O SENHOR TE CHAMA


"Gostaria de dizer àqueles e àquelas que se sentem longe de Deus e da Igreja, aos que têm medo ou aos indiferentes:
O Senhor também te chama para seres parte do seu povo, e o faz com grande respeito e amor!" EG, n.113.

sábado, 8 de dezembro de 2012

Com a Imaculada Conceição Nossa Senhora participa na santidade e na graça da Igreja


Um privilégio 
que a torna mais humana

A Imaculada Conceição da Virgem não é mérito, mas «arbítrio» e favor divino, não é exigência e necessidade, mas «fantasia» e liberdade do Espírito Santo. Compreende-se este carisma de Maria na sucessão da criação do homem, que Deus decide idealizar a partir do seu Filho, da humanidade do Verbo feito homem. Por conseguinte, o «privilégio» da Imaculada Conceição, concedido em virtude dos méritos da cruz e já à imagem da Ressurreição, não afasta Maria da humanidade, mas torna-a agora mais próxima e mais ativamente vizinha: da sua existência, e antes de tudo da sua fé, passa o Filho de Deus salvador. Não a graça, mas o pecado torna hostis ao homem. 

Contudo, nos nossos dias, observa Michele Giulio Masciarelli, há uma espécie «de “dogma” laico, de proveniência iluminista, segundo o qual o homem só responde daquilo que faz intencionalmente. Este dogma laico é obedecido universalmente não obstante seja desmentido pelo fato da vida: com efeito, é também verdade que a existência do homem não passa só pela sua atenta previdência, pela sua Projetação precavida e talvez astuta: morte, doença, desgraças, inversões imprevistas, que se apresentam devastadoras e irreparáveis, são disto a confirmação incontestável. O cristianismo, com o mistério da Imaculada, contesta este dogma laico recordando a todos que não começamos por nós, nem como queremos, mas começamos pela vontade de outros, nascemos sem escolher nem de quem nem lugares e outras modalidades da existência. Maria, com este seu mistério, recorda não só aos cristãos, mas a todos que a vida do homem não passa sempre e só pelo seu livre assentimento: não foram pedidos a Maria nem o seu assentimento nem a colaboração para o seu nascimento imaculado».

Portanto, existe uma primazia da ação que não pode ser nem ignorada nem desencrementada, porque brota e remete para o desígnio providencial de Deus que tem a finalidade de libertar cada pessoa dos atilhos duros do individualismo egocêntrico incapaz de fazer seu o bem genuíno e inapto para captar o Outro e n'Ele os outros. O segredo da interioridade imensa de Maria é fazer a vontade de Deus.

Segundo o juízo humano, quem poderia crer que da mais perfeita de todas as criaturas humanas nos fosse contado tão pouco nas Escrituras? «Nenhuma obra por ela empreendida – escreve Antonio Rosmini – uma vida que o mundo cego classificaria de contínua falta de ação, e que Deus demonstrou que é a mais sublime, a mais virtuosa, a mais generosa de todas as vidas». «Assim fez muito mais Maria Santíssima, da qual se conhecem tão poucas ações, do que São Paulo com tantas fadigas e pregações». «Sendo a mais santa das criaturas puras – prossegue Rosmini – ela torna-se como o fim do mundo, depois de Cristo, e o fim da obra é aquilo que primeiro é concebido na mente do artífice». 
L’OSSERVATORE ROMANO
08.12.2012.

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