O SENHOR TE CHAMA


"Gostaria de dizer àqueles e àquelas que se sentem longe de Deus e da Igreja, aos que têm medo ou aos indiferentes:
O Senhor também te chama para seres parte do seu povo, e o faz com grande respeito e amor!" EG, n.113.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

CATEQUESE E INICIAÇÃO PARA A VIDA CRISTÃ

Catequese e Iniciação para a Vida Cristã

“A gente quer ser feliz! Isso é bom, isso é correto. Pedir a ajuda de Deus. É importante, decerto, mas é preciso empenho, é necessário humildade, abertura, para aprender. Pois ser feliz se aprende, como a ler e escrever. Mas a escola é a vida, a tal arte de viver”. Maria das Graças

A catequese se depara com um desafio crescente: Os batizados chegam para a catequese e percebe-se que não foram devidamente evangelizados. Os catequizandos apresentam-se para a catequese sem o mínimo contato com Jesus Cristo, sem saber o básico da vida cristã. Isto ocorre porque talvez não foram verdadeiramente iniciados. Faltou-lhes uma iniciação mais sólida.

A catequese com adultos aparece hoje como prioridade na ação evangelizadora da Igreja, apresentando uma proposta de iniciação cristã, inspirada no catecumenato da Igreja primitiva.
Contudo é importante ressaltar que toda a catequese precisa ter essa inspiração catecumenal.

Os adultos não podem ser preparados aos moldes de uma catequese infantil, nem através de uma rápida preparação sem metodologia própria, sem um processo sistemático e organizado. É impensável que nossas comunidades continuem batizando jovens e adultos junto com crianças, utilizando até mesmo o Ritual de batismo de crianças.

Existe um ritual apropriado, o Ritual da iniciação cristã de adultos (RICA) especificamente para aqueles que não foram iniciados aos sacramentos e que necessitam de uma metodologia mais apropriada para viverem o itinerário de fé e de inserção na vida comunitária.

É urgente tratar do processo de iniciação cristã envolvendo anúncio, liturgia, serviço, comunhão (comunidade) e testemunho. O primeiro objetivo é a adesão à pessoa e mensagem de Jesus, através da mudança de vida, do engajamento na comunidade e no serviço ao próximo como testemunho cristão para o mundo. Os frutos da evangelização e da catequese são a conversão e o seguimento de Jesus Cristo.

O modelo de iniciação, que remonta aos primeiros séculos do cristianismo, é aquele no qual a recepção conjunta dos três sacramentos coloca-se entre uma fase de preparação chamada catecumenato e uma posterior de aprofundamento, a mistagogia (do grego, significa ser conduzido aos mistérios).
O Catecumenato caracteriza-se como processo progressivo de desenvolvimento da fé.

A iniciação produz uma passagem de um estado ao outro, de um modo de vida a outro. O modelo catecumenal faz a interação catequese-liturgia-conversão dos costumes. A catequese com adultos não é uma supérflua introdução na fé, nem um verniz ou um cursinho de admissão à Igreja.
É, sim, um processo; um itinerário de preparação, acolhimento e participação no mistério da fé, da
vida nova em Cristo e celebrada na Liturgia.

Hoje não se pode contar com uma sociedade religiosamente uniforme. Por isso, o processo da catequese com adultos pretende introduzir a pessoa na relação com o Deus de Jesus, acolher e inseri-la Gradativamente na vida da Igreja, proporcionando uma adesão fiel e duradoura a Jesus Cristo e sua mensagem. Esse objetivo vem de encontro à evangelização dos católicos não praticantes, que constituem o maior desafio que a Igreja no Brasil enfrenta, ao menos do ponto de vista quantitativo.

Catecumenato é uma palavra de origem grega que quer dizer “lugar onde ressoa alguma mensagem”. É a fase em que os candidatos se preparam para receber os sacramentos do batismo, da confirmação e eucaristia.

