e plenitude a esta vida, e a Eucaristia, que nos alimenta com o Corpo e o Sangue de Cristo para nos unir a Ele, transformando-nos até nos identificar-nos com Ele.

2. O Sacramento do batismo - Sentido do batismo

São Paulo explica que pelo batismo morremos ao pecado e ressuscitamos para a vida nova da graça (cf. Romanos 6,3-11). Esta realidade se entende mais facilmente quando o sacramento é administrado por imersão, que é o entrar e o sair da água, significando a morte e a ressurreição do Senhor. De fato, todos nós nascemos com o pecado herdado de nossos primeiros pais, e como conseqüência, privados da graça; mas Cristo nos livrou com sua morte e ressurreição. Sua morte nos limpa do pecado e nos faz morrer ao pecado; sua ressurreição nos faz renascer e viver a vida nova de Cristo. O batismo é o sacramento que aplica a cada batizado os frutos da Redenção, para que morramos ao pecado e ressuscitemos para a vida sobrenatural da graça.

3. O que é o batismo: Morte ao pecado, nascimento para vida nova em Cristo.

Quando Cristo enviou a seus Apóstolos por todo o mundo, disse- lhes: "Ide, pois, e fazei discípulos a todas as gentes, batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo" (Mateus 28,19). "O que crer e for batizado, será salvo; mas o que não crer, será condenado" (Marcos 16,16). O batismo é o sacramento instituído por Jesus Cristo, que nos faz seus discípulos e nos regenera para a vida da graça, mediante a ablução com água natural e a invocação das três Pessoas divinas. O batismo é o fundamento de toda a vida cristã, o pórtico da vida no espírito e a porta que abre o acesso aos outros sacramentos. Regeneração pela água e pelo Espírito (1Pd 3,21). A matéria deste sacramento é a ablução com água natural, e a forma são as palavras: "Eu te batizo em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo".

4. Os efeitos do batismo

a) Apaga o pecado original. O batismo perdoa e destrói o pecado original com o qual nascemos todos; quando aquele que é batizado é adulto, apaga também todos os pecados pessoais assim como a pena por eles devida, de tal maneira que se o recém batizado morresse, iria diretamente para o céu.

b) Infunde a graça santificante. Pelo sacramento do batismo Deus infunde na alma a graça santificante que é uma participação na natureza divina, junto com as virtudes teologais (fé, esperança e caridade) e os dons do Espírito Santo. Com estes dons a alma faz-se dócil e pronta aos impulsos do Espírito Santo. Pela graça, Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo estabelecem sua morada na alma, que é templo do Espírito Santo.

c) Confere caráter sacramental. O outro efeito do batismo é o caráter, ou seja, certo sinal espiritual e indelével, que explica o fato de que este sacramento só possa ser recebido uma vez. O caráter batismal configura a Cristo, dá uma participação em seu sacerdócio, capacita para continuar no mundo sua missão como fiéis discípulos seus, e nos distingue dos infiéis.

d) Incorpora a Jesus Cristo. Tanto a graça como o caráter são efeitos sobrenaturais do batismo, que nos unem a Cristo como se unem os membros do corpo com a cabeça. Cristo é nossa Cabeça e o caráter nos vincula a Ele para sempre, enquanto que a graça nos faz membros vivos.

e) Incorpora à Igreja. Pelo batismo nos convertemos em membros da Igreja, com direito a participar na Sagrada Eucaristia e a receber os demais sacramentos; sem ser batizado não se pode receber nenhum outro sacramento. A Igreja é o Corpo Místico de Cristo, e o batismo nos incorpora a Cristo, que é a Cabeça, e à seu Corpo, que é a Igreja.

5. Necessidade do batismo

O batismo é absolutamente necessário para a salvação, como declarou Nosso Senhor a Nicodemos: "Em verdade, em verdade te digo, que se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no Reino dos céus" (João 3,5).

Quando não é possível receber o sacramento do batismo, pode-se alcançar a graça para salvar-se pelo chamado batismo de desejo um ato de perfeito amor a Deus, ou a contrição dos pecados com o voto explícito ou implícito do sacramento e pelo batismo de sangue ou martírio, que é dar a vida por Cristo. Posto que quando crianças nascemos já com a natureza humana decaída e manchada pelo pecado original, é necessário que recebamos o batismo. É o maior presente que se lhes pode dar, já que desde este momento são "para sempre membros de Cristo, sacerdote, profeta e rei" (Ritual do Batismo).

