O SENHOR TE CHAMA


"Gostaria de dizer àqueles e àquelas que se sentem longe de Deus e da Igreja, aos que têm medo ou aos indiferentes:
O Senhor também te chama para seres parte do seu povo, e o faz com grande respeito e amor!" EG, n.113.

terça-feira, 16 de junho de 2015

Reflexão do Evangelho de São Mateus: 5,17-19; 5,20-26; 5,38-42; 5,43-48

Mt 5,17-19: “NÃO PENSEIS QUE VIM REVOGAR A LEI.” Não existe um cristianismo não religioso; uma religiosidade não moral. O Cristianismo é um fenômeno que está intimamente ligado a pessoa de Jesus: Ele é o modelo pronto para quem se propõe a ser cristão. Não podemos decidir sobre o que é bem ou mal, pois há um dado que nos precede através do qual nos definimos. A liberdade é o pressuposto para fazer o bem, mas não pode criar as normas de bem e mal. Há um jeito de viver que é adequado à relação com Jesus, que se inspira nEle e vive a partir da comunhão com Ele. A cultura está subordinada à verdade. O cristão vive da gratidão pela revelação, pois dela sabe que não é senhor, mas servidor.

Mt 5,20-26: “NÃO MATARÁS! EU, PORÉM, VOS DIGO[...].” A medida de Deus amar é sem medida. Ele nos convida a essa mesma aventura, à aventura do homem novo. Como não se encolerizar? O pecado de homicídio não nasce pronto – como de resto, nenhum pecado – é preciso evitar o primeiro passo em direção a ele: a cólera. Jesus indica alguns pontos concretos: facilitar para o irmão a reconciliação, indo-lhe ao encontro; não alimentar raiva e mágoas; não ser agressivo nas palavras. O Cristianismo, por natureza, é maximalista. É farisaico, por outro lado, identificar os limites para “escorregar o pé” até a divisória. Essa moral alta não é fruto do nosso esforço soberbo, mas de uma novidade de coração que somente o Espírito pode fazer em nós; depois, sim, vem o nosso esforço. O Cristianismo exige a moral da justiça que excede a dos fariseus, cujo parâmetro de justiça é a regra. Olhar o ponto mínimo é medíocre. Deus pede magnanimidade de coração e sentimentos. Perdoar sempre, amar sempre, amar mais, amar de modo a gerar vida em torno de nós. O Cristianismo não é remendo novo na roupa velha da moral rigorista.

Mt 5,38-42: “NÃO RESISTAIS AO HOMEM MAU.” Não deixar que o outro determine meus sentimentos e reação. Se devolvo o tapa, deixei que a maldade dele entrasse em mim. O outro não pode violentar meu interior, tenho que manter meu coração livre, a mente soberana e determinada pelo bem. O transbordar da bondade inibe a maldade, que perde sua força alimentada com o enfrentamento, com a reação proporcional ou superior à ação. Jesus propõe aos Seus discípulos ir além do princípio da "não violência". O que está em jogo não é só não enfrentar o malvado, é propor a ele uma medida de bem, antes desconhecida por ele. Em um mundo de disputa, há que abrir mão da briga e sugerir um plus do pretendido pelo opositor. Aqui são situações exemplares que Jesus indica, que trazem um espírito de magnanimidade, de generosidade, de convencimento de que o mal é alimentado com o enfrentamento no seu campo. Ele deve ser enfrentado no campo do bem. Temos aqui não um trilho, mas uma trilha para percorrer. Jesus nos dá um espírito, não uma regra. Em cada situação, será chamado em causa esta disposição. Pensemos no trânsito: não revidarmos um farol alto, não “pagarmos uma fechada” com outra; pelo contrário, a alguém afoito, dar-lhe a passagem; ao agressivo, mostrar mansidão.

Mt 5,43-48: “AMARÁS O TEU PRÓXIMO E ODIARÁS O TEU INIMIGO. EU, PORÉM, VOS DIGO [...].” Jesus não nos dispensa de amar os inimigos: amar a todos, amar por primeiro, amar concretamente! Que grande graça é ter um coração livre para amar! Ir além do amor concupiscente, aquele movido pelo gosto das simpatias - eis a meta! Como amar desse jeito? Deus ama assim; Jesus amou assim. Da cruz de Jesus vem nosso remédio e exemplo: imitemo-lO! Mas, antes, deixemos que Ele nos cure o coração cheio de beiras, de condições, de sentimentos doentios e limites mesquinhos. Ele, porém, só pode curar quem se reconhece doente e O busca com sinceridade e disposto a desnudar a ferida para mostrá-la a Ele. É possível amar mais! O amor verdadeiro é como água em planta, dá vida, faz produzir fruto. Ninguém está dispensado dessa aventura de amar a todos, de alargar o coração até as medidas divinas. Senhor, faça nosso coração semelhante ao Teu!
Fonte: Pe. José Otácio. O. Guedes

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