O SENHOR TE CHAMA


"Gostaria de dizer àqueles e àquelas que se sentem longe de Deus e da Igreja, aos que têm medo ou aos indiferentes:
O Senhor também te chama para seres parte do seu povo, e o faz com grande respeito e amor!" EG, n.113.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

MODELOS DE CATEQUESE DE INICIAÇÃO CRISTÃ


Nas condições atuais do Continente e da Igreja latino-americana e caribenha, é imperativo uma profunda renovação e atualização da catequese que incorpore dimensões essenciais, por muito tempo esquecidas.

Não obstante a renovação nascida do Concílio Vaticano II e das Conferências Gerais do Episcopado Latino-Americano, os antigos modelos continuam; eles não foram suficientes para ini8car na vida cristã, pois focam sua atenção exclusivamente no doutrinal, no sacramental e no moral, de modesarticulado, e limitam a catequese à idade infantil.

Os modelos que hoje requeremos são chamados sobretudo a assumir: A PALAVRA DE DEUS, lida em comunidade, como princípio fundante de toda catequese; a LEITURA contínua dos sinais de Deus na história; a propor a catequese de caráter MISSIONÁRIO; a opção clara a favor de processos de iniciação para quem o necessite; a dar atenção à catequese de adultos como modelo de toda catequese; o emprego de linguagen que nossa geração entenda; a prioridade do anúncio do querigma que convida à conversão (cf.Mc 1,15); a celebração alegre da fé, unida ao testemunho; e a profética opção preferencial pelos pobres.(GS 1).

Tudo isto propiciará a renovação das pessoas e o renascimento de comunidades marcadas pela conversão como eixo central do itinerário cristão. Nas palavras da Conferência de Puebla, trata-se de desencadear um processo para formar homens e mulheres "comprometidos pessoalmente com Cristo, capazes de comungar e de participar no seio da Igreja e dedicados ao serviço salvífico do mundo".

( Veja depois: Discípulos de Jesus a serviço do Reino de Deus )

CRITÉRIOS PARA A CATEQUESE DE INICIAÇÃO CRISTÃ

A catequese de Iniciação Cristã, entendida como formadora de discípulos, procura ser um itinerário pedagógico que permite que se aprenda a viver conforme a fé cristã. Esta catequese processual procura integrar todas as dimensões da pessoa, atender suas buscas e necessidades, avançando através de sucessivas etapas de caminho espiritual; caminho sempre singular, segundo as pessoas e os grupos.

Para realizar esta catequese, é necessário levar em consideração os seguintes critérios básicos:

* Cuidar da formação humana e psicossocial do catequista e do catequizando.

* Privilegiar o uso da sagrada Escritura.

* Situá-la no contexto comunitário e no contexto social, econômico, político, cultural e religioso da sociedade contemporânea.

* Fundamentá-la no querigma.

* Favorecer a conversão em um processo por etapas.

* Valorizar a relação entre catequese e celebração, privilegiando os sacramentos da iniciação.

* Acompanhar a busca do sentido da vida.

* Assumir uma clara dimensão diaconal, missionária e vocacional.

* Tudo isso exige formar um novo catequista.

( Veja na próxima postagem - Modelos de catequese de Iniciação cristã )

O PROCESSO DA INICIAÇÃO CRISTÃ


A Iniciação Cristã tem no catecumenato antigo um princípio de inspiração e um modelo ainda vigente, sobretudo por seu caráter processual e integrador. Na pastoral atual, temos numerosas ações que são valiosas em si mesmas, mas não onseguem se articular em um processo claro que desemboque em uma profunda adesão ao Senhor por meio da conversão, nem possuem uma autêntica inserção na comunidade cristã. São muitos os cristãos que não são membros vivos da igreja, nem são autênticos discípulos do Senhor. Por isso, é necessário optar mais decididamente pela criação de processos de iniciação para formar discípulos; algo não suficientemente exercitado em nossa pastoral.

Desde o Concílio Vaticano II, o Magistério atual tem nos convidado reiteradas vezes a retomarmos a inspiração catecumenal, adaptando este processo às diferentes idades, ambientes, realidades sócio-religiosas e culturais para responder aos desafios de um novo discipulado hoje.

Os diferentes processos adaptados devem ter em comum certas etapas do processo evangelizador que levam as pessoas a uma crescente adesão ao Senhor Jesus na Igreja. Segundo o Diretório Geral da Catequese 47-48, essas etapas são: Testemunho - Querigma - catequese - Vida Comunitária - Sacramentos - Missão, que costumam ser articulados em etapas: etapa de ação missionária, etapa de ação catecumenal, etapa de ação pastoral e de presença no mundo.

