O SENHOR TE CHAMA


"Gostaria de dizer àqueles e àquelas que se sentem longe de Deus e da Igreja, aos que têm medo ou aos indiferentes:
O Senhor também te chama para seres parte do seu povo, e o faz com grande respeito e amor!" EG, n.113.

segunda-feira, 18 de março de 2013

"Em quem fitarei meu Olhar amoroso, senão ao menor dos pobres, naquele cujo coração está partido?"

O Deus dos pequenos

"Sou pobre e mendigo" (Sl 39,18).

Jesus quis ser o último dos pobres para poder estender a mão ao menor entre eles e dizer-lhe: "Sou teu irmão".
Em sua Vida, o Céu admirava um Deus que se tornara pobre por Amor ao homem, para ser seu modelo e ensinar-lhe o valor da pobreza. Não há, de fato, pobre que tenha nascido de modo mais miserável que o Verbo Encarnado, cujo berço foi a palha dos animais, cujo teto foi o abrigo do rebanho. Ao crescer, comeu do pão de cevada, pão do pobre, e em sua Vida evangélica viveu de esmolas até morrer numa penúria jamais igualada.

E eis que agora, ressuscitado, glorioso, toma ainda a pobreza por companheira; encontrando meio de honrá-la, de praticá-la e tornando-se, ao habitar por entre nós o seu Sacramento, ainda mais pobre que nos dias de sua Vida mortal.

Uma mísera igreja, pior talvez que a gruta de Belém, eis muitas vezes sua morada. Quatro tábuas, frequentemente carcomidas, eis seu Tabernáculo. Recorre à esmola dos sacerdotes, dos fiéis, para tudo, para a matéria do sacrifício, o pão, o vinho, a roupa que o deverá receber ou cobrir, os corporais, as toalhas de altar, pois do Céu só traz sua adorável Pessoa, seu Amor.

Os pobres não tem honras; Jesus não tem glória. Os pobres não tem defesa; Jesus está entregue a seus inimigos. Os pobres, poucos, ou nenhum, amigos têm; Jesus-Eucaristia os tem em pequeno número e para a maioria dos homens é um estranho, um desconhecido. Quão bela, quão amável é essa pobreza evangélica de Jesus!

Nosso Senhor pede-nos que, honrando em nós mesmo sua pobreza, a imitemos. Bem longe da perfeição estaríamos se imaginássemos que nos pede a pobreza temporal. Jesus visa mais alto. Quer que sejamos pobres em espírito. E que pobreza é esta? É o perfeito amor, a alma da verdadeira humildade.

A criatura, pobre em espírito, convencida de que nada é, nada tem, vê na sua pobreza seu mais alto, mais precioso qualificativo junto ao Coração de Jesus. Quanto mais pobre for, tanto maiores serão seus direitos à Bondade e Misericórdia divinas.

E notemos mais: à medida que o pobre aceita sua pobreza, coloca-se no lugar que lhe compete, pois somos nada e assim honrando mais o Deus, ao Criador, fá-lo-á maior e mais misericordioso.

Nosso Senhor, falando pela boca de um profeta, disse: "Em quem fitarei meu Olhar amoroso, senão no menor dos pobres, naquele cujo coração está partido?" É, portanto, em nossa pobreza, que tudo lhe  devolve, e na homenagem de tudo, que lhe prestamos, que Deus encontra sua glória.

Ele ama tanto os pobres em espírito que, despojando seus servidores, fá-los triunfar em virtude da própria pobreza. Paralisa-lhes a inteligência, estanca-lhes o coração, subtrai-lhes a doçura de sua graça e de sua paz; entrega-os às tempestades das paixões, ao furor dos demônios; oculta-lhes seu sol, isola-os de todo socorro e finalmente esquiva-se Ele mesmo, de certo modo, à sua criatura consternada. Que estado doloroso!

Doloroso, não sublime! Quanto mais lhe for arrancado, tanto maior será sua gratidão, como se se tratasse dum grande bem; quanto mais provado for, tanto maior será sua confiança na inesgotável Bondade de Deus. E quando o demônio lhe mostrar o inferno, quando seus pecados o acusarem e o condenarem, vede a grandeza desse pobre em espírito, exclamando: "Na verdade, o inferno seria para mim de justiça, nem seria bastante terrível, nem bastante vingador para os meus pecados, cometidos por malícia contra Vós, meu Criador e Pai. E, por merecer milhões de infernos, confio na vossa Infinita Misericórdia. E, por ser miserável, sou digno dela, e quanto mais miserável, mais digno sou. Sede justo para comigo neste mundo, ó meu Deus, eu vos agradeço, e muito, por me permitir saldar minhas dívidas. Mais ainda, Senhor, mereço mais ainda!

Que pode responder Deus a este pobre cheio de gratidão? Só poderá se declarar vencido, abraçá-lo, abrir-lhe seus tesouros e, mostrando-o, cheio de admiração, aos Anjos, exclamará: "Eis o homem que, na verdade, me glorificou".

Fonte: S.Pedro J.Eymard.Vl 1.

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