O Catecumenato
Introdução
O Catecumenato é o meio pelo qual a Igreja de Cristo não cessa de obedecer ao desejo do Senhor de batizar e de fazer com que todos os que, tocados pelo Espírito Santo, desejam abraçar a fé cristã, sejam recebidos na Comunidade dos Fiéis.
Toda pessoa pode, consciente e livremente, procurar o Deus vivo e encetar o itinerário da fé e da conversão. No catecumenato a fé será fortalecida e a preparação para os sacramentos será tomada com seriedade, compromisso e assiduidade.
A Iniciação do Catecumenato (Iniciação a Vida Cristã) é gradativa e feita sempre no seio da Comunidade dos fiéis que, refletindo com eles, deve renovar a sua fé. Deve a comunidade induzi-los com seu exemplo a obedecer mais generosamente ao apelos do Espírito Santo.
I- Estrutura do catecumenato
A sua base é o rito da iniciação cristã dos adultos reformado por determinação do Concílio Vaticano II e aprovado pela autoridade do Papa Paulo VI. Sendo assim, o itinerário espiritual dos adultos segue várias etapas ou passos, pelos quais o catecúmeno, ao caminhar, como quem atravessa várias portas ou sobe degraus:
1ª Etapa: Quando, aproximando-se de uma conversão inicial, quer tornar-se cristão e é recebido como catecúmeno. Esta etapa é precedida pelo Pré-Catecumenato.
2ª Etapa: Quando, já introduzido na fé (Rito da Instituição) e estando a terminar o catecumenato, é admitido a uma preparação mais intensiva para os Sacramentos (Ritual da Eleição).
3ª Etapa: Quando, concluída a preparação espiritual, recebe os Sacramentos da Iniciação Cristã; (Batismo, Eucaristia, Crisma ou Confirmação).
Há, portanto três etapas, momentos fortes de preparação ou de iniciação. Essas etapas são marcadas por três ritos litúrgicos: a primeira - pelo rito de admissão ao catecumenato; a segunda - pela eleição e a terceira - pela celebração dos Sacramentos.
As etapas conduzem aos "TEMPOS" de informação e amadurecimento ou são por eles preparados:
a) O primeiro tempo - que requer a informação da parte do candidato e da parte da Igreja, é consagrado à Evangelização e ao "pré-catecumenato", encerrando-se com o ingresso na ordem dos catecúmenos (Rito da Instituição dos Catecumenos ou Admissão ao Catecumenato).
b) O segundo tempo, que se inicia por esse ingresso e dura a maior parte do catecumenato, é dedicado à catequese e aos ritos anexos (renúncias, exorcismos e bençãos), terminando no dia da eleição.
c) O terceiro tempo, muito breve, que coincide com a Quaresma, é assinalado pelos ritos de purificação e iluminação (Escritínios e entregas).
d) O quarto tempo e último tempo, que dura todo o período Pascal, é consagrado à "Mistagogia", isto é, à aquisição de experiência e de resultados positivos, assim como ao aprofundamento das relações com a comunidade dos fiéis.
II- Esquema Geral do Catecumenato
1º Tempo: Pré-Catecumenato.
Catequeses bíblicas de apelo à conversão de vida e costumes.
Sinais da intenção reta dos catecumenos.
1ª etapa: Rito de admissão ao Catecumenato
2º Tempo: Catecumenato
Catequese: 1- A fé que se crê - Símbolo
2- A fé que se vive - Moral cristã
3- A fé que se celebra - Sacramentos e Liturgia.
Ritos durante o catecumenato: bençãos, exorcismo, unções.
2ª etapa: Rito da Eleição
3º Tempo: Iluminação e Purificação (Período Quaresma) - preparação espiritual
Os Escrutínios (1º, 2º e 3º)
As entregas (Símbolo, Evangelho, Pai-Nosso)
3ª etapa: Recepção dos sacramentos de Batismo, Crisma e Eucaristia (Vigília Pascal).
4º Tempo: Mistagogia - (Período Pascal)
Experiência e resultados
Contatos mais intensos com a comunidade
Integração na comunidade.
São portanto quatro Tempos sucessivos: o do "Pré-Catecumenato", destinado à primeira evangelização; o "Catecumenato", caracterizado pela catequese completa; o da "Purificação e Iluminação", destinado à mais intensa preparação espiritual; e o da "Mistagogia", assinalado pela nova experiência dos sacramentos e da unidade.