Desde o Concílio Vaticano II, ao dirigir sua atenção para a evangelização dos adultos a Igreja recuperou o catecumenato antigo para criar um processo de amadurecimento da fé. Em 6 de janeiro de 1972, foi promulgado o Ritual de Iniciação Cristã de Adultos (RICA), que constitui uma proposta para se fazer um itinerário de iniciação cristã, através de alguns ritos próprios para cada etapa.

A formação catecumenal, mais do que ser doutrinária, é enfocada como discipulado, através de um modo de ser e viver coerentes com a proposta de Jesus. É preciso escutá-lo, viver em comunidade e cumprir o mandamento principal: amar a Deus e ao próximo.


1. Iniciação Cristã
Senhor Jesus [...], livrai da morte os que buscam a vida através de vossos sacramentos [...], comunicai-lhes, pelo vosso Espírito vivificante, a fé, a esperança e a caridade [...].

(Ritual de Iniciação Cristã de Adultos, n. 178)

A Iniciação Cristã: constitui um itinerário ou caminhada de preparação para integrar novos membros na vida cristã de uma comunidade de fé. Ela é o processo pelo qual nos tornamos cristãos, mediante uma inserção global na vida de fé, eclesialmente expressa nos três sacramentos que assinalam e consagram o início da vida cristã: o batismo, a confirmação e a eucaristia.

O Batismo, a Crisma e a Eucaristia são os três sacramentos da Iniciação Cristã que compõem um itinerário para o mergulho completo e comprometido com o mistério pascal de Jesus Cristo.

A palavra itinerário (do latim iter) significa caminho. Antigamente, as pessoas se utilizavam de um itinerário, ou seja, de um roteiro de viagem para realizar um caminho adequado. Na simbologia da arte cristã, caminho pode ser entendido como o processo ativo do próprio andar, uma marcha, uma viagem.

O caminho de Jesus nos evangelhos sinóticos e o chamado dos discípulos vai se constituir um itinerário de discipulado. O ápice dessa simbologia é Cristo no testemunho que ele dá de si mesmo: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14,6). Jesus não é só o caminho, mas a meta do caminho, ou seja, a vida.

No livro dos Atos, encontramos a designação “ser do Caminho” (At 9,2; 24,14), indicando uma conduta em conformidade com Cristo. É no livro dos Atos dos Apóstolos que “O Caminho” foi um dos modos de chamar a Igreja como comunidade dos discípulos. “Os do Caminho” eram os discípulos!

Paulo dá testemunho de fé ao fazer sua defesa diante de seus acusadores, confessando antes ter sido perseguidor dos cristãos que assumiam este caminho: “Persegui até a morte este caminho (Atos 22,4) Sendo o espírito do Evangelho um movimento humano no mundo, um mover de gente, de pessoas; “O Caminho” implica numa adesão consciente e livre da fé em Jesus. Daí a razão de hoje se fazer um caminho de iniciação cristã que ofereça condições para testemunhar a fé na Igreja e no mundo.

Se a ação cristã no mundo não for um ato de fé testemunhada, pode patinar no patamar humano e cair na tentação do ter, poder e prazer, onde o homem tenta satisfazer suas próprias necessidades egoístas.

A iniciação catequética era, antes de tudo, litúrgica. Isto significa que o catecúmeno (do grego, significa aquele que ia ser iniciado) participava de celebrações litúrgicas, sobretudo da liturgia da Palavra da Missa e depois era ajudado a compreender a Palavra que lhe tocara o coração.
Quando amadurecido o suficiente, numa determinada noite da vigília pascal recebia os três sacramentos (Batismo-Crisma-Eucaristia: B - C - E), e continuava fielmente a participar da celebração da eucaristia, instaurando um processo permanente de assimilação do mistério da fé.
Assim, o mistério era experimentado continuamente, sobretudo na missa, e aprofundado por um desejo crescente e inesgotável do conhecimento de Deus.

Esta maneira de se deixar conduzir ao mistério pela celebração litúrgica e de fazer desta experiência explicitado o conteúdo da catequese é conhecida como “mistagogia”. A pessoa se deixa envolver pelo mistério celebrado que lhe toca o coração e, a partir disto, se entrega a uma sincera e substanciosa vontade de conhecer e discursar sobre o que a experiência de Deus lhe proporcionou na liturgia.

