Jo 10,1-10 "As ovelhas o seguem, porque
conhecem a sua voz".
Por que as ovelhas se desencaminham, se seguem a voz
do Pastor e não a dos ladrões? Os ladrões se especializam em imitar a voz do
pastor. Quem não se interessa pela felicidade? E pela busca da liberdade total?
Quem não se encanta com o amor? As propostas originárias de Jesus são
recolocadas de forma a serem conseguidas sem esforço. Não nos iludamos, sem
cruz não há Páscoa; sem o dom de si não há amor verdadeiro; como ser livre se o
'homem velho' mandar em nós? Senhor, que a suave e forte melodia da tua voz
alcance nossos ouvidos!
Jo 10,22-30: “SE TU ÉS O CRISTO, DIGA-O A NÓS
ABERTAMENTE”.
Por que querem arrancar uma 'confissão' de Jesus? Para quem está
fechado, de nada serve dizer abertamente. Na fé há luz suficiente para quem
quer ver e trevas suficientes para quem não quer ver (Pascal). Para que dizê-lo
abertamente? Para satisfazer a curiosidade? O que buscam, verdadeiramente? É
indigno aproximar das coisas de Deus por mero desejo de saber, sem a disposição
de abertura de coração. Deus não se deixa conhecer por quem não se deixa converter. Quem somos nós
para pedir provas a Deus? Abramos o coração e veremos, na simplicidade das
coisas, a manifestação (epifania) de Deus. Deus é simples e se esconde na
complexidade, dando-se a conhecer na simplicidade. Com a sua vida, morte e
ressurreição Jesus já nos disse tudo que tinha para nos dizer sobre si; a nós
cabe a acolhida humilde da adesão crente.
Jo 12,44-50 "Eu não vim para julgar o
mundo, mas para salvá-lo".
Em tensão com as palavras duras de João
Batista, Jesus fala de misericórdia e da paciência de Deus: o machado é tirado
da raiz; mais um tempo é dado à figueira. Mas diante da 'palavra' de Jesus, ou
melhor, da palavra que é o próprio Jesus, alguma decisão deve ser tomada:
adesão, rejeição ou indiferença. Jesus, em quem 'habita a plenitude da
divindade', se apresenta hoje e pede de nós uma escolha: ou Ele ou nós mesmos.
Nossa vida se define pelas escolhas que fazemos. Que nossa vida tenha a forma
do mistério da Páscoa: vida fecunda, porque foi doada.
Jo 13,16-20 "O mensageiro não é maior que
aquele que o enviou".
O contexto desta fala é o lava-pés. Nós somos os
enviados, não temos autonomia em relação ao Evangelho: o que se espera do
enviado é que repasse a mensagem de quem o enviou. Temos que voltar à vida de
Jesus, ao seu jeito, aos seus valores. É natural que se junte uma
"pátina" na vida da comunidade cristã. O Evangelho está aí para que
seja recuperada a imagem original de Cristo em nossas faces de discípulos.
Fazer um cristianismo ao nosso modo será sempre uma tentação. Lembremo-nos:
Jesus não aceitou nem a espada de Pedro, nem o fogo do céu de João e Tiago. Ele
aceitou o alabastro de perfume rompido e derramado aos seus pés.
"Ó Deus, criador do universo, que destes
aos homens a lei do trabalho, concedei-nos, pelo exemplo e a proteção de São
José, cumprir as nossas tarefas e alcançar os prêmios prometidos. Por nosso
Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo". (Oração Coleta da missa de São José Operário)
Mt 13,54-58 "Não é ele o filho do
carpinteiro?".
Hoje refletimos sobre o lugar do trabalho na vida. Ao homem
expulso do paraíso, o trabalho está ligado à maldição: o suor do rosto e a luta
com a terra. Jesus assume também o trabalho e o redime. O homem 'em Cristo'
continua lutando com a terra, mas o suor do rosto e ocasião para dar glória a
Deus e fazer a terra participar da glória de sua filiação. Que o nosso trabalho
seja redimido pela oferta sobrenatural que dele fazemos a Deus.
Jo 15,1-8 "Eu sou a videira e vós os
ramos".
A imagem fala por si. Jesus não é só um exemplo bom para nós, ele
é a fonte de vitalidade da nossa existência. A tentação de querer produzir
fruto 'por si mesmo' deve ser vencida. Nosso dinamismo pascal, a passagem da
vida 'fútil' para a vida plena, só acontece em Cristo. A vida dEle deve se
tornar a seiva do ramo que somos nós. Como isso se dá? Vivendo da Palavra,
aceitando a mediação sacramental como acesso à humanidade ressuscitada de
Jesus; vivendo da escuta da vontade de Deus. Que nossa vida manifeste a vida de Jesus!
Jo 14,21-26 "O Defensor, o Espírito Santo
que o Pai enviará em meu nome, ele vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que
eu vos tenho dito”.
O Espírito ensina e recorda: ensina recordando e recorda
ensinando. O Espírito é quem ativa a memória da Igreja. Ele recorda o que foi
dito por Jesus. Jesus nos falou com palavras e gestos. As ações de Jesus, tal
como narradas nos evangelhos, são "palavras" que aos crentes de todos
os tempos deverão ser recordadas. É fato: nós somos seres que esquecem! O que
esquecemos no nosso tempo e que o Espírito precisa nos recordar? Escutemos o
que o Espírito diz à Igreja em nosso tempo! Ninguém está dispensado dessa
escuta. Para os cristãos, essa escuta é feita na comunhão da Igreja.
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