Além disso, com a Iniciação à Vida Cristã há a primeira participação sacramental na morte e ressurreição de Cristo. O Tempo da "purificação e iluminação" ocorre habitualmente na Quaresma, e a "Mistagogia" Tempo Pascal. Toda a Iniciação deve ter um caráter Pascal. Por esse motivo, a Quaresma tem absolutamente primazia para a mais intensa preparação dos eleitos e a Vigília Pascal é considerada como o Tempo próprio para a recepção dos Sacramentos.
1- A Evangelização e o Pré-Catecumenato
Embora o catecumenato tenha início com o rito de instituição, o tempo anterior ao pré-catecumenato tem grande importância e não deve ser omitido. É o tempo da evangelização onde se anuncia o Deus vivo e salvador do homem em cristo, a fim de que os não cristãos, cujo coração é aberto pelo Espírito santo, creiam e se convertam ao Senhor livremente, aderindo com lealdade àquele que, sendo caminho, verdade e vida, satisfaz e até supera infinitamente todas as suas expectativas espirituais.
Da evangelização realizada pelos catequistas com o auxílio de Deus brotam a fé e a conversão inicial, pelas quais a pessoa se sente chamada do pecado para o mistério do amor de Deus. deve-se produzir no catecúmeno um amadurecimento da vontade de seguir a Cristo e pedir o Batismo.
Neste período reveste-se de capital importância o acolhimento. Este deve ser ministrado por toda a comunidade e especialmente pelo Sacerdote, de acordo com suas possibilidades, e pelo grupo de Catequistas e Introdutores que formam o Conselho de Iniciação à Vida Cristã. Não há um Rito específico para o acolhimento: pode ser feito espontaneamente em uma reunião ou encontro da comunidade catecumenal.
Durante o Pré-Catecumenato cuidem os instrutores para que a comunidade paroquial reze pelos candidatos, por exemplo na oração dos fiéis da Santa Missa Dominical ou nos grupos de oração ou intercessão da paróquia. Os catequistas têm o dever especial de orar por eles ao longo de todo o período de formação.
2- O Catecumenato
É de suma importância o rito de "instituição" do catecúmeno, porque os candidatos, reunindo-se publicamente pela primeira vez, manifestam sua intenção à Igreja enquanto esta, no exercício de sua missão, acolhe aqueles que pretendem tornar-se seus membros. Neste ato Deus lhes prodigaliza sua graça inicial.
Para esse passo é preciso que os candidatos já possuam os rudimentos da vida espiritual: período inicial, princípio de conversão, desejo de mudar de vida e entrar em relação pessoal com Deus em Cristo, já tenham o costume de rezar e invocar a Deus e alguma experiência da comunidade e do espírito dos cristãos.
O Pároco e o Conselho de Catequistas julgarão os sinais externos dessas disposições interiores dos candidatos antes de admití-los.
É aconselhável que haja um livro para anotação dos catecúmenos (iniciação, eleição, etc...)
Neste espaço de tempo os catecúmenos recebem a formação e exercitam-se praticamente na vida cristã. desse modo adquirem maturidade em suas disposições. Chega-se a esse resultado por quatro meios:
a) Catequese: ministrada pelo sacerdote e catequistas e mesmo por outros leigos, se for conveniente. Distribuída por etapas e integralmente transmitida, relacionada com o ano litúrgico e apoiada nas celebrações da palavra, leva os candidatos, não só ao conhecimento dos dogmas e preceitos como a íntima percepção do mistério da salvação de que desejam participar.
b) Familiarizados com a prática da vida cristã: ajudados pelo exemplo e catequeses dos instrutores e, posteriormente dos padrinhos e, mesmo, de toda comunidade, acostumam-se a dar testemunho da fé, a orar mais facilmente, a guardar em tudo a esperança de Cristo, a seguir na vida as inspirações do senhor e praticar a caridade com o próximo até a renúncia de si mesmos.
c) Ajudados em sua caminhada pela Mãe Igreja: através dos Ritos Litúrgicos apropriados, já são por eles gradativamente purificados e protegidos pela bênção divina. Promovem-se para eles Celebrações da palavra e lhes é mesmo proporcionado o acesso à Liturgia da Palavra junto com os fiéis, a fim de se prepararem melhor para futura participação na Eucaristia. Seria, porém, recomendável que, embora participando da Liturgia da Palavra, sejam delicadamente despedidos antes da liturgia Eucarística, (se isto não acarretar grandes dificuldades), pois precisam esperar o batismo pelo qual serão agregados ao povo sacerdotal e delegados para o novo Culto de Cristo.
d) Sendo Apostólica a vida da Igreja: aprendam também os catecúmenos, pelo testemunho de vida e pela profissão de fé, a cooperar ativamente para a evangelização e edificação da Igreja.