É possível dizer três coisas desse processo:

- São etapas que devem se cumprir nessa ordem para que haja lógica no amadurecimento da fé que a Igreja promove com seus filhos.

- Estas etapas não aontecem necessariamente de um modo linear, nem são circunstâncias em um tempo preciso; caracterizam-se melhor por serem dinâmicas, processuais e circulares. como são muitos os batizados não convertidos, uma catequese missionária prévia é necessária.

- Essas etapas permitem a criatividade de numerosos métodos para que sejam realizadas.

( Veja na nova postagem os critérios para a catequese de Iniciação Cristã )

A INICIAÇÃO CRISTÃ




A Iniciação Cristã e os discípulo


A Iniciação Cristã é, acima de tudo, obra de Deus; Ele é quem toma a iniciativa de chamar gratuitamente à salvação; o Ritual de Iniciação cristã de Adultos e o Catecismo da Igreja Católica apresentam a Iniciação Cristã como participação na natureza divina (cf. 2Pd 1,4). Na pedagogia catequética entendemos por Iniciação Cristã o processo prolongado no tempo, no qual o convertido recebe a instrução evangélica e se exercita para adequar sua vida ao estilo do Evangelho em fidelidade à iniciativa divina. Neste processo ele se introduz na vida nova do Senhor Ressuscitado pelo batismo, pela confirmação e pela eucaristia na comunidade eclesial e também no mundo.

Hoje, uma catequese de Iniciação Cristã necessita aprofundar os gestos e os passos do caminho de Jesus (cf.Jo 14,6). Ele viveu em obediência à vontade do Pai (cf.Hb 10,7-10; Jo 4,34), em uma opção radical e absoluta chamada Reino de Deus. Portanto, em nossos processos catequéticos, necessitamos recuperar a centralidade do Jesus histórico, o Deus encarnado que se fez pobre e sofredor por amor a nós, dedicado totalmente a construir o Reino de Deus.

Para iniciar o itinerário da formação do discípulo, muitas vezes se faz necessário um novo anúncio. Este permitirá que o batizado experimente Jesus vivo como Senhor e Salvador de toda a vida e doador do Espirito Santo e aprofunde, mediante a catequese e os sacramentos de iniciação, o crescimento na fé que coloca o crente em comunhão com Cristo e o introduz à comunidade eclesial. Sem este processo, cai-se na simples transmissão de uma sã e ortodoxa doutrina, mas que não penetra verdadeiramente no coração do crente.

Isto expõe a necessidade de uma formação integral e processual do discípulo: que responda ao tempo que se vive a partir de uma expressão de fé adulta e comprometida; que redescubra o sentido festivo da liturgia com oportunas celebrações da Palavra na utilização adaptada dos ritos do catecumenato; que integre a pessoa progressivamente na comunidade da Igreja como lugar de acolhida, de crescimento e de amadurecimento da vida cristã a serviço da evanglização e da transformação do mundo.

Além de ser bom, a Iniciação Cristã é também resposta, acolhida e conversão. É uma resposta educada e acompanhada na comunidade, por meio da catequese.

O QUERIGMA É UM ELEMENTO ESSENCIAL



O querigma é essencial no ser e na tarefa da Igreja: nada do que ela faz pode desviar do anúncio sempre novo de Jesus Cristo morto e ressuscitado (cf.1Cor 15,1-11).

A preocupação amplamente expressa pelos diferentes agentes de pastoral de reviver esta dimensão querigmática do ser e da tarefa da Igreja, manifesta claramente que, em nossa catequese, a ausência do querigma é um vazio de graves consequências que se manifestam na presença de uma grande massa de batizados não convertidos.

Este vazio do querigma motivou, em várias Igrejas, iniciativas fundamentais e sérios esforços para preenchê-lo. Há itinerários catequéticos sólidos e graduais que garantem uma progressiva valorização do batismo, tanto naqueles que não o receberam quando crianças, como naqueles que, depois de muito tempo de terem abandonado a Igreja redescobrem, pela graça de Deus, o valor de sua fé.

Alé, disso, ainda que pastoralmente estejamos conscientes do paulatino crescimento do neopaganismo com o conseqüente afastamento dos crentes, contudo existe a serena intuição de se orientar para comunidades cristãs numericamente menores, porém mais autênticas. O que importa não é tanto a quantidade de batizados, mas a qualidade dos cristãos; no entanto, a Igreja não pode se descuidar dos afastados. "os batizados nao evangelizados são os principais destinatários da Nova Evangelização".

