O SENHOR TE CHAMA


"Gostaria de dizer àqueles e àquelas que se sentem longe de Deus e da Igreja, aos que têm medo ou aos indiferentes:
O Senhor também te chama para seres parte do seu povo, e o faz com grande respeito e amor!" EG, n.113.

segunda-feira, 15 de maio de 2017

HISTÓRIA DA SALVAÇÃO - CATEQUESE - ENCONTRO DE CATECUMENATO/CRISMA - INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ

HISTÓRIA DA SALVAÇÃO NO CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA - CIC

HISTÓRIA DA SALVAÇÃO (História sagrada)

Anjos na história da salvação
§332 Eles aí estão, desde a criação e ao longo de toda a História da Salvação, anunciando de longe ou de perto esta salvação e servindo ao desígnio divino de sua realização: fecham o paraíso terrestre, protegem Lot, salvam Agar e seu fi1ho, seguram a mão de Abraão, comunicam a lei por seu ministério, conduzem o povo de Deus, anunciam nascimentos e vocações, assistem os profetas, para citarmos apenas alguns exemplos. Finalmente, é o anjo Gabriel que anuncia o nascimento do Precursor e o do próprio Jesus.

Início da história da salvação
§280 A criação é o fundamento de "todos os desígnios salvíficos de Deus", "o começo da história da salvação", que culmina em Cristo. Inversamente, o mistério de Cristo é a luz decisiva sobre o mistério da criação; ele revela o fim em vista do qual, "no princípio, Deus criou o céu e a terra" (Gn 1,1): desde o início, Deus tinha em vista a glória da nova criação em Cristo.
§1080 Desde o começo, Deus abençoa os seres vivos, especialmente o homem e a mulher. A aliança com Noé e com todos os seres animados renova esta bênção de fecundidade, apesar do pecado do homem, por causa do qual a terra é "amaldiçoada". Mas é a partir de Abraão que a bênção divina penetra a história dos homens, que caminhava para a morte, para fazê-la retomar à vida, à sua fonte: pela fé do "pai dos crentes" que acolhe a bênção, inaugura-se a história da salvação.

Israel na história da salvação
§431 Na História da Salvação, Deus não se contentou em libertar Israel da "casa da escravidão" (Dt 5,6), fazendo-o sair do Egito. Salva-o também de seu pecado. Por ser o pecado sempre uma ofensa feita a Deus, só ele pode perdoá-lo. Por isso Israel, tomando consciência cada vez mais clara da universalidade do pecado, não pode mais procurar a salvação a não ser na invocação do Nome do Deus Redentor.

Jesus recapitula a história da salvação
§430 Jesus quer dizer, em hebraico, "Deus salva". No momento da Anunciação, o anjo Gabriel dá-lhe como nome próprio o nome de Jesus, que exprime ao mesmo tempo sua identidade e missão. Uma vez que "só Deus pode perdoar os pecados" (Mc 2,7), é Ele que, em Jesus, seu Filho eterno feito homem, "salvará seu povo dos pecados" (Mt 1,21). Em Jesus, portanto, Deus recapitula toda a sua história de salvação em favor dos homens.

§668 CRISTO JÁ REINA PELA IGREJA... "Cristo morreu e reviveu para ser o Senhor dos mortos e dos vivos" (Rm 14,9). A Ascensão de Cristo ao Céu significa sua participação, em sua humanidade, no poder e na autoridade do próprio Deus. Jesus Cristo é Senhor: possui todo poder nos céus e na terra. Está "acima de toda autoridade, poder, potentado e soberania", pois o Pai "tudo submeteu a seus pés (Ef 1,20-22). Cristo é o Senhor do cosmo e da história. Nele, a história do homem e mesmo toda a criação encontram sua "recapitulação"' sua consumação transcendente

Liturgia e eventos da história da salvação
§1103 A anamnese. A celebração litúrgica refere-se sempre às intervenções salvíficas de Deus na história. "A economia da revelação concretiza-se por meio das ações e das palavras intimamente interligadas.(...) As palavras proclamam as obras e elucidam o mistério nelas contido." Na liturgia da palavra, o Espírito Santo "recorda" à assembleia tudo o que Cristo fez por nós. Segundo a natureza das ações litúrgicas e as tradições rituais das Igrejas, uma celebração "faz memória" das maravilhas de Deus em uma anamnese mais ou menos desenvolvida. O Espírito Santo, que desperta assim a memória da Igreja, suscita então a ação de graças e o louvor (doxologia).