Assim formados, aprendem e efetuam a mudança do homem velho para o novo, que tem a sua perfeição em Cristo, Mestre e Senhor dos cristãos.
Essa passagem acarreta uma progressiva mudança de mentalidade e costumes e, com suas consequências sociais, deve manifestar-se e desenvolver-se pouco a pouco durante o tempo do catecumenato. Sendo o Senhor, em quem cremos, um sinal de contradição, não é raro que façam os convertidos uma experiência ou várias experiências de rupturas, separações, etc..., mas também das alegraias que Deus concede sem medida.
OBS: A duração do Catecumenato depende não só da Graça de Deus como das diversas circunstâncias, isto é, do plano do próprio Catecumenato, do número dos catequistas, Diáconos e Sacerdotes, da colaboração de cada catecúmeno, das possibilidades de freqüentarem a sede do catecumenato e da ajuda da Comunidade local. Em nenhum caso devem passar desta etapa sem os resultados necessários à recepção da Iniciação Cristã.
3- A Purificação e a Iluminação
O tempo da purificação e iluminação é normalmente a Quaresma. De fato, na Liturgia e na Catequese, pela comemoração ou preparação do batismo e pela Penitência, a Quaresma renova a comunidade dos fiéis juntamente com os catecúmenos e os dispõe para a celebração do Mistério Pascal, ao qual cada Sacramento da Iniciação Cristã se associa.
Esse tempo dá início, com o rito da Eleição ou inscrição do nome, à 2ª etapa do catecumenato. Aqui a Igreja seleciona e admite os catecumenos que se acham em condições de participar dos sacramentos nas próximas celebrações.
Antes de celebrar a Eleição, requer-se da parte dos catecúmenos conversão da mentalidade e costumes, suficiente conhecimento da Doutrina Cristã, senso da fé e da caridade. Também é necessário que tenham uma idade comprovada. A Eleição solenemente celebrada é um ponto capital de todo o Catecumenato.
Nesse tempo, a intensa preparação espiritual, mais relaciona à vida interior que à Catequese, procura purificar os corações e espíritos pela penitência e o exame de consciência e iluminá-los por um conhecimento mais profundo de Cristo, nosso salvador. serve-se para isso de vários ritos, principalmente dos escrutínios e das entregas.
a) Os Escrutínios - solenemente celebrados aos Domingos, têm em vista o duplo fim acima mencionado, a saber: descobrir o que houver de imperfeito, fraco e mau no coração dos eleitos, para curá-los; e o que houver de bom e santo para consolidá-lo. Os Escrutínios estão, portanto, orientados para libetarem do pecado e do demônio, confirmarem no cristo, que é o caminho, a verdade e a vida dos eleitos.
b) As Entregas - pelas quais a Igreja confia aos eleitos o documento da fé e da oração, isto é, o símbolo e a oração do Senhor, visam à sua iluminação. No símbolo, que recorda as maravilhas realizadas por Deus para a salvação dos homens, o olhar dos catecúmenos deve se encher de fé e de alegria. Na Oração do Senhor, percebem melhor o espírito dos filhos pelo qual, sobretudo na reunião eucarística, darão a Deus o nome de Pai.
Importante:
a) No Sábado Santo, devem, o quanto possível, deixar seus trabalhos habituais e reservar tempo para a oração e recolhimento. devem também jejuar na medida de suas forças.
b) No mesmo dia, isto é, no sábado Santo, se houver alguma reunião dos eleitos, podem ser realizados alguns ritos de preparação imediata, como: a recitação do símbolo, o "Efeta", a escolha do nome cristão (se alguém desejar) e, se for o caso, a Unção com o óleo dos catecumenos.
4- A Iniciação nos Sacramentos
O Batismo, a Crisma e a Eucaristia constituem a última etapa. Os eleitos, tendo recebido o perdão dos pecados são incorporados a Cristo e ao Povo de Deus, tornam-se filhos adotivos do pai, são introduzidos pelo Espírito Santo na prometida plenitude dos tempos e, ainda, pelo sacrifício e refeição Eucarística, antegozam do Reino de Deus.
Fonte: Apostila Catecumenato- Batismo, Crisma Eucaristia - 5 Edição - 2009
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