Na iniciação cristã, o elemento celebrativo é anterior ao discursivo. Primeiro se reza, e daí é que brota o interesse de se aprofundar o conteúdo da oração, fazendo rezar melhor ainda. É a oração que toca o nosso mundo afetivo e nos abre ao desejo do conhecimento de Deus. O contrário não funciona.


Falar-se teoricamente de uma realidade que não nos toca pode servir para um exame ou uma prova, mas não para uma iniciação na fé, que exige um envolvimento afetivo direcionado a uma entrega confiante e total.

Tal visão apóia-se na experiência da Igreja primitiva, cujo esquema básico foi resgatado pelo Ritual de Iniciação Cristã de Adultos (RICA), do Concílio Vaticano II: (catequese (catecumenato) – celebração dos sacramentos – mistagogia).

Hoje, ao contrário não só a ordem certa dos sacramentos de iniciação foi alterada (B - C - E para B - E - C), como também o processo mistagógico praticamente desapareceu. Muitos recebem os sacramentos hoje na Igreja e amanhã desaparecem, aniquilando todo o processo de iniciação cristã. Muitos não voltam porque não foram iniciados autenticamente.

Para sanar essa triste realidade que a catequese ainda assiste de muitos sumirem da Igreja depois de receber os sacramentos, vale abordar aqui a ligação intrínseca entre os sacramentos do batismo, da crisma e da eucaristia para que não se tornem sacramentos isolados.

Para celebrar os sacramentos como momento histórico da salvação é necessário fazê-lo com consciência. A prática sacramental atual necessita ser revista porque tem apresentado notáveis dificuldades, sobretudo, no campo da perseverança, o que pode indicar justamente a falta de mistagogia.

Este problema é antigo e está sempre de roupagem nova. O que no passado as devoções significaram em termos de tentativa de iniciação na fé, por causa de uma liturgia inexpressiva, agora são os novos movimentos eclesiais que tomam a dianteira do processo de iniciação. Porém, estes movimentos substancialmente iniciam para si mesmos, oferecendo aos seus membros um itinerário peculiar, que pode estar carregado dos mesmos aspectos devocionais do passado. As devoções, no entanto, são um fenômeno positivo, uma maneira de preencher a lacuna e o papel que a liturgia, em determinados períodos, não conseguiu desempenhar. Por isso, algumas devoções sempre subsistirão e irão compor com a liturgia o caminho de conduzir ao mistério.

Mas é preciso voltar às fontes da Iniciação Cristã e beber na mais pura Tradição o método que compromete a vida cristã de forma radical com Jesus Cristo e seu evangelho, em outras palavras, com o Reino de Deus já presente na história.

É importante saber que:
Iniciação Cristã não é sinônimo de instrução ou doutrinação.
Iniciação não é prática exclusiva de cristãos, as outras religiões também têm suas formas de iniciação.
Iniciação Cristã tem tudo a ver com caminho e comunidade (A comunidade é o lugar da iniciação cristã).

Vantagens da Iniciação Cristã:
Compreende a iniciação em função do itinerário espiritual a ser desenvolvido: CAMINHO.
Há um caminho feito por etapas, há um processo para entrar no mistério: CONVERSÃO.
Cresce-se no sentido de pertença, sendo incorporado em Cristo e na Igreja: COMUNIDADE.
Busca formar a consciência cristã, interagindo fé e vida, razão e fé: CONHECIMENTO.
Desenvolve-se a alegria pelo seguimento de Jesus e intimidade com Ele: ESPIRITUALIDADE.
Prepara-se não só para os sacramentos, mas para a vida de fé: MATURIDADE CRISTÃ.

2. Catecumenato
Catecumenato significa preparação para aqueles que vão ser iniciados na vida de fé. Sua prática se origina da Igreja primitiva (dos primeiros séculos) e o termo vem do grego catecúmenos e significa aquele que deve ser iniciado. O Ritual de Inicial Cristã diz: “O Catecumenato é um espaço de tempo em que os candidatos recebem formação e exercitam-se praticamente na vida cristã. Desse modo, adquirem madureza as disposições que manifestaram para o ingresso” (n. 19, RICA).