APROFUNDANDO O TEMA

Paróquia São Gonçalo de Amarante
Iniciação à Vida Cristã - Jovens e Adultos
Catequista: Vera Oliveira.

HISTÓRIA DA SALVAÇÃO

A História da Salvação vai desde a Criação até a Parusia.

Os fatos narrados nos primeiros onze capítulos da Bíblia, advém de uma linguagem simbólica da qual a Santa Igreja retira ensinamentos fundamentais para nossa vida cristã.

A Criação é o fundamento de "todos os desígnios salvíficos de Deus", o "começo da história da salvação" que culmina em Cristo. pág 51 (Apostila IVIC - Catecumenato jovens e adultos).

a) As grandes etapas da história da salvação

O homem é um ser histórico. Sua característica fundamental é a capacidade de se relacionar, de se comunicar com os outros. Por isso, só percebe e aprende aquilo que se dá dentro da história e no coração dos vários processos de relação que ele vive: consigo mesmo, com o mundo que o cerca, com os outros, com o Deus que se revela.
O povo de Israel já percebeu que Deus se revelava no meio da história e não fora dela. Certos acontecimentos históricos não carregavam apenas o sentido que se podia perceber imediatamente, com os olhos, os ouvidos. Mas apontavam para além de si mesmos, para uma disposição e providência divinas. Assim, a presença de Deus é percebida pelo povo no meio de acontecimentos como a guerra, a vitória e a derrota, a passagem do Mar Vermelho e a libertação do Egito e o exílio. Ou melhor, onde outros só viam a guerra, a vitória, a derrota, um acaso ou uma fatalidade, o povo de Israel via a presença de seu Deus à frente e por dentro de todos estes fatos.
Vemos então que a Revelação de Deus é um horizonte a partir do qual se pode ler a história numa perspectiva de totalidade. Isso quer dizer que a história não decorre, para o povo de Israel, apenas das leis da necessidade. Para o povo de Israel, assim como para todo aquele ou aquela que tem fé, nada acontece por acaso. Mas tudo decorre e acontece perpassado por um SENTIDO maior que é o próprio Deus e que deixa suas pegadas e sinais no meio dessa mesma história.
Afirmar que Deus está presente na história e que é o Sentido maior dessa mesma história é afirmar que é coerente, justo e necessário comprometer-se na história, lutar pela justiça, a paz e a liberdade. Pois a história, sendo lugar de Revelação de Deus, nos fornece:

Ø  Um passado para referir e re-memorar e narrar;
Ø  Um presente para agir e transformar;
Ø  Um futuro para esperar, onde o novo e o imprevisível terão sempre um lugar, e onde poderemos reconhecer a Palavra d'Aquele que vem ao nosso encontro, nos fala e nos interpela.

Ora, estando ligada intimamente com a Salvação, a Revelação faz com que toda a história seja uma História de Salvação. Portanto, desde o começo, para o povo de Israel, não existem duas histórias:
Ø  Uma cronologia, profana, medida pelo tempo, com os episódios do dia a dia, onde os fatos se sucedem um após o outro, sem maiores ligações ou sentidos;
Ø  Outra transcendente, aonde o sentido de salvação está misteriosamente presente, misturando-se aos fatos menores do cotidiano.

Existe uma só história: a história de salvação, a história do amor de Deus que nos salva e da nossa resposta, que é sempre parcial e ferida pelo pecado.
Se quisermos entender melhor, podemos dizer que há uma só história, ainda que com dupla eficácia:

a) Nos fatos perceptíveis pelos sentidos humanos e no fio condutor e no sentido que só a fé e a experiência da fé conseguem captar. Deus nos ama, nos fala e nos salva, portanto, dentro da nossa história. Olhar para os fatos históricos cronológicos não nos “distrai” o olhar para enxergar o que Deus está fazendo por nós. O Deus que se revela na história não quer que saiamos da história para encontrá-Lo, mas pelo contrário, deseja mais do que nunca que mergulhemos nesta história para aí percebermos o Seu amor e a força que Ele nos dá para construirmos junto com Ele uma história melhor para toda a humanidade.

