O SENHOR TE CHAMA


"Gostaria de dizer àqueles e àquelas que se sentem longe de Deus e da Igreja, aos que têm medo ou aos indiferentes:
O Senhor também te chama para seres parte do seu povo, e o faz com grande respeito e amor!" EG, n.113.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

4º Domingo do Tempo Comum - ANO C - 31.01.2010

31.01.2010
Leituras Jr 1,4-5.17-19;
Salmo 70(71), 1-4a.5-6ab.15ab.17;
1Cor 12,31-13,13;
Evangelho:Lc 4,21-30

"Porém, Jesus passando pelo meio deles, prosseguiu seu caminho". (Lc 4,30)

Situando-nos:
Neste domingo, páscoa semanal, continuamos a celebrar o mistério da manifestação de Jesus como Salvador de todos os filhos/as dispersos/as pelo mundo. Recordamos o dia em que Ele viveu a experiência de desprezo, de rejeição e expulsão de sua cidade, consequência de sua encarnação e de sua missão profética.

Somos chamados a acolher a salvação, como dom de Deus aberto a todos, como nos motiva a antífona de entrada: "Salvai-nos, Senhor nosso Deus, reuni vossos filhos dispersos pelo mundo para que clebremos o vosso santo Nome e nos gloriemos em vosso louvor. (Sl 105,4).

Com todos os povos e culturas celebremos o louvor de nosso Deus. Que Ele nos ê a coragem e a firmeza de Jesus, para não nos deixarmos abater pela hostilidade, pela rejeição ou por qualquer coisa que enfrequeça nossa missão de profetas, hoje.

Recordando a Palavra:

O evangelho de hoje repete o versículo final ouvido no 3º Domingo, narrando o acontecimento da sinagoga de Nazaré e lhe dá continuidade. Depois que leu o trecho de Isaías 61, Jesus diz: "Hoje realizou-se essa Escritura que acabastes de ouvir". Quem o ouvia se espantava com a graça que saia de sua boca e se perguntavam: "Não é o filho de José?".

Jesus tem consciência dos comentários e se lembra do provérbio: "Médico, cura-te a ti mesmo". Ele repete as provocações do povo de sua terra: "Faze em tua terra o que fizeste em Cafarnaum". Reconhece que nenhum profeta é bem recebido em sua pátria e lembra fatos da vida dos profetas Elias e Eliseu. As palavras de Jesus deixaram enfurecidos quem o ouvia; eles se levantaram, expulsaram Jesus e queriam preciptá-lo do alto da colina. "Porém, Jesus passando pelo meio deles, prosseguiu seu caminho".

O povo tem atitudes contraditórias neste acontecimento: ficam com os olhos fixos em Jesus, profundamente atentos enquanto ele proclama a profecia de Isaías. Testemunham e se espantam com as palavras cheias de graça que ele pronuncia. Reconhecem que ele é "um dos nossos": conhecido, vizinho, talvez parente e amigo. Por fim se enfurecem contra ele e querem matá-lo. Qual será o motivo de tanta fúria dos conterrâneos e contemporâneos de Jesus? Ele falava palavras de graça, mas era apenas o filho de José. Não pode ser o Messias porque é pobre e está aí no nosso meio. E o rejeiraram.

O povo compara a origem humilde de Jesus e a pretensão do programa de sua vida. O preconceito insinua que a importância e capacidade de uma pessoa são determinadas pela origem, berço familiar, profissão, parentesco, relações e categorias sociais: "O que se pode esperar de um operário de Nazaré?" (Mc 6,2-3; Jo 1,46; 7,27s). A palavra de Jesus no v.24 lembra um dito popular, conhecido por israelitas, gregos e romanos, mostrando que o destino de Jesus é o mesmo dos profetas (Jr 11,18-23) Nenhum profeta é bem recebido pela sua gente.

O povo, rejeitando Jesus, rejeitou também o "ano dagraça" que se concretizou em sua pessoa e ação. Descrevendo a reação do povo, a passagem se refere ao término da atividade de Jesus em sua terra.

O texto de Jeremias, localizado no ano 627 antes de Cristo, no tempo do rei Josias, apresenta a sua vocação profética, procurando explicar as raízes da sua atividade contraditória e desconcertante. Sua vocação de profeta parte de uma experiência da palavra de Deus que o ultrapassa e o chama à missão, antes que ele tomasse consciência, e antes mesmo de ter sido formado no ventre da mãe.