O catecumenato se constitui de uma série de ensinamentos (catequese) e práticas litúrgicas.
Ele é exercício de vida cristã e de prática evangélica que conduz à inserção gradual na vida da comunidade. Ele é uma etapa importante de todo o processo de iniciação cristã.

Vejamos suas vantagens:
O catecumenato comporta o anúncio da Palavra.
Na linguagem dos padres do séc. IV, ele é o “tempo da gestação”.
É tempo de formar-se e nutrir-se no seio da Mãe Igreja até ser regenerado pela água e pelo Espírito.
É o tempo apropriado para o crescimento da fé, o amadurecimento da conversão.
É período de contato e familiarização com a comunidade cristã.
Nele se revela a ação pastoral da Igreja constituída pela ampla catequese.
O catecumenato é uma espécie de iniciação de discípulos que descobrem um caminho.
Não é doutrinação, mas discipulado, um modo de ser e viver consoante ao de Jesus.
O Catecumenato primitivo na Igreja (séc. II-V) apresentava o seguinte esquema:

.. ETAPA MISSIONÁRIA
Fase do 1º anúncio de Jesus Cristo (fé e conversão). Querigma.
.. TEMPO DO CATECUMENATO
Fase de formação e orientação (instrução pela Palavra de Deus).
.. PREPARAÇÃO IMEDIATA
Iniciava na Quaresma, com instrução, formação espiritual, litúrgica e ritual.
.. CELEBRAÇÃO DOS SACRAMENTOS
Numa única celebração (Vigília Pascal) administrava-se os sacramentos do Batismo, Crisma e Eucaristia.
.. ETAPA MISTAGÓGICA
(do grego, mistagogia significa ser conduzido ao mistério).
Vivia-se todo o tempo pascal na Igreja saboreando os mistérios na participação ativa na comunidade e nos sacramentos.

Em 1972, foi promulgado o Ritual de Iniciação Cristã de Adultos (RICA), como fruto da reforma litúrgica conciliar. O RICA restaurou o catecumenato (período de preparação), a celebração conjunta dos três sacramentos de iniciação (B, C e E na vigília pascal) e contemplou a continuidade no período pós-pascal até Pentecostes (mistagogia).

Graças ao novo Ritual de Iniciação Cristã (RICA) encontramos um novo esquema que traça as seguintes etapas e tempos da Iniciação Cristã de Adultos:


INICIAÇÃO CRISTÃ DE ADULTOS
ETAPAS TEMPOS MOMENTOS
PRÉ-CATECUMENATO
(Anúncio evangélico, despertar a fé e a conversão)
e
CATECUMENATO
(Aprofundar a fé)
(1ª etapa)
ENTRADA OU ADMISSÃO NO CATECUMENATO
Tempo especial para o acolhimento:
1º momento: Evangelização
(Pré-Catecumenato)
.. Da evangelização brotam a fé e a conversão inicial. (Contato com os evangelhos)
2º momento: Catequese
(Catecumenato)
.. Rito de Instituição dos Catecúmenos.
.. Aprofundamento da fé.
.. Celebrações da Palavra, Exorcismos menores, bênçãos.
PURIFICAÇÃO e ILUMINAÇÃO
(2ª etapa)
ELEIÇÃO DOS CANDIDATOS
Tempo de intensa preparação espiritual:
Quaresma: tempo propício
Eleição dos candidatos
3 Escrutínios (solenemente celebrados aos domingos)
Entregas (do Símbolo da Fé e da Oração do Pai-nosso)
Preparação Imediata: Ritos
(Recitação do Símbolo, Éfeta, Escolha do nome cristão, unção com o óleo dos catecúmenos)
PURIFICAÇÃO E ILUMINAÇÃO SACRAMENTOS DE INICIAÇÃO CRISTÃ
(3ª etapa)
CELEBRAÇÃO DOS SACRAMENTOS
Tempo de aquisição de experiências e aprofundamento das relações com a comunidade:
.. Nova experiência dos sacramentos
(B - C - E)
Tempo pascal: tempo propício.
Mistagogia: iniciação aos mistérios.
A comunidade acolhe os neófitos
.. Pelo B, C e E, os neófitos crescem pela prática cristã, adquirem novo senso de fé, da Igreja e do mundo.
TEMPO DA MISTAGOGIA