6. Quem pode administrar o batismo

Normalmente, quem batiza é o pároco ou outro sacerdote ou diácono, com a permissão do pároco, mas em caso de necessidade qualquer pessoa pode fazê-lo. Dada a importância e a necessidade do batismo, Deus deu todas as facilidades na administração deste sacramento; e assim, inclusive, uma pessoa não batizada, com tal que tenha a intenção de fazer o que faz a Igreja e o faça corretamente, batiza de verdade. A razão está em que sempre é Cristo quem batiza, como observa Santo Agostinho: "Batiza Pedro? Cristo batiza. Batiza João? Cristo batiza. Batiza Judas? Cristo batiza".

7. Modo de administrar o batismo

Ao administrar o batismo se derrama água natural sobre a cabeça dizendo, com intenção de batizar: Nome..."Eu te batizo em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo". Na cerimônia do batismo existem diversos ritos, mas o essencial é o que já dissemos: derramar a água e, ao mesmo tempo, pronunciar as palavras.

8. Obrigações que o batismo impõe

Quando o batismo é administrado a crianças, respondem pelo neófito seus pais e padrinhos; mas o cristão adulto sabedor dos efeitos do sacramento na alma deve responder por si mesmo e estar firmemente disposto a viver como batizado. Esta resposta pode se concretizar em fazer atos explícitos de fé (recitando o Credo, por exemplo), propondo-se a guardar a Lei de Jesus Cristo e de sua Igreja e renunciando para sempre ao demônio e às suas obras, como se faz na Vigília Pascal, ao renovar as promessas do batismo.
Compromisso Missionário: Mt 28,19 - “Ide pois, fazei que todos os povos se tornem meus discípulos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”

9. Propósitos de vida cristã

• Agradecer a Deus o dom do batismo. Inteirar-se do dia em que foi batizado, e celebrá-lo.
• Nunca esquecer que o batismo impõe a exigência cristã de conservar a fé e crescer na vida da graça, cumprindo fielmente os mandamentos da lei de Deus e os da Igreja.
A vida de fé é um caminho a ser percorrido. É um compromisso de vida com a comunidade que os acolheu. Mas, é também a alegria de viver uma Vocação – Vocação de filhos de Deus. (Tt 3,4-5).

10. O batismo na economia da salvação

Prefigurado na Antiga Aliança e nova Aliança: Simbolismo da água como fonte de vida:
Mar vermelho – Ex 14,21: A saída dos israelitas (escravos) no Egito, conduzidos por Moisés. A tradição cristã considera este milagre como uma figura de salvação, e mais especialmente do batismo.

Arca de Noé – Gn 6,5s: O dilúvio.
Rio Jordão – Js 3,14: passagem de Josué e os israelitas pelas águas do Jordão conduzindo a Arca da Aliança.
Jesus se submeteu ao batismo destinado aos pecadores – Jo 1,25s; Mt 3,16-17.
Deus nos conhece e nos chama pelo nome – Is 43,1: “não temas, porque te resgatei, chamei-te pelo teu nome: tu és meu.”

A partir de Pentecostes, a Igreja administrou o batismo. E o batismo aparece ligado à fé em Jesus – At 16,31-33: Paulo e Silas com o carcereiro dos missionários – O carcereiro pergunta: “Que preciso fazer para ser salvo?” Paulo responde: “Crê no Senhor Jesus e serás salvo, Tu e tua casa” – [anunciavam a palavra; acolhia-os; lavava-os e batizava-os todos os da casa].

CELEBRAÇÃO: RICA PÁG 193
ORAÇÃO SOBRE A ÁGUA: Fontes do Senhor, bendizei o Senhor.
RENÚNCIA: Renuncio.
PROFISSÃO DE FÉ: Creio.
BANHO BATISMAL: por infusão – Nome:... “Eu te batizo...” – Amém.
UNÇÃO DEPOIS DO BATISMO: (óleo da salvação) – Amém.
VESTE BATISMAL: (Vida nova na graça). Amém.
ENTREGA DA LUZ: (Deus te tornou luz em Cristo) - Amém.

