O SENHOR TE CHAMA


"Gostaria de dizer àqueles e àquelas que se sentem longe de Deus e da Igreja, aos que têm medo ou aos indiferentes:
O Senhor também te chama para seres parte do seu povo, e o faz com grande respeito e amor!" EG, n.113.

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Reflexão do Evangelho de Mt 8,1-22; Mt 16,13-19

Mt 8,1-4: “SE QUERES, TU PODES PURIFICAR-ME”. 


Quem pede a purificação é porque se reconhece impuro. No caso do leproso, tratava-se de uma enfermidade. Naquele “eu quero” de Jesus está nossa salvação. Ele se expõe para que sejamos purificados: Ele se torna impuro ao tocar o leproso. Jesus se fez pecado para nos salvar. O que é nossa salvação senão esse “eu quero” de Deus!? O leproso sabia que Jesus era poderoso (“tu podes”), agora experimenta que Ele é bom ("eu quero"). Jesus estende a mão e o toca. A ação é plástica. Quase podemos ver o movimento do braço que o alcança ali prostrado. A distância estabelecida entre o leproso e os sãos foi suprimida por Jesus. A oferta do leproso é testemunho também para nós, testemunho para que nos encorajemos e, se tivermos alguma enfermidade – todos somos in-firmus (não firme) –, que nos aproximemos dEle, do Seu Corpo e fiquemos ao alcance do Seu toque. Jesus, com a purificação, dá ao leproso a saúde, recupera lhe a possibilidade da relação social e a liberdade de poder ir ao templo.


Mt 8,5-17: “EM ISRAEL NÃO ACHEI ALGUÉM QUE TIVESSE TAL FÉ.” 


Em que atitudes aquele homem demonstrou tal fé, levando Jesus a admirar-se? Antes de tudo, ele reconhece que Jesus é ‘Senhor’, depositando nEle a confiança para aliviar as dores do seu servo. Mas o que se destaca é que ele se reconheça ‘não digno’ diante de Jesus. Nunca é demais afirmar que a salvação no Cristianismo é dom imerecido, para a qual nossas obras são desproporcionais e que pleitear algum retorno baseado no status é tentar a Deus. Essa indignidade não é por ser estrangeiro, mas por ser criatura. Quanto mais reconhecemos que não merecemos, mais percebemos a gratuidade de Deus e mais naturalmente nasce no coração o louvor a Ele. O louvor nasce quando os dons recebidos são apreciados como dádivas e não como pagamento. A fé que nos introduz na “mesa do Reino” é a fé desnudada do sentimento de autojustificação, e que vive de entrega confiante e obediente Àquele que “carrega nossas doenças”. Louvemos a Deus hoje, dando graças por tudo, pois esse é ótimo antídoto contra o mau humor causado pela sensação de que a vida é pouco generosa conosco. Por tudo dá graças, pois essa é a vontade de Deus a teu respeito em Cristo Jesus. Amém!


Mt 16,13-19: “TU ÉS PEDRO E SOBRE ESTA PEDRA EDIFICAREI A MINHA IGREJA.” 


Essa Palavra é cheia de promessas de Jesus. Ele aborda “sua” Igreja, uma comunidade que terá assegurada sua permanência; nem as forças do inferno podem conter a força do Evangelho. Como um rei que parte, Ele verifica se seu “general” tem as credenciais adequadas: a justa profissão de fé. Daí a pergunta: “E vós, quem dizeis que eu sou?”. A resposta adequada de Pedro faz com que o Rei possa confiar o que LHE é mais precioso, pois LHE custou a entrega da vida: Suas ovelhas, Sua Igreja. Essa Palavra é acolhida como um dos elemento fundantes da comunidade dos crentes. A nossa fragilidade não anula a promessa de Jesus - estava assim garantido que, sobre a rocha da profissão de fé de Pedro, se apoiaria a fé dos cristãos de todos os tempos. Se é verdade que é importante a experiência pessoal da fé – e de fato o é -, ela, porém, deverá sempre ser novamente verificada nos moldes da fé de Pedro. Louvemos a Deus pela fé recebida e rezemos por aquele que, na Igreja, tem a missão de nos confirmar na fé: o Papa e, com ele, os bispos.


Mt 8,18-22: “SEGUE-ME E DEIXA QUE OS MORTOS ENTERREM SEUS MORTOS.”

Poderá até enterrar o pai, mas não ‘primeiro’. O primeiro a fazer é seguir Jesus. Somente um coração livre poderá seguir Jesus aonde quer que ele vá. O coração humano tem um magnetismo que o atrai ao apego de segurança nas “coisas” ou nos afetos. É desumano o que Jesus pede? Ele pede o que Ele mesmo oferece: a liberdade interior. Usaremos melhor as “coisas” e amaremos melhor as pessoas, quando a relação com elas estiver no lugar certo em nossa vida; e esse lugar não é o primeiro. Jesus se encarrega de desatar-nos das amarras em que nos colocamos. O Cristianismo não é misantropo – ódio às pessoas -, mas sem uma medida de renúncia, passaremos a vida buscando nas criaturas o que elas não podem nos dar. Em algum momento, então, nós nos voltaremos contra elas. Em cada momento da nossa vida, essa Palavra pedirá algo diverso e mais profundo. A quem não custa o desapego? A vida cristã, porém, visa a libertar nosso coração para amarmos com liberdade e na liberdade dos filhos de Deus.
Fonte: Pe.José Otácio O.Guedes.


Nenhum comentário:

Postar um comentário