De acordo com este esquema, o catecumenato contempla uma celebração que marca seu início. Os tempos e as etapas fundamentam o processo de uma conversão cada vez mais decidida para os valores da vida cristã. Cada etapa supõe uma resposta de adesão sempre mais consciente do candidato.

Ser iniciado é ser introduzido no mistério da fé e da Igreja. Por mais amadurecida que seja a fé, ela é sempre catecumenal, no sentido de que carece de crescimento e conversão.

No pré-catecumenato, a fé e a conversão iniciais servem para amadurecer a vontade sincera de seguir a Cristo e pedir o batismo. O princípio de conversão coincide com o desejo de mudar de vida e relacionar-se pessoalmente com Deus na oração.

É tempo de evangelização: anuncia-se o Deus vivo e Jesus Cristo. A pessoa é chamada a conhecer e a desejar viver com um sentido cristão, a aprender a conhecer a Cristo para poder segui-lo.

a) Rito de instituição dos catecúmenos

Após haver constatado algum resultado da primeira evangelização, celebra-se o rito de instituição dos catecúmenos, que é o rito de acolhida de catecúmeno na Igreja e faz do ser humano um cristão. Deve significar um relacionamento novo entre Deus e a pessoa pela mediação da Igreja, à qual o futuro batizado passa a pertencer. O rito transcorre em clima de alegria e ação de graças da Igreja.

O diálogo inicial mostra que o candidato pede à Igreja o dom da fé, virtude que deverá ser acompanhada sempre pela conversão. Não se trata de uma entrada individual, mas por meio da Igreja que se faz educadora e mãe.

O RICA (n. 83-87) estabelece a entrada no catecumenato com a assinalação da fronte e dos sentidos, sinal do amor de Deus e força para o seguimento. O sinal da cruz é feito na fronte e sobre os sentidos (ouvidos, olhos, boca, peito, ombros) e também é dada a bênção com o sinal da cruz sobre toda a assembléia. Os responsáveis do catecúmeno e os catequistas podem traçar o sinal da cruz sobre o candidato.

Com o sinal da cruz, o catecúmeno entra em uma nova situação de vida, é marcado pela vitória de Cristo e deve empenhar-se para conhecê-Lo e para viver como Ele viveu. A assinalação da fronte e dos sentidos é a resposta da Igreja ao pedido de fé, pois a cruz de Cristo é o sinal concreto do amor de Deus e a força para o seguimento.

Depois o candidato é introduzido na Igreja e poderá, de agora em diante, tomar parte na mesa da Palavra de Deus: o futuro batizado já é membro da Igreja. Dá-se a entrega do livro dos evangelhos ao catecúmeno, como possibilidade de entregar também o crucifixo.

Há de notar a mudança de estatuto que sofre o indivíduo: após receber a signação da cruz e inscrever seu nome no livro dos catecúmenos, passa a ser cristão, ainda que não seja considerado fiel. Os catecúmenos começam a pertencer à Igreja e são desde já cristãos sem ser ainda fiéis.

b) Ritos no Catecumenato

Passa-se a uma dimensão celebrativa mais intensa nos encontros, que constarão de catequese, celebração da Palavra, exorcismos menores, bênçãos. Os ritos próprios desse tempo expressam o encorajamento da Igreja, na luta que os catecúmenos empreendem para superar as próprias limitações e armadilhas do mal, já que não possuem, ainda, a graça dos sacramentos.

O catecumenato é um tempo dedicado à catequese completa. Longa formação do espírito e do coração.

c) Celebração da Palavra de Deus


As celebrações da Palavra ao longo do ano litúrgico servem para a instrução dos catecúmenos, para se prepararem melhor para a futura participação na eucaristia e para as necessidades da comunidade.