O chamado é destinação feita por Deus que precede, fundamenta e abarca toda existência. Ele era muito jovem quando recebeu a vocação. Com a força de Deus, o profeta não terá medo e enfrentará a força das nações, dos poderosos, reis, príncipes, sacerdotes e do próprio povo. Sua vida será uma luta constante, mas não será vencido porque Deus estava com ele para salvá-lo.

O Salmo 71(70) mostra Deus como o único que salva e liberta. Em m conflito mortal, é a Deus que se deve recorrer, na esperança de não ser envergonhado. Como Jeremias e Jesus que confiaram em Deus desde a juventude, o salmo suplica que o Senhor seja rocha e muralha sempre acessível. O Senhor é apoio desde o seio, desde as entranhas maternas é a parte radical do profeta.

A segunda leitura é um hino ao caminho do amor fraterno, correspondente à segunda parte da parábola do corpo, a que falava da solidariedade dos membros na unidade. Havia muita discórdia na comunidade de Corinto por causa de preferências, capacidades e desejo de se sobressair nos carismas que dão maior publicidade, Paulo mostra um caminho que ultrapassa a todos. É o caminho do amor, mandamento maior do Senhor Jesus, Para Paulo, é o amor-ágape que possibilita aos membros da Igreja trabalharem juntos visando o bem comum.

O hino divide-se em três partes: (1-3)superioridade do amor sobre tantos outros carismas; (4-7) O amor não é abstrato. Suas qualidades e obras são palpáveis; (8-13) O amor não tem fim, jamais passará, permanecerá, é perene. O amor é um mistério indefinível. Por isso 1João4,8 diz: "Deeus é Amor". Esse amor vem de Deus e existe em nós pelo fato de que Deus nos toma por filhos. Vindo de Deus, a Ele retorna: amando nossos irmãos, amamos o próprio Senhor. É o amor que Deus derrama sobre todas as pessoas e é o único amor, que tornado próprio dos cristão, pode construir uma humanidade sem barreiras.

Atualizando a Palavra

Jesus diz que HOJE se cumpriu a Palavra. Esse HOJE é o tempo de Deus na história humana. É o momento decisivo nda graça que marca o testemunho de vida de Jesus e é convite para que todos, ouvindo o projeto dele possam aceitá-lo, contnuá-lo ou rejeeitá-lo. A aceitação ou recusa de Jesus Cristo é aceitação ou recusa vitais, feitas no cerne da vida, mudando radicalmente o sentido de nosso ser e nossa prática. É atitude que envolve atos e se exprassa em palavras: jeito de ser, viver, celebrar, agir no mundo.

Muitas vezes sonhamos que Deus, por única ação de uma graça que nada exigisse de nós, renovasse o mundo: educasse nossos filhos, orientasse nossa juventude, unisse oa casais, tornasse justa a estrutura social, mudasse para verdadeiro e honesto o sistema político, reflorestasse as matas, despoluísse as águas, acabasse com a pobreza, o desemprego, o salário injusto... EEnfim que Deus criasse tudo de novo, mas sem nos incomodar, deixando-nos tranquilos com nossas devoções...

Porém, a graça não é dom paternalista de Deus, e sim a proposta de uma possibilidade. Cabe a nós transformarmos a possibilidade em realidade. Somos aliados de Deus na criação de nova Terra.

Nossa comunidade está entre os que aceitam Jesus Cristo e seu projeto, e consequentemente está se comprometendo com a transformação radical das estruturas deste mundo, ou nossas reuniões comunitárias são hipocrisias, ou seja, estamos, na realidade, expulsando e matando os profetas de hoje, e o próprio Jesus? Saímos de nossas celebrações, assemelhados com os homens de Nazaré, querendo precipitar Jesus do alto da colina?

No seguimento de Jesus, temos que fazer opção entre nossa vontade e a vontade de Deus, como aconteceu com Jeremias. Desde juventude, o profeta renunciou a si mesmo e se colocou contra as estruturas de sua época, na certeza de que esse era o chamado e a exigência de Deus. Que sejamos como Jeremias: sempre de prontidão. "cingido os rins", a túnica amarrada à cintura, desimpedidos para a ação que Deus ordena em sua bondosa sabedoria.

A comunidade que se compromete com Jesus deve ser capaz de deixar a competição, a busca de sucesso e autopromoção paa unir-se profeticamente nos serviços, nas lutas que tornam reais a arte de amar, a prática da justiça, dos direitos iguais, da solidariedade e partilha, do amor que é maior do que tudo e que jamis passará.


Fonte:
Subsídios CNBB
Projeto Nacional de Evangelização - nº 8
Roteiros Homiléticos do Tempo do Advento e Natal
Ano C 2009/2010

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