É imperativo para todos os agentes de pastoral uma formação específica de tal maneira que o querigma não seja um enigma, cujo significado muitos desconhecem, nem saibam como transmiti-lo. Eles precisam de uma formação pedagógica séria e exigente que os ajude a transmitir o anúncio de Cristo com uma linguagem significativa e com uma nova expressão, de modo que o essencial do Querigma chegue com a mesma força salvadora ao coração do homem de hoje.

O querigma não pe somente uma etapa, mas o fio condutor de um processo que culmina na maturidade do discípulo de Cristo (cf. Ef 4,13); sem ele, outras etapas da evanglização estariam condenadas à esterilidade, sem corações verdadeiramente convertidos ao Senhor.

É necessário que as Igrejas locais adotem a ação missionária, o primeiro anúncio e o querigma como linha programética de seus planos pastorais visando a uma autêntica renovação de toda a pastoral, especialmente da catequese, porque "a renovação catequética deve se cimentar sobre esta evangelização missionária prévea" (DGC 62). Igualmente, elas precisam se preocupar em garantir que essa linha programática apareça nos subsídios para a catequese.

O QUERIGMA, ANÚNCIO DE JESUS CRISTO AO MUNDO ATUAL

Para uma nova disposição de fé, de esperança e de caridade dos católicos, a Iniciação Cristã que hoje a Igreja deseja recuperar tem como fundamento e ponto de partida uma instância oficial, com recursos humanos e materiais específicos: é o QUERIGMA, o anúncio alegre, direto e incisivo do Cristo vivo (cf.At 2,22-24;5,29-32).

Esta premissa que parece se repetir continuadamente nos textos atuais, certamente não é nem significa uma opção pastoral totalmente nova, mas é o centro da própria evangelização. O anúncio de Cristo vivo e a resposta de conversão de quem O acolhe é o que dá possibilidade de uma Iniciação Cristã verdadeira e de um crescimento contínuo na fé, pois as pessoas não se aprofundarão naquilo que nunca as motivou.

Por isso, a Igreja deve ter presente o querigma em todas as suas ações, para comunicá-lo àqueles a quem o convite é oficial e que devem se iniciar na fé cristã e, especialmente quando se dirige à grande massa de batizados não convertidos. Estes substancialmente desconhecem a pessoa e o anúncio de Jesus Cristo e, portanto, o que Ele significa em sua vida pessoal, eclesial e social. Há tamb´pem a necessidade de um anúncio missionário aos não cristãos, àqueles que depois serão iniciados no catecumenato batismal propriamente dito.

Se a evangelização se compromete também como uma ação educativa, não se pode deixar de educar e de acompanhar a conversão inicial - consequência do primeiro anúncio e do querigma - assim como a educação da conversão permanente na fé. É necessário formar o catequista para acompanhar estes processos, particularmente os de querigma e de Iniciação Cristã.

Não é fácil para nenhum pastor vislumbrar a maneira de empreender caminhos pastorais que facilitem erradicar o costume de nossos povos de procurar os sacramentos, desligados da vivência do Evangelho que dê sentido às suas vidas e às suas responsabilidades cotidianas. Lutar abertamente contra esta mentalidade mágico-sacramental é um desafio histórico difícil de vencer.

É necessário voltar a anunciar a Cristo em nossos ambientes. Sem dúvida, trata-se de uma urgência pastoral: ou anunciamos Jesus Cristo novamente ou o mundo já não será mais cristão.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Iniciação Cristã - Testemunho diálogo

A etapa da ação missionária inclui ações como o testemunho, a caridade, o serviço, a promoção humana, a presença transformadora no mundo, o diálogo, o primeiro anúncio e o querigma. Estes dois últimos visando à conversão a Cristo e à vinculação na Igreja. O primeiro anúncio e o querigma fazem parte do ministério da palavra; as demais ações pertencem ao ministério da diaconia, ainda que o querigma também acompanhe e se faça presente no momento da iniciação e da vida em comunidade. DGC 49.

O primeiro anúncio, teológica e pedagogicamente, é uma ação diferente e integrante da catequese de iniciação (DGC 61-62) pois seus propósitos, destinatários, linguagens e metodologias são diferentes. O primeiro anúncio e o querigma, na etapa da ação missionária, orientam-se para despertar o interesse pelo evangelho e a suscitar a conversão e a conduzir à vida comunitária e de serviço ao mundo. Por isso, a catequese é consequência do primeiro anúncio missionário e querigmático.