É uma catequese que encontra na liturgia sua mais plena expressão, seu incessante manancial e um centro constante de referência. Na liturgia da Palavra, o Espírito Santo “recorda” à assembléia tudo o que Cristo fez por nós.

É indispensável apresentar ao candidato a história da salvação e no encontro com a Palavra de Deus, descobrir o agir de Deus na sua vida pessoal.

d) Exorcismos menores

Ao iniciar um processo de conversão, é preciso reconhecer a situação de pecador, muitas vezes subjugado pelo tentador, para sentir-se necessitado da intervenção divina. Neste rito, o catecúmeno é chamado a lutar contra o demônio e todas as suas expressões mundanas. O ser humano por si só, não tem força para desprender-se da dinâmica do mal. Deus é sua única esperança.

Os exorcismos menores manifestam aos catecúmenos as verdadeiras condições da vida espiritual, a luta entre a carne e o espírito, a importância da renúncia para alcançar as bem aventuranças do Reino de Deus e a necessidade contínua do auxílio divino (Cf. RICA, n. 101).

As orações constam de um memorial salvífico, súplicas para proteger-se do mal, prece ao Espírito Santo para o crescimento interior dos catecúmenos. Os exorcismos pedem para Deus penetrar o íntimo do ser, sondar os corações e iluminá-los para que se reconheçam pecadores (nn. 117,118,373).

O efeito do exorcismo é precisamente a libertação progressiva do domínio do diabo na espera de que o banho batismal traga a santificação completa. O catecúmeno, livre das amarras do pecado e do tentador, coloca-se como discípulo bem disposto pela graça e preparado para conhecer e seguir a vontade do Senhor manifestada no Evangelho.

Há um caráter epiclético, ou seja, de invocação do Espírito Santo. O gesto de imposição das mãos sobre os catecúmenos ajoelhados ou inclinados é muito antigo na Igreja e significa comunicação do Espírito Santo. De fato, o Espírito Santo de Deus deve libertar o catecúmeno de toda incredulidade e de toda dúvida, arrancando-o de todas as formas de vícios e fortificando-o na grande virtude da fé, da esperança e da caridade.

e) Bênção dos catecúmenos

Essas orações apresentam a nova realidade que se abre àquele que se faz discípulo e está a caminho. São verdadeiras preces de acompanhamento do catecúmeno. Elas expressam o amor de Deus e a solicitude da Igreja, a fim de que recebam a coragem, a alegria e a paz.

As bênçãos, com imposição das mãos, têm por objetivo o crescimento espiritual dos candidatos ao batismo. Há invocações dirigidas ao Pai, pedido de súplica pelos catecúmenos a fim de predispô-los para os sacramentos, crescendo a cada dia no conhecimento da verdade, no entendimento, na perfeição e na fé inabalável. As bênçãos terminam com sua finalidade principal, pedindo os frutos dos sacramentos.

f) Rito da Unção

Situada entre a renúncia e a profissão de fé, também pode ser antecipada durante o catecumenato e prevê-se a repetição do rito, se for oportuno (cf. n. 128). É um símbolo polivalente, pois tem caráter preparatório para o batismo, como também para toda a vida cristã batismal.

A unção expressa a necessidade da força divina, para se libertar das forças diabólicas e para fazer o batizando convicto de sua fé. Ela é realizada no peito, ou em ambas as mãos, ou ainda em outras partes do corpo, conforme a sensibilidade da cultura local. O ungido deverá aderir a Cristo na fé e no mistério do banho batismal, terá de lutar com Satanás, ser ágil na luta, como o mesmo Senhor o foi uma vez para sempre na vitória pascal. Morrerá com Cristo para o pecado e, assim, ressurgirá participando de sua vitória. Esse “morrer com” fica prolongado por meio da vida cristã, por isso que a proteção se pede para toda a perspectiva da luta do tempo presente.