quarta-feira, 8 de junho de 2011


Verbum Domini – A PALVRA DE DEUS NA VIDA E NA MISSÃO DA IGREJA

Introdução: "Desejo assim indicar algumas linhas fundamentais para uma redescoberta, na vida da Igreja, da Palavra divina, fonte de constante renovação, com a esperança de que a mesma se torne cada vez mais o coração de toda a atividade eclesial." (n. 1)

Religião da Palavra, não do livro: "A fé cristã não é uma 'religião do Livro': o cristianismo é a 'religião da Palavra de Deus', não de 'uma palavra escrita e muda, mas do Verbo encarnado e vivo'." (7)

Tradição e Escritura: "É a Tradição viva da Igreja que nos faz compreender adequadamente a Sagrada Escritura como Palavra de Deus." (17)

Sagrada Escritura, inspiração e verdade: "A Sagrada Escritura é 'Palavra de Deus enquanto foi escrita por inspiração do Espírito de Deus'. Deste modo se reconhece toda a importância do autor humano que escreveu os textos inspirados e, ao mesmo tempo, do próprio Deus como verdadeiro autor." (19)

Deus escuta o homem: "É decisivo, do ponto de vista pastoral, apresentar a Palavra de Deus na sua capacidade de dialogar com os problemas que o homem deve enfrentar na vida diária. (...) A pastoral da Igreja deve ilustrar claramente como Deus ouve a necessidade do homem e o seu apelo." (23)

Exegese: "No seu trabalho de interpretação, os exegetas católicos jamais devem esquecer que interpretam a Palavra de Deus. A sua tarefa não termina depois que distinguiram as fontes, definiram as formas ou explicaram os processos literários. O objectivo do seu trabalho só está alcançado quando tiverem esclarecido o significado do texto bíblico como Palavra atual de Deus." (33)

Antigo Testamento e judaísmo: "A compreensão judaica da Bíblia pode ajudar a inteligência e o estudo das Escrituras por parte dos cristãos. (...) O Novo Testamento está oculto no Antigo e o Antigo está patente no Novo. (...) Desejo afirmar uma vez mais quão precioso é para a Igreja o diálogo com os judeus." (41/43)

Bíblia e ecumenismo: "Na certeza de que a Igreja tem o seu fundamento em Cristo, Verbo de Deus feito carne, o Sínodo quis sublinhar a centralidade dos estudos bíblicos no diálogo ecumênico, que visa a plena expressão da unidade de todos os crentes em Cristo." (46)

Traduções, serviço ao ecumenismo: "A promoção das traduções comuns da Bíblia faz parte do trabalho ecumênico. Desejo aqui agradecer a todos os que estão comprometidos nesta importante tarefa e encorajá-los a continuarem na sua obra." (46)

Escritura e Liturgia: "Exorto os Pastores da Igreja e os agentes pastorais a fazer com que todos os fiéis sejam educados para saborear o sentido profundo da Palavra de Deus que está distribuída ao longo do ano na liturgia, mostrando os mistérios fundamentais da nossa fé." (52)

A homilia: "É preciso que os pregadores tenham familiaridade e contato assíduo com o texto sagrado; preparem-se para a homilia na meditação e na oração, a fim de pregarem com convicção e paixão." (59)

Celebrações da Palavra de Deus: "Os Padres sinodais exortaram todos os Pastores a difundir, nas comunidades a eles confiadas, os momentos de celebração da Palavra. (...) Tal prática não pode deixar de trazer grande proveito aos fiéis, e deve considerar-se um elemento importante da pastoral litúrgica." (65)

Acústica: "Para favorecer a escuta da Palavra de Deus, não se devem menosprezar os meios que possam ajudar os fiéis a prestar maior atenção. Neste sentido, é necessário que, nos edifícios sagrados, nunca se descuide a acústica, no respeito das normas litúrgicas e arquitetônicas." (68)

Canto litúrgico: "No âmbito da valorização da Palavra de Deus durante a celebração litúrgica, tenha-se presente também o canto nos momentos previstos pelo próprio rito, favorecendo o canto de clara inspiração bíblica capaz de exprimir a beleza da Palavra divina por meio de um harmonioso acordo entre as palavras e a música. Neste sentido, é bom valorizar aqueles cânticos que a tradição da Igreja nos legou e que respeitam este critério; penso particularmente na importância do canto gregoriano." (70)