A prática, porém, indica que, desde o Diretório Catequético Geral publicado em 1971, como a Catechesi Tradendae, e no Diretório Geral para a Catequese pubicado em 1997, é preciso levar em consideração o fato de que, às vezes, a primeira evangelização não aocnteceu, tanto em relação às crianças, adolescentes e jovens, como em relação aos adultos. Por isso, a catequese não deve se preocupar somente em alimentar a fé, mas em despertá-la continuamente nas pessoas, abrindo-lhes o coração, preparando-as para uma adesão global a Jesus Cristo. Em outras palavras, a catequese deve desenvolver e cumprir tarefas missionárias e prévias à sua função propriamente iniciatória; o que é conhecido como catequese missionária. A catequese missionária se diferencia e não pode ser confundida e muito menos suprir a ação de primeiro anúncio, porque seus destinatários já possuem algum interesse pelo evangelho, enquanto que no primeiro anúncio esse interesse precisa ser despertado.

A Igreja tem a urgente tarefa de priorizar o diálogo e o testemunho para se aproximar da grande quantidade de batizados não convertidos e de cristãos que tem aumentado no atual contexto sócio-cultural.

A Igreja existe para evangelizar (Evangelli Nuntiandi), em particular o novo contexto cultural, marcado fortemente pelo pluralismo religioso, onde existem muitos valores, mas também situações como o agnosticismo e a evasão às grandes perguntas existenciais e no qual a Igreja deve acentuar o diálogo alegre e propositivo. Deste modo, aqueles que se sentem afastados de sua mensagem, poderão descobrir que a Igreja desperta neles perguntas esquecidas sobre o sentido da vida, abre-lhes novos horizontes, dando-lhes um testemunho convincente de fraternidade e de solidariedade; ao ser autenticamente dialogante, a Igreja não somente propõe e anuncia, mas, também escuta, aprende e se enriquece.

Com isso, a Igreja demonstra que se interessa efetivamente por todo ser humano e que os católicos se preocupam e desejam verdadeiramente que seus irmãos sejam felizes. No fundo, para isso exige-se o testemunho coerente dado pelos discípulos já maduros, com ênfase na diaconia; de outro modo, não haverá possibilidade de que as pessoas afastadas se interessem sequer em escutar a respeito de Jesus e de seu Evangelho.

PRIMAZIA DA PALAVRA DE DEUS


A Palavra de Deus tm uma primazia insubstituívl na vida da Igreja do discipulado cristão; é fonte primordia de sua identidade. No contato assíduo e permanente com ela o discípulo confronta sua vida e vai se descobrindo como filho de Deus, irmão dos outros e Senhor do universo. (Puebla 322). É o que nos diz a própria Sagrada Escritura: A tua Palavra é luz para os meus pés, luz para meu caminho. (Sl.119,105) .

A Palavra de Deus, que se fez carne em Jesus de Nazaré (cf. Jo1,14), expressa-se normativamnte na Sagrada Escritura, é vivenciada e transmitida na Tradição; faz-se presente, é compartilhada e celebrada em comunidades de discípulos. A proximidade e reacionamento com a Palavra de Deus provocam no crente as mesmas atitudes e sentimentos de Cristo Jesus (Fl 2,5): escuta, disponibilidade, compaixão, humildade. Ela o torna autêntico discípulo (Mt 10,1).

A Palavra de Deus é critério supremo do encontro existencial com a pessoa de Jesus Cristo vivo, cujo Mistério Pascal interpela a vida do discípulo em seu ser, em sua relação, em seu agir e em seu desempenho nos diversos âmbitos da vida.

A Palavra inspirada convida a viver uma atitude contemplativa na história, nos sinais da presença de Jesus (Jo 5,39), nos sacramentos e na vida das pessoas, especialmente nos pobres (Mt 25,31-46). Ela se faz presente na dimensão celebrativa que o discípulo realiza em comunidade (Dei Verbum) e o conduz a uma compromisso transformador e de presença no mundo.

Isto nos leva a assumir a Palavra como critério de leitura e de interpretação da reaidade onde os conflitos, as contradições, a problemática, os desejos e os desafios exigem do discípulo uma atitude de sabedoria para descobrir o projeto de Deus na realidade que nega este desígnio de muitas formas. Para o discípulo, olhar a realidade à luz da Palavra é um imperativo que brota do seguimento de Jesus.

A Igreja anuncia a Palavra de Deus esta se converte em resposta de fé para quem a acohe. Por isso, a Palavra de Deus estimula o discípulo não só a ser ele mesmo, mas a formar homens e mulheres novos, conforme a Jesus Cristo. (Fl 3,10), obedientes ao Espírito, testemunhas e construtores de uma nova sociedade justa e solidária. A leitura orante da bíblia tem ajudado as pessoas a entrar em comunhão com Deus, a ler a história e a realidade do povo à luz da fé e a organizar comunidades fé e de compromisso de trasnformação evangélica da sociedade.