Debaixo de diversas formas, é sempre a história da salvação e o mistério pascal que estão presentes sob a forma de exorcismos ou de bênçãos no fim da liturgia da Palavra. A escuta da Palavra de Deus transforma-se em pronta oração, na qual o catecúmeno percebe de modo mais profundo a ação de Deus e sente em si mesmo a forca daquela radical conversão, que o leva a instaurar um diálogo de amor com aquele que no Espírito deve habituar-se a chamar com o nome de Pai.

Um texto para refletir:

“Andar com fé eu vou que a fé não costuma faiá” (Gilberto Gil)

Dizem que é a fé que move o mundo. Mas fé em que?

No governo que elegemos, no papa que o mundo aplaudiu, nos programas de governo, na esperança, no amor, na união, na religião, na verdade, na mentira, na paz, no jogo do bicho, na loteria, na zebrinha, em Deus, na tábua, em quê?

A humanidade está a mercê dessa força. Na minha opinião a fé é um sentimento de devoção muito particular. Não dá para discutir, apenas respeitar. O que eu acho que acontece é que ela própria em determinados casos gera um fanatismo sem limite, totalmente exagerado e imbecil. É a partir de obsessão como essa que muitos chegam a morte.

A fé tanto oferece força como também oferece perigo. O fanático pelo futebol tem tanta fé que o time dele vai ganhar que se por azar ou uma zebra qualquer o time perde, o sujeito é capaz de se matar ou no mínimo como vem acontecendo nos estádios matar alguém.

A decepção é a companheira da fé assim como o ódio é o inimigo do amor. Mas a fé realmente vem da religião. Costuma-se acreditar através da fé.

Essa semana eu estava procurando uma foto para ilustrar uma palestra sobre mídia e consumo e navegando na internet me perdi em tantas opções e foi numa delas que parei para pensar.

Mas a foto que eu procurava tem a seguinte descrição:

Um judeu ligando de um celular para sua esposa doente que estava em casa, e dizendo para
ela que ele ia encostar o celular no muro das lamentações e que ela fizesse seu pedido então.

Isso para mim é fé. E o modelo acima é o abuso da fé das pessoas, seria então má fé.

Mundialmente falando o consumo da fé é assustador. As pessoas estão se matando todos os
dias em nome da fé. As guerras acontecem em nome da fé. A população cresce em nome da fé. O atual governo brasileiro ganhou a eleição em nome da fé do seu povo na esperança de um país melhor.

Caros amigos, esse tema é complexo, portanto eu escreveria muito e para que isso não aconteça, eu termino por aqui dizendo que: Haja fé para nos mantermos em pé!

Para questionar:

a) O que significa ter fé? Como cultivá-la na vida cristã?

“Fé é o pássaro que sente a luz e canta quando a madrugada é ainda escura”. (Rabindranath Tagore)

As outras duas etapas da Iniciação Cristã, o tempo da Iluminação e Purificação e o tempo
da Celebração dos Sacramentos, não serão especificados aqui, porque já estão bem detalhadas no
Ritual de Iniciação Cristã (RICA).


3. Catequese com Adultos
A Catequese com Adultos é uma iniciativa da Igreja voltada para os adultos que não foram
iniciados à fé. Vejamos as características da Metodologia da Catequese com Adultos:

a) Aprender, aprendendo.
b) Tratar o adulto como adulto. linguagens.
c) Partir das inquietações, sonhos e conquistas.
d) Valorizar a vivência grupal. aprendizes.
e) Trabalhar as motivações.
f) Fazer da sabedoria do adulto conteúdo dimensão catecumenal.
g) Valorizar os momentos celebrativos.
h) Favorecer a dimensão lúdica.
i) Aproveitar a riqueza das múltiplas conquistas
j) Parar, retomar e caminhar
k) Estar a caminho sempre como eternos
l) Propor um processo de iniciação
m) Avançar na organização de um itinerário aberto.

Pilares da Formação com Adultos:

Aprender a ser e a viver (formação humana).
Aprender a conviver (formação comunitário-eclesial).
Aprender a conhecer (formação intelectiva).
Aprender a saber fazer (formação pedagógica).
Aprender a discernir (formação espiritual).
Aprender a irradiar (formação missionária).