b) Assim é a história que está registrada na Bíblia. Primeiro houve a experiência do povo de Israel com seu Deus. Depois veio a necessidade e o desejo de registrar tudo isto por escrito. De tal maneira que hoje fazemos o percurso em outra ordem, mas vai resultar na mesma coisa: primeiro lemos o texto bíblico. E carregados com toda a nossa experiência, nos confrontamos com a experiência do povo da Bíblia, que é lição de vida para nós. E vamos também interpretar, com a ajuda da Bíblia, tudo que Deus vem fazendo em nossa vida e que vai nos "salvando", ou seja, nos libertando daquilo que nos impede de chegarmos mais perto dele.


A história da salvação narrada na Bíblia pelo povo de Israel tem algumas grandes etapas:

1) A etapa da promessa e da aliança: é a etapa onde Deus promete ser o Deus do povo e Israel promete ser o povo de Deus. Deus vai marcar a fidelidade à sua promessa fazendo Aliança explícita com o povo no Sinai, depois de tê-lo libertado do cativeiro no Egito. Esta aliança vai iluminar o presente do povo de Israel e vai também dar-lhe uma perspectiva para que ele leia tudo o que veio antes: a criação, o dilúvio, Noé e Abraão. E vai também ajudar o povo a entender o que vai vindo depois desta aliança selada e constituída: a longa caminhada pelo deserto, a conquista da terra, as idas e vindas do povo em termos de fidelidade e infidelidade.

Na Bíblia, é bom ler e reler. Os personagens principais desta primeira grande etapa da história da salvação são vários: Abraão, o pai da fé e modelo da relação com Deus; Moisés, o libertador do povo, o homem da intimidade com Deus, que recebe de Suas mãos o código da Aliança, o decálogo; os profetas, guias espirituais do povo, que interpretam os acontecimentos à luz da Revelação, deixando sempre a porta aberta para o futuro. Mas todos estes são simplesmente porta vozes de Deus, que é o grande personagem desta etapa da história, revelando-se no concreto encarnado e na história de luta e sofrimento, fidelidade e pecado do povo.

2) A etapa da realização e do cumprimento: Na plenitude dos tempos, após o povo de Israel ter passado por todas as vicissitudes que vimos acima e ter amadurecido sua relação com Deus, "Deus enviou seu Filho nascido de mulher" (Gal. 4,4). A realização e o cumprimento da promessa e da Aliança se dão em Jesus Cristo nascido de Maria. Ele é a realização da promessa. Ele é a Aliança feita carne. Isto quer dizer que depois de Deus ter se aproximado do povo, falado com ele através de seus porta-vozes e de seus líderes, Ele agora vai nos falar diretamente. Isto é que significa dizer que Deus se encarnou ou que sua Aliança se fez carne. Deus entrou na história como um de nós, na carne de Jesus de Nazaré, para poder nos dizer as coisas face a face, com as nossas palavras e para que nós pudéssemos ouvi-lo e vê-lo não através de outra pessoa, mas diretamente.

Jesus Cristo, a Aliança de Deus que se fez carne, vai ser a chave para entender tudo que veio antes dele e tudo que virá depois dele. Após a Revelação em Jesus Cristo, acreditamos que já não haverá outro momento fundante da Revelação que leve a uma interpretação radicalmente nova em relação àquela que já foi dada nele e por ele. Tudo que virá até a consumação da história humana não poderá superar a revelação de Deus em Jesus Cristo, mas deverá ser entendido à luz dela. Ele - Jesus Cristo - é o próprio Filho Amado do Pai e vem coroar a longa preparação profética do Antigo Testamento. O Novo Testamento o apresenta como plenitude da presença de Deus no mundo. Na visibilidade e na carne de Jesus manifesta-se a invisibilidade e a transcendência do Deus que "ninguém jamais viu". De maneira que só se conhece o Pai pelo e no Filho. Nele a Revelação chega à sua plenitude.

