Maria, Mãe de Jesus Cristo e de seus discípulos, tem estado muito perto de nós, tem-nos acolhido, tem cuidado de nós e de nossos trabalhos, amparando-nos, na dobra de seu manto, sob sua maternal proteção. Temos pedido a ela, como mãe, perfeita discípula e pedagoga da evangelização, que nos ensine a ser filhos em seu Filho e a fazer o que Ele nos disser. (cf. Jo 2,5).
A Virgem Maria é a imagem esplêndida da conformação ao projeto trinitário que se cumpre em Cristo. Desde a sua Concepção Imaculada até a sua Assunção, recorda-nos que a beleza do ser humano está toda no vínculo do amor a Trindade, e que a plenitude de nossa liberdade está na resposta positiva que lhe damos.
A piedade popular penetra delicadamente a existência pessoal de cada fiel e, ainda que se viva em uma multidão, não é uma "espiritualidade de massas". Nos diferentes momentos da luta cotidiana, muitos recorrem a algum pequeno sinal do amor de Deus: um crucifixo, um rosário, uma vela que se acende para acompanhar um filho em suas vitórias ou enfermidades, um Pai Nosso recitado entre lágrimas e sorrisos, um olhar entranhável a uma imagem querida de Maria, um sorriso dirigido ao Céu em meio a uma alegria singela.
É verdade que a fé que se encarnou na cultura pode ser aprofundada e penetrar cada vez mais na forma de viver de nossos povos. Mas isso só pode acontecer se valorizarmos positivamente o que o Espírito Santo já semeou. A piedade popular é "imprescindível ponto de partida para conseguir que a fé do povo amadureça e se faça mais fecunda". Por isso, o discípulo missionário precisa ser "sensível a ela, saber perceber suas dimensões interiores e seus valores inegáveis" (EN 48).
Quando afirmamos que é necessário evangelizá-la ou purificá-la, não queremos dizer que esteja privada de riqueza evangélica. Simplesmente desejamos que todos os membros do povo fiel, reconhecendo o testemunho de Maria e também dos santos, procurem imitá-los cada dia mais. Assim procurarão contato mais direto com a Bíblia e maior participação nos sacramentos, chegarão a desfrutar da celebração dominical da Eucaristia e viverão ainda melhor o serviço do amor solidário.
Encontramos a ternura e o amor de Deus no rosto de Maria. Nela vêem refletida a mensagem essencial do Evangelho. Nossa Mãe querida, faz sentir a seus filhos menores que eles estão na dobra de seu manto. Convida-nos a lançar as redes ao mundo, para tirar do anonimato aqueles que estão submersos no esquecimento e aproximá-los da luz da fé. Ela, reunindo os filhos, integra nossos povos ao redor de Jesus Cristo.
Maria, discípula e missionária.
A máxima realização da existência cristã como um viver trinitário de "filhos no Filho" nos é dada na Virgem Maria que, através de sua fé (cf. Lc 1,45) e obediência à vontade de Deus (cf. Lc 1,38), assim como por sua constante meditação da palavra e das ações de Jesus (cf. Lc 2,19.51), é a discípula mais perfeita do Senhor. Interlocutora do Pai em seu projeto de enviar o Verbo ao mundo para salvação humana, com sua fé Maria chega a ser o primeiro membro da comunidade dos crentes em Cristo, e também se faz colaboradora no renascimento espiritual dos discípulos. Sua figura de mulher libre e forte, emerge do Evangelho conscientemente orientada para o verdadeiro seguimento de Cristo. Ela viveu completamente toda a peregrinação da fé como mãe de Cristo e depois dos discípulos, sem estar livre da incompreensão e da busca constante do projeto do Pai. Alcançou, dessa forma, o fato de estar ao pé da cruz em comunhão profunda, para entrar plenamente no mistério da Aliança.
Com ela, providencialmente unida à plenitude dos tempos (cf.Gl 4,4), chega a cumprimento a esperança dos pobres e o desejo de salvação, concebendo, educando e acompanhando seu filho até seu sacrifício definitivo. Do alto da cruz, Jesus Cristo confiou a seus discípulos, representado por João, o dom da maternidade de Maria, que brota diretamente da hora pascal de Cristo: "E desse momento em diante, o discípulo a recebeu em sua casa" (Jo 19,27). Perseverando junto aos Apóstolos à espera do Espírito Santo
(cf. At 1,13-14), ela cooperou com o nascimento da Igreja Missionária, imprimindo-lhe um selo mariano que a identifica profundamente. Como mãe de tantos, fortalece os vínculos fraternos entre todos, estimula a reconciliação e o perdão e ajuda os discípulos de Jesus Cristo a se experimentarem como família, a família de Deus. Em Maria, encontramo-nos com Cristo, com o Pai e com o Espírito Santo, e da mesma forma com os irmãos.
Fonte: DA.
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