O SENHOR TE CHAMA


"Gostaria de dizer àqueles e àquelas que se sentem longe de Deus e da Igreja, aos que têm medo ou aos indiferentes:
O Senhor também te chama para seres parte do seu povo, e o faz com grande respeito e amor!" EG, n.113.

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Reflexão Evangelho Mateus 10,16-23 até 12,38-42

Mt 10,16-23: “SEDE PRUDENTES COMO AS SERPENTES E SEM MALÍCIA COMO AS POMBAS.” 

Essa é a atitude que o Senhor nos exorta a ter diante de tempos de perseguição. Aqui tem uma tensão que em cada situação deverá ser discernida. O que se deve fazer? A prudência da serpente indica uma esperteza evangélica, aquela atitude da razão que não permite resignar-se diante das falácias da reflexão e do agir ambíguo. A ausência da malícia das pombas é a atitude de decidir não enfrentar o malvado, a escolha da não violência como critério de ação. Nunca podemos esquecer que Jesus venceu perdendo e perdoando. Quando não pudermos enfrentar o mal com o bem, devemos fugir. Seríamos vencidos se aceitássemos atacar com as armas com que nos atacam. Deus é o juiz a quem confiamos nossa causa. Todos nós queremos um mundo novo, uma Igreja renovada, uma família convertida; mas quanto em oblação estamos dispostos a pagar por isso? Quem quiser amar esteja disposto a sofrer! Como velas que, para manterem a chama acesa consomem-se, esse é o preço do amor. É assim que acontece a páscoa: a passagem da vida para a morte. Anunciemos Jesus, em tempo e fora de tempo. O Grande Pastor cuidará de nós, Suas ovelhas; dEle esperamos consolação, força renovada e presença sustentadora.

Mt 10,24-33: “NÃO TEMAIS OS QUE MATAM O CORPO, MAS NÃO PODEM MATAR A ALMA”

Essa palavra nos coloca diante de uma decisão: ou viver em função de sobreviver ou escolher a vida que nos vem da relação com Jesus, estando dispostos a perder a vida. A dureza dessa palavra é que Jesus nos pede para apostar no invisível, naquilo que não temos evidência. Quem ele acha que é pra nos pedir que amemos mais a Ele que a vida? Nada mais desconcertante que crer! Nada mais empenhativo que viver na forma crente! Essa palavra é dita a discípulos cuja escolha por Jesus os coloca direto no martírio. Estamos aqui diante da vida e da morte. Escolhamos a vida, mas não aquela que pode ser morta, mas aquela que vem do amor, amor mais forte que a morte. A existência cristã não é uma filosofia para bem viver, mas uma decisão pelo que vale a pena viver. Senhor, sustenta minha fraqueza, minha tentação de escolher sobreviver!

Mt 10,34 - 11,1 “Não penseis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer a paz, mas sim a espada"

Como assim!? Não é Jesus o 'príncipe da paz'? Sim, ele é. Colocar Jesus no grupo dos Zelotas - estilo força de libertação de Israel - é ceder à tentação de catalogar o que nos escapa. Jesus está além das classificações. No sermão da montanha Jesus pedirá a seus discípulos: 'não enfrenteis o malvado'. O conjunto do evangelho não nos autoriza ver em Jesus um amotinador. Por outro lado, palavra como essa de hoje desautoriza projetar sobre Jesus a tese da manutenção das coisas como estão. O evangelho sempre deverá causar no discípulo aquela sensação de inadequação com as coisas como estão. Enquanto os valores do Reino não regerem as relações, haverá espaço para a 'espada' trazida por Jesus. Que essa espada não seja uma arma, se conclui pelo conjunto da ação de Jesus. Reflitamos!

Mt 12,1-8: “O FILHO DO HOMEM É SENHOR DO SÁBADO.” 

O sábado foi demarcado como espaço de liberdade para o ser humano. Ao longo da história, o ser humano conseguiu desvirtuar esse dia em lei, em peso para si. Jesus interpreta as Escrituras com autoridade, a autoridade de Filho de Deus. Jesus nos ensina que, quando está em jogo a vida, as instituições são relativizadas, porque não há nada mais importante a fazer do que amar a vida; amá-la em nós e nos outros. Esse princípio permanece na Igreja As leis na Igreja estão subordinadas à salvação das pessoas. O Cristianismo trouxe consigo a grande liberdade, aquela que se realiza quando faz gerar vida, traz fecundidade e mais felicidade. Somos mais livres quanto mais vivemos a verdade do nosso ser e promovemos a vida verdadeira para os outros. Se formos espirituais, no sentido de sermos guiados pelo Espírito, saberemos colher nas leis o Espírito e a não sermos escravos da letra que mata. Que a pretensão não tome conta de nós, mas que a simplicidade de Deus nos faça sábios, com a sabedoria da cruz. Somente assim teremos a mente de Cristo.

Mt 12,14-21: “ELE NÃO QUEBRARÁ O CANIÇO RACHADO.” 

Deus não desistiu nem desiste de nós. Jesus veio nos recuperar. Nós, “caniços rachados”, rachados por querermos bastar-nos a nós mesmos, abandonando a comunhão com a fonte da vida, buscando-a em fontes furadas que não podem conter vida. Jesus é o Filho que se fez servo para fazer de nós, que não queríamos servir a Deus, filhos. O amor só mostra toda sua amorosidade quando se mantém diante da rejeição. Amar a um ingrato, renunciando à reciprocidade, eis o distintivo do amor verdadeiro! Foi assim que Deus nos amou. Quando pecadores, Ele nos deu Jesus, presente que a bondade de todas as pessoas de todos os tempos não pode merecer. O amor tem sempre algo de desproporcional, de inesperado, porque gratuito. Esse é o amor que redime o mundo!

Mt 12,38-42: “NENHUM SINAL LHES SERÁ DADO, EXCETO O SINAL DO PROFETA JONAS.” 

As pessoas viram algo extraordinário no anúncio do profeta estrangeiro Jonas e se converteram. A rainha veio atraída pela sabedoria de Salomão, rei de um desconhecido reino. O que Jesus poderia fazer para ser reconhecido? “Um sinal!” Jesus se nega a atender às exigências. O sinal de Jesus é sua Morte e Ressurreição. Mas esse sinal só pode ser acolhido na fé. Deus não é alguém que está “ao lado”; misteriosamente ele está dentro. O homem é livre e Jesus quer que ele continue livre para aderir a Deus, sem algo que o obrigue de fora. Deus não obriga ninguém a aceitar esse misterioso Cristianismo. Muitos dos milagres pedidos não passam de fugas da aceitação de viver de fé, não de fatos que tolhem nossa honrada liberdade, pois nos colocariam forçosamente de joelhos. Deus espera que nos ajoelhemos diante dEle livremente, movidos somente pela fé.
Fonte Pe. José Otácio O. Guedes

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