3) A etapa da consumação: Esta etapa não acrescenta nada ao que já foi revelado em Jesus Cristo, mas desvela e mostra plenamente a transparência total daquilo que foi revelado n'Ele. O véu não é levantado apenas parcialmente, como até aqui. Mas é levantado plenamente e o mistério pode descortinar-se em toda a sua glória. Embora haja uma continuidade inevitável entre a revelação histórica e a revelação da glória (ou seja, o que vai nos ser dito depois da morte não vai ser algo que não tem nada a ver com o que vivemos aqui mas será a plenitude do que já experimentamos aqui ainda com luzes e sombras), há também uma descontinuidade: na forma, na superação da transitoriedade e fragilidade da carne, na vitória sobre a morte, na ultrapassagem das categorias de tempo e espaço para dimensões além do tempo e além do espaço. E não é só cada um e cada uma de nós que vamos experimentar isto pessoalmente. Mas é a criação toda que espera essa plenitude da Revelação de Deus como processo coletivo, quando todas as coisas serão penetradas pelo Espírito de Deus, e Deus será tudo em todos. Aí a justiça e a paz se abraçarão, não haverá mais desigualdade que faz os seres humanos sofrerem porque Deus é que será visto e reconhecido como o Sentido de toda a realidade. Aí a criação será plenamente capaz de reconhecer o único senhorio de Jesus Cristo e a história será cheia e perpassada da presença do seu Espírito que renova continuamente todas as coisas.


b) A sinfonia da Revelação na Bíblia
O Deus da Revelação judaico-cristã é um Deus pessoal e único. Apesar de ser o Transcendente, o Infinito, o Imanipulável, se faz próximo, se relaciona, se comunica, dialoga e faz Aliança. A história desta Aliança com um povo (o povo de Israel) e com uma comunidade (a comunidade do Novo Testamento) que formam o conteúdo da Sagrada Escritura, este conjunto de livros que são a “norma non normata” da fé cristã.

No Antigo Testamento, a Revelação aparece como uma sinfonia pluriforme de diferentes tradições, diferentes gêneros literários e diferentes autores, que expressam juntos a mesma confissão de fé na mesma Aliança feita com o mesmo Deus.

ü  Assim, o discurso profético pronunciado “em nome de Deus” por um homem, o profeta, possuído pelo Espírito de Deus, aparece como uma voz dentro da voz, onde a linguagem humana se torna canal direto da Palavra (dabar) de Deus.

ü  O discurso narrativo faz com que o autor desapareça e os fatos se contem a si mesmos, fundem a comunidade e a libertem. A Revelação qualifica esses fatos em sua transcendência com relação ao curso ordinário da história.

ü  O discurso prescritivo é a dimensão prática da Revelação, expressão simbólica da vontade de Deus. Estando de alguma maneira incluída no gênero narrativo, a Lei é o aspecto de uma relação muito mais englobante do que a simples relação mandar-obedecer. É algo dinâmico, que expressa a ética de um povo livre, exigindo perfeição e reivindicando o querer.

ü  O discurso da Sabedoria fala da arte de bem viver, de um sentido especializado da verdadeira felicidade, que se dá mesmo nas situações-limite, ensinando a sofrer o sofrimento e assumir o pathos (a paixão livremente assumida).

ü  O discurso do hino e da celebração expressam o sentimento do povo pela presença de Deus, transcendendo as modalidades cotidianas do sentir humano.

A Revelação no Novo Testamento traz como elemento central a pessoa de Jesus Cristo. Todos os livros do NT são uma confissão de fé neste Cristo, figura que reúne em tensão dialética o Jesus histórico e o Senhor Exaltado à direita de Deus. A Revelação em Jesus Cristo é o cumprimento do sentido do agora, do hoje. Nele realizou-se já o desígnio de Deus e cumpriram-se Suas promessas. O decisivo é a presença de Jesus na história. Só desde aí se pode falar de um futuro, um fim, uma meta dos tempos, uma esperança fundada no fato de que Jesus já veio e que foi ressuscitado dos mortos. A Revelação em Jesus Cristo vem sob a forma da humildade, da pobreza e do serviço, no escândalo da cruz, experimentado por muitos como ocultamento de Deus. A confissão de fé de que este homem é o Filho de Deus abre para a continuação da obra de Jesus pelo Espírito Santo Paráclito, na Igreja e no mundo.