O SENHOR TE CHAMA


"Gostaria de dizer àqueles e àquelas que se sentem longe de Deus e da Igreja, aos que têm medo ou aos indiferentes:
O Senhor também te chama para seres parte do seu povo, e o faz com grande respeito e amor!" EG, n.113.

quinta-feira, 29 de maio de 2014

VIGÍLIA DE PENTECOSTES - PLENIFICAÇÃO DA PÁSCOA

O Espírito derramou em nós o amor de Deus.

Textos Bíblicos:
Gn 11, 1-9 - A confusão das línguas em Babel
Ex 19,3-8a.16-20b - A proclamação da Lei no Sinai
Ez 37,1-14 - Os ossos revivificados
Jl 3,1-5 - Efusão escatológica do Espírito sobre todos os homens.
Sl 104(103) - "Envia teu Espírito e renova a face da terra".

Rm 8,22-27 - Temos as primícias do Espírito, que vem em socorro da nossa fraqueza. Somos salvos, mas ainda não é manifesta nossa salvação. O que vemos é ainda fraqueza, pecado, morte, mas a Palavra de Deus nos revela nossa salvação, e o Espírito que recebemos é apoio para nossa fé, esperança e oração. Ele reza em nós, conhecendo melhor do que nós a nossa carência.

Jo 7,37-39 - " Quem tem sede, venha a mim..." - O lado aberto de Cristo, fonte do Espírito. - Na festa dos Tabernáculos, festa de luz e água, Jesus se revela como fonte de água viva (cf. Jo 4,10). A água é força, Espirito de Deus. Elevado na cruz, Jesus derrama esta água de seu lado aberto (Jo 19,34; cf.1Jo 5,6-8). Quem acredita no Cristo, recebe dele o Espírito e a comunhão da vida divina. (cf. 1Cor 15,45; 2Cor 4,11).

A vigília de Pentecostes é uma das celebrações privilegiadas da nossa tradição. Como na vigília Pascal, administra-se o Batismo, unido à Crisma. Se a noite pascal dava mais ensejo para acentuar o Batismo - morrer e ressuscitar com Cristo -, o tema pentecostes refere-se, antes, ao dom do Espírito Santo, relacionado com a Crisma. Por isso, esta vigília é uma oportunidade ideal para a Crisma ou pelo menos, para um retiro dos crismandos que conscientemente vão assumir a vida no Espírito do Cristo.

Os textos em destaque acima, Gn 11 a confusão das línguas por ocasião da construção de Babel (pois o milagre das línguas, em Pentecostes e, considerado a reparação dessa confusão);
Outro texto é Ex 19, a promulgação da Lei no Sinai: na tradição judaica, Pentecostes comemora este fato, e a proclamação do Querigma cristão pelos apóstolos parece nele prefigurado;
Ez 37: a vivificação dos ossos ressequidos (o povo exilado) pelo espírito (a força) de Deus (pense-se nos apóstolos, que se reanimaram e só no ímpeto do Espírito superaram seu medo);
Jl 3: a efusão escatológica e universal do Espírito sobre o povo (texto citado por Pedro no seu discurso de Pentecostes, At 2,16ss)

Todos esses textos ilustram alguma dimensão daquilo que realizou plenamente no primeiro Pentecostes cristão, 50 dias depois da ressurreição de Cristo. Descrevem a "tipologia veterotestamentária" do Pentecostes cristão. Seriam a matéria adequada para um estudo bíblico sobre Pentecostes.

O Sl 104(103) canta a contínua "re-criação" do universo pelo "Espírito de Deus", princípio de vida divina na criação e na história (cf. Gn 2,7; 6,17), inspiração divina da vida, presença ativa de Deus em tudo o que acontece. Sem a participação de Deus, a criação nem sequer pode existir, e a história torna-se uma história de morte. O Espírito de Deus não é alheio à matéria, mas serve para animar tanto a matéria biológica como a "matéria histórica" - nossa sociedade. O oposto do espírito não é a matéria, mas a "carne", é a autossuficiência do homem. O espírito do amor de Deus deve transformar nossa história de "carnal" (autossuficiente, opressora) em "espiritual".

João 7,37-39, nos ensina que podemos aliviar nossa sede com o Espírito que sai do lado aberto de Cristo, como as águas salvadoras que saem do templo utópico de Ez 47. Enquanto Cristo  não era glorificado, ainda não havia o Espírito. A glorificação de Jesus, na maneira de ver de João, é sua exaltação na cruz, que é a glória de seu amor e fonte do Espírito que ele nos dá. Na sequela da Páscoa e da Ascensão (=glorificação) do Senhor, celebramos o dom do Espírito, que torna a glorificação do Cristo fecunda para os seus.

Pentecostes é a consumação do mistério Pascal. Na vigília, em espírito de recolhimento, cabe recapitular interiormente toda a riqueza deste mistério, pois é ele o conteúdo da mensagem que os apóstolos, recriados pelo Espírito, proclamaram pelo mundo afora, na manhã de Pentecostes.



Nenhum comentário:

Postar um comentário