Atenção aos portadores de deficiência: "O Sínodo recomendou uma atenção particular àqueles que, por causa da própria condição, sentem dificuldade em participar ativamente na liturgia, como por exemplo os cegos e os surdos." (71)

A animação bíblica da pastoral: "O Sínodo convidou a um esforço pastoral particular para que a Palavra de Deus apareça em lugar central na vida da Igreja, recomendando que 'se incremente a pastoral bíblica, não em justaposição com outras formas da pastoral mas como animação bíblica da pastoral inteira'." (73)

Dimensão bíblica da catequese: "A atividade catequética implica sempre abeirar-se das Escrituras na fé e na Tradição da Igreja, de modo que aquelas palavras sejam sentidas vivas, como Cristo está vivo hoje onde duas ou três pessoas se reúnem em seu nome." (74).

Lectio Divina: "Nos documentos que prepararam e acompanharam o Sínodo, falou-se dos vários métodos para se abeirar, com fruto e na fé, das Sagradas Escrituras. Todavia prestou-se maior atenção à lectio divina, que 'é verdadeiramente capaz não só de desvendar ao fiel o tesouro da Palavra de Deus, mas também de criar o encontro com Cristo, Palavra divina viva'." (87)

Palavra de Deus e Terra Santa: "Os Padres sinodais lembraram a expressão feliz dada à Terra Santa: 'o quinto Evangelho'. Como é importante a existência de comunidades cristãs naqueles lugares, apesar das inúmeras dificuldades! O Sínodo dos Bispos exprime profunda solidariedade a todos os cristãos que vivem na Terra de Jesus, dando testemunho da fé no Ressuscitado." (89)

Anúncio e nova evangelização: "Há muitos irmãos que são 'batizados mas não suficientemente evangelizados'. É frequente ver nações, outrora ricas de fé e de vocações, que vão perdendo a própria identidade, sob a influência de uma cultura secularizada. A exigência de uma nova evangelização, tão sentida pelo meu venerado Predecessor, deve-se reafirmar sem medo, na certeza da eficácia da Palavra divina." (96)

Testemunho: "A Palavra de Deus alcança os homens através do encontro com testemunhas que a tornam presente e viva." (97)

Compromisso pela justiça: "A Palavra de Deus impele o homem para relações animadas pela rectidão e pela justiça, confirma o valor precioso aos olhos de Deus de todas as fadigas do homem para tornar o mundo mais justo e mais habitável." (100)

Direitos humanos: "Quero chamar a atenção geral para a importância de defender e promover os direitos humanos de toda a pessoa (...). A difusão da Palavra de Deus não pode deixar de reforçar a consolidação e o respeito dos direitos humanos de cada pessoa." (101)

Palavra de Deus e paz: "No contexto atual, é grande a necessidade de descobrir a Palavra de Deus como fonte de reconciliação e de paz, porque nela Deus reconcilia em Si todas as coisas (cf. 2 Cor 5, 18-20; Ef 1, 10): Cristo 'é a nossa paz' (Ef 2, 14), Aquele que derruba os muros de divisão." (102)

Palavra de Deus e proteção da criação: "O compromisso no mundo requerido pela Palavra divina impele-nos a ver com olhos novos todo o universo criado por Deus e que traz já em si os vestígios do Verbo, por Quem tudo foi feito (...). A arrogância do homem que vive como se Deus não existisse, leva a explorar e deturpar a natureza, não a reconhecendo como uma obra da Palavra criadora." (108)

Internet: "No mundo da internet, que permite que bilhões de imagens apareçam sobre milhões de monitores em todo o mundo, deverá sobressair o rosto de Cristo e ouvir-se a sua voz, porque, 'se não há espaço para Cristo, não há espaço para o homem'." (113)

Diálogo inter-religioso: "A Igreja reconhece como parte essencial do anúncio da Palavra o encontro, o diálogo e a colaboração com todos os homens de boa vontade, particularmente com as pessoas pertencentes às diversas tradições religiosas da humanidade, evitando formas de sincretismo e de relativismo." (117)

Diálogo e liberdade religiosa: "O respeito e o diálogo exigem a reciprocidade em todos os campos, sobretudo no que diz respeito às liberdades fundamentais e, de modo muito particular, à liberdade religiosa. Tal respeito e diálogo favorecem a paz e a harmonia entre os povos." (120).

Fonte: Verbum Domini- A Palavra de Deus na Vida e na Missão da Igreja.