O SENHOR TE CHAMA


"Gostaria de dizer àqueles e àquelas que se sentem longe de Deus e da Igreja, aos que têm medo ou aos indiferentes:
O Senhor também te chama para seres parte do seu povo, e o faz com grande respeito e amor!" EG, n.113.

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Reflexão Evangelho Mc 10, 6-52; Mc 11,11-26; Mc 11,27-33; Mt 28,16-20; Mc 12,1-12

São Marcos Evangelista
Mc 10,46-52 "O cego jogou o manto, deu um pulo e foi até Jesus"

Marcos conservou o detalhe do cego ter jogado o manto, antes de ir até Jesus. Ao contrário do 'jovem' rico que não abriu mão das posses, vemos aqui alguém que abre mão de algo importante pra ele: o manto era a segurança dele, sua 'casa'. Estamos diante de um despojamento, um esvaziamento. Essa aventura que corre o risco da máxima frustração, chamamos cristianismo. A aposta é inerente à fé. Até que ponto era razoável ele abrir mão do manto? Pergunta sem sentido, quando do outro lado está passando a chance da vida: Jesus, o filho de Davi. A atitude de Bartimeu se tornou 'cânon' para as experiências sucessivas: o estilo 'Linus' de vida, apegado ao cobertor, não é ainda a resposta adequada da fé.

Mc 11,11-26: “COMEÇOU A EXPULSAR OS VENDEDORES.” 

Jesus está em Jerusalém. Começam os embates com os chefes do povo. A figueira estéril está ligada à esterilidade do templo como lugar de encontro com Deus. A casa de oração foi feita esconderijo de ladrões. O que roubam? Roubam a glória devida a Deus; roubam a esperança das pessoas a quem as promessas de Deus se dirigiam; roubam a chance das nações de conhecerem o Senhor e virem a Jerusalém adorar o Deus verdadeiro. E nós, que tipo de figueira somos? Como está nossa fé? Verifiquemos se realmente temos uma vida fecunda, se as pessoas saboreiam os frutos da nossa maturidade cristã. Não aconteça que Jesus venha e não encontre em nós, fruto, no momento em que Ele, no irmão, tenha fome. O que fazer? Conversão profunda, poda das folhagens infrutíferas. Se necessário, procuremos alguém que nos ajude nessa poda, passando em revista os hábitos de vida e o lugar que tem sido dado a Deus nela.

Mc 11,27-33: “COM QUE AUTORIDADE FAZES ESTAS COISAS?” 

Há perguntas que não são dignas de resposta, pois não buscam a verdade. Há perguntas que são capciosas, cujo intuito é expor o indagado, dando a conhecer sua fragilidade. Ligada à fé está a necessidade de conhecimento. Mas, atenção, o conhecimento de Deus que não traz consigo o desejo de adesão é estéril. Nas coisas de Deus não há espaço para curiosidade mórbida, conhecimento a fim de ter algum domínio, ou para vaidade – sentir-se acima dos outros. Na Palavra de hoje, vemos os maiorais perguntando a Jesus sobre Sua autoridade, no fundo sobre quem Ele era, mas para quê? A razão tem papel fundamental na fé, mas uma razão humilde, aberta a toda a verdade, sem determinação ideológica. Alguma ideologia todos temos, mas não podemos nos fechar à verdade. Devemos estar atentos também por quem nos deixamos formar nas coisas de Deus. Somos responsáveis pelos mestres que buscamos. Não é sincera busca da verdade escutar somente quem sabemos justifica nosso estilo de vida. Assim como Jesus não quis responder para aqueles homens mal intencionados, também nós ficaremos aquém dos mistérios de Deus se deles não nos aproximarmos com atitude crente e aberta à Sua totalidade.

São Mateus Evangelista
Mt 28,16-20 "Quando viram Jesus, prostraram-se diante dele. Ainda assim duvidaram". 

Mesmo tendo dúvidas, eles se prostram. Eles não exigiram a evidência para se prostrar. Era razoável que se prestassem: o Mestre havia marcado esse encontro na Galileia; as mulheres noticiaram o sepulcro vazio e a fala dos anjos. O que temos aqui? Homens crentes, mas que têm dúvidas. Gosto da imagem da dúvida do crente como as ondas que batem no rosto do náufrago; esse flutua sobre mar, amarrado num madeiro. Ele está suspenso, tendo o madeiro para se transportar. Diante da grandeza dos mistérios de Deus cabe a nós, criaturas, a gratidão pelo que foi revelado e a humildade da inteligência no processo de conhecimento. Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.

São Marcos Evangelista
Mc 12,1-12: “RESTAVA-LHE AINDA ALGUÉM: O FILHO AMADO.” 

Essa é uma Palavra de juízo, dirigida historicamente aos chefes do povo, mas que hoje nos chama à responsabilidade do que fazemos com o que recebemos de Deus. Somos arrendatários dos bens de Deus e devemos dar a parte dEle. Não somos autossuficientes, pelo contrário, temos que dar a Sua parte, pois a vinha não é nossa. O desfecho é que o dono, reprovando os arrendatários, “dará a vinha a outros”. A vinha é um dom, administrá-la é também um dom, não podemos dispor dela como nos convém. A vinha tem regras que nos precedem. A sequência dos servos enviados nos faz pensar na presença de várias pessoas que a Providência nos faz encontrar pelos caminhos da nossa vida e que nos despertam para revermos nossas escolhas, reprogramarmos nossas prioridades, endireitarmos nossa vida. Essa “parte dos frutos” que Deus nos pede identifica-se com nossa corresponsabilidade para com o próximo. A parte de Deus é a luz que doamos para o caminho dos outros, a energia que partilhamos com o próximo, o amor e o carinho que o outro redescobre a partir do modo como me coloco na relação com ele. Se vivo a justiça na relação com Deus, o próximo dela usufruirá, pois da adequada relação com Deus emana uma luz que a todos ilumina.
Fonte: Pe. José Otácio Oliveira Guedes.

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