O SENHOR TE CHAMA


"Gostaria de dizer àqueles e àquelas que se sentem longe de Deus e da Igreja, aos que têm medo ou aos indiferentes:
O Senhor também te chama para seres parte do seu povo, e o faz com grande respeito e amor!" EG, n.113.

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Reflexão Evangelhos: Lc 24,35-48; Lc 24,13-35; Jo 3,1-18; Jo 3,7b-15; Jo 3,16-21

Lc 24,35-48 “ABRIU A MENTE DELES PARA QUE ELES ENTENDESSEM AS ESCRITURAS”. 

Por vezes somos preguiçosos na busca do sentido profundo das coisas. Não dedicamos tempo para refletir sobre as verdades eternas. A palavra de hoje diz que Jesus “abriu a mente” dos discípulos. Não esqueçamos, o cristianismo fez a escolha pela palavra, pela clareza e luz; deixou em segundo lugar o mito, o mágico e não razoável. Aprendamos a ler os acontecimentos da humanidade e da nossa vida à luz da palavra revelada por Deus. A pessoa de Jesus, com sua morte e ressurreição, é a Palavra por excelência, a grande chave de leitura para a vida. Antes das queixas, verifiquemos se não há um sentido profundo no que nos está acontecendo. Não fique só na própria capacidade reflexiva, vá à Palavra de Deus revelada.

Lc 24,13-35 "ESTAVAM COMO CEGOS, E NÃO O RECONHECERAM". 

A palavra que aquece o coração e a fração do pão desperta-os da tristeza que cega. Alegria e otimismo andam juntos; também tristeza e pessimismo. A percepção de que temos uma Companhia extraordinária no caminho dá olhos novos sobre a vida, renova as relações, novo vigor para esperar a surpresa de Deus. Nada mais revolucionário que saber que o DIVINO PEREGRINO armou sua tenda na nossa história, no caminho da nossa vida.

"Deus é rico em misericórdia. Por causa do grande amor com que nos amou, quando estávamos mortos por causa das nossas faltas, ele nos deu a vida com Cristo. É por graça que vós sois salvos!" (Ef 2,4-5)
Misericórdia é uma atitude não devida, de uma parte; não merecida, de outra parte. Expressa a essência das ações de Deus em relação a nós, criaturas. Na misericórdia de Deus está toda nossa esperança!

Jo 3,1-8 “QUEM NASCE DO ESPÍRITO É ESPÍRITO”. 

Quem nasce do Espírito Santo participa da sua natureza livre, como o vento. Nascer do Espírito é o nascimento espiritual, um novo nascimento. A “vida fútil” é pascalizada, porque mergulhada em Jesus que está cheio do Espírito. Como isso acontece? Quando a vida de Jesus se torna a forma da nossa vida. O nosso batismo é o sacramento desse novo nascimento, mas a realidade do novo nascimento pode expressar-se existencialmente em momento diferente do sacramento. Tem momentos tão difíceis na vida que desejaríamos recomeçar tudo, nascer de novo mesmo. Por que não? É sempre possível nascer de novo, viver uma vida nova, diferente, como novos valores e critérios de juízo sobre a importância das coisas. As crises na vida servem para isso, para nos ajudar a escolher uma nova vida, mais autêntica, mais conforme à plenitude de existência vivida por Jesus Cristo.

Jo 3,7b-15: “O VENTO SOPRA ONDE QUER...ASSIM É TAMBÉM TODO AQUELE QUE NASCE DO ESPÍRITO”.

Há duas forças que podem nos mover: os nossos impulsos ou a vontade de Deus; a nós a escolha. A fé – como entrega obediente a Jesus – nos encaminha para uma liberdade extraordinária. Não se trata de não depender de ninguém, de ser autossuficiente, mas de ser livre dos impulsos do homem velho, tornando-se capaz de entender as coisas do céu: o amor a todos, gastar a vida na doação por amor, fazendo da vontade do Pai o próprio alimento. O vento é desapegado, maleável, reprograma-se constantemente. Quem nasce do Espírito vive da novidade da vontade de Deus: se ele pede isso, tudo bem; se ele pede outra coisa, também tudo bem. Senhor, dá-nos esta liberdade dos filhos de Deus!

Jo 3,7b-15 “TODO AQUELE QUE NELE CRER TENHA A VIDA ETERNA”. 

Jesus fala que a fé nele permite experimentar já agora vida eterna. Que é esta vida eterna? É aquela vida que Jesus ressuscitado tem em si, não submetida à morte; essa vida Ele a pode dar a quem decide não viver da própria pequena reserva de energia, mas aceita viver de fé. Nesta existência crente entra o espaço para o inesperado de Deus, aceita viver da liberdade “do vento” que sopra onde quer. Não dá pra ser cristão e preocupado ao mesmo tempo. Também nós, como Nicodemos, somos tentados sempre de novo a perguntar: “como isso pode acontecer?”. A relação com Deus gera uma nova existência, abre a vida estreita e submetida ao marasmo do tempo e da rotina ao extraordinário da vida revitalizada que nos vem do Ressuscitado. Onde encontramos isso? Nos sacramentos, no ventre da Igreja, nos irmãos abertos à ação de Deus. Recebemos esta vida eterna de graça para deixá-la gerar em nós um jeito de viver que alimenta o próximo, faminto de vida.

Jo 3,16-21: “QUEM NELE CRÊ NÃO É CONDENADO”. 

O Juízo acontece na decisão que tomamos diante de Jesus: crer ou não crer. O que é verdadeiramente crer? Não é uma mera ação psicológica que leva a um medo ou confiança em face ao perigo; isso é instintivo. O crer tem a ver com ato da vontade que se dobra diante do critério oferecido por Deus em Jesus. Não há outro modo de agradar a Deus senão como Jesus viveu: a obediência e o amor até o fim. Jesus veio para salvar-nos da queda existencial que nos metemos quando decidimos viver egocentricamente, a partir de nós e para nós. A alternativa é viver de e viver para: viver da vontade de Deus e viver como um dom para os outros. Ele nos amou tanto... vivamos deste amor, ele nos capacitará para vivência adequada.


Jo 3,16-21 ”ASSIM DEUS AMOU O MUNDO: AO PONTO QUE DEU O SEU FILHO”. 

O amor do Pai por nós leva-O a dar o Filho; o amor do Filho por nós leva-O a se entregar por nós e em nosso lugar. Esse é o amor salvador, que ama a todos e a todos dá chance de experimentá-lo. O desfecho da vida acontece na resposta que damos ao amor de Deus manifestado na pessoa de Jesus. Aceitar Jesus é mais que a adesão a um grupo religioso, é uma nova determinação dada para vida. Não aceitar Jesus é a escolha pela autossuficiência. Quem não faz a opção por Jesus passará a vida procurando se justificar, tentando provar que pode se arranjar na vida por si mesmo. Aqui já está a condenação: decidir ter somente a si na vida! A fé em Jesus, por outro lado, coloca na comunhão com a vida que Jesus dá, a vida eterna, aquela que não morre. Essa vida é dada a todos os que crerem, podendo viver a comunhão dos que decidiram não esperar só de si a quota de significado para a própria vida.

Fonte: Pe.José Otácio O. Guedes


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