Conseqüências para a Catequese com Adultos:

1. Não infantilizar o adulto.
2. Responder às suas perguntas, partir de seus questionamentos e necessidades.
3. Olhar as dimensões da vida de modo integral: família, trabalho, política, saúde, realização,
luta, sofrimento, carências, morte.
4. Propor uma catequese vivencial e não apenas doutrinal.
5. Ajudar o adulto a desenvolver sua resposta de fé.
6. Não enquadrar os outros em esquemas, mas personalizar o acompanhamento.
7. Ajudar o adulto a interpretar as experiências vitais.
8. Conciliar o pessoal e o comunitário.
9. Levar em conta a pessoa.
10. Sempre guiar-se pelo princípio de interação (vida-formulação da fé).
11. Quebrar preconceitos.

“Uma catequese verdadeiramente adulta parte da própria situação religiosa dos catequizandos, para
um progressivo caminho de fé: sua história pessoal de busca de Deus, (...) sua visão de mundo, seu
contato com o Evangelho e com a Igreja. Cada caso exige uma abordagem adequada”.

(Doc. 80, Com Adultos, Catequese Adulta, n. 155)

Uma catequese “que motive a continuar buscando sempre mais, aprofundando a experiência de
Deus, o compromisso com a comunidade e o engajamento evangélico na transformação da
sociedade. Toda catequese deve possibilitar a opção pessoal por Jesus Cristo e colocar a pessoa no
seguimento de Jesus, caminho ‘rumo a maturidade em Cristo’” (cf. Ef. 4,13).

(Doc. 80, Com Adultos, Catequese Adulta, n. 156)


Iniciação à vida cristã

“Recordamos que o caminho de formação do cristão na tradição mais antiga da Igreja teve sempre
um caráter de experiência, na qual era determinante o encontro vivo e persuasivo com Cristo,
anunciado por autênticas testemunhas. Trata-se de uma experiência que introduz o cristão numa
profunda e feliz celebração dos sacramentos, com toda a riqueza de seus sinais. Deste modo, a vida
vem se transformando progressivamente pelos santos mistérios que se celebram, capacitando o
cristão a transformar o mundo. Isto é o que se chama ‘catequese mistagógica’” (DA, n. 290).

“A catequese não pode se limitar a uma formação meramente doutrinal, mas precisa ser uma
verdadeira escola de formação integral. Portanto, é necessário cultivar a amizade com Cristo na
oração, o apreço pela celebração litúrgica, a experiência comunitária, o compromisso apostólico
mediante um permanente serviço aos demais” (DA, n. 299).

Uma historinha para refletir:

POR QUE IR À IGREJA?

Um freqüentador de Igreja escreveu para o editor de um jornal e reclamou que não faz sentido ir à Igreja todos os domingos.

Eu tenho ido à Igreja por 30 anos, ele escreveu, e durante este tempo eu ouvi uns 3.000 sermões.

Mas por minha vida, eu não consigo lembrar nenhum si quer deles... Assim, eu penso que estou perdendo meu tempo e os Padres e Pastores estão desperdiçando o tempo deles pregando sermões!

Esta carta iniciou uma grande controvérsia na coluna "Cartas ao Editor", para prazer do Editor Chefe do jornal.

Isto foi por semanas, recebendo e publicando cartas no assunto, até que alguém escreveu este argumento: " Eu estou casado já há 30 anos. Durante este tempo minha esposa deve ter
cozinhado umas 32.000 refeições. Mas, por minha vida, eu não consigo me lembrar do cardápio de
nenhuma destas 32.000 refeições. Mas de uma coisa eu sei...

Todas elas me nutriram e me deram a força que eu precisava para fazer o meu trabalho. Se minha esposa não tivesse me dado estas refeições, eu estaria hoje fisicamente morto.

Da mesma maneira, se eu não tivesse ido à Igreja para alimentar minha fome espiritual, eu estaria hoje morto espiritualmente.
fonte: cbv

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