O SENHOR TE CHAMA
"Gostaria de dizer àqueles e àquelas que se sentem longe de Deus e da Igreja, aos que têm medo ou aos indiferentes:
O Senhor também te chama para seres parte do seu povo, e o faz com grande respeito e amor!" EG, n.113.
quinta-feira, 23 de julho de 2020
Homilia Papa Francisco dia 27.03.2020 Mc 4,35-41 Jesus acalma a tempestade
Texto integral da homilia do Papa Francisco neste 27 de março de 2020
«Porque sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?» Nesta tarde, Senhor, a
tua Palavra atinge e toca-nos a todos. Neste nosso mundo, que Tu amas mais do
que nós, avançamos a toda velocidade, sentindo-nos em tudo fortes e capazes. Na
nossa avidez de lucro, deixamo-nos absorver pelas coisas e transtornar pela
pressa. Não nos detivemos perante os teus apelos, não despertamos face a
guerras e injustiças planetárias, não ouvimos o grito dos pobres e do nosso
planeta gravemente enfermo. Avançamos, destemidos, pensando que continuaríamos
sempre saudáveis num mundo doente. Agora nós, sentindo-nos em mar agitado,
imploramos-Te: «Acorda, Senhor!»
Mc 4,35-41 - Jesus acalma a
tempestade
«Ao entardecer…» (Mc 4,
35): assim começa o Evangelho, que ouvimos. Desde há semanas que parece o
entardecer, parece cair a noite. Densas trevas cobriram as nossas praças, ruas
e cidades; apoderaram-se das nossas vidas, enchendo tudo dum silêncio
ensurdecedor e um vazio desolador, que paralisa tudo à sua passagem:
pressente-se no ar, nota-se nos gestos, dizem-no os olhares. Revemo-nos
temerosos e perdidos. À semelhança dos discípulos do Evangelho, fomos
surpreendidos por uma tempestade inesperada e furibunda. Demo-nos conta de
estar no mesmo barco, todos frágeis e desorientados mas ao mesmo tempo
importantes e necessários: todos chamados a remar juntos, todos carecidos de
mútuo encorajamento. E, neste barco, estamos todos. Tal como os discípulos que,
falando a uma só voz, dizem angustiados «vamos perecer» (cf. 4, 38), assim
também nós nos apercebemos de que não podemos continuar estrada cada qual por
conta própria, mas só o conseguiremos juntos.
Rever-nos nesta narrativa, é
fácil; difícil é entender o comportamento de Jesus. Enquanto os discípulos
naturalmente se sentem alarmados e desesperados, Ele está na popa, na parte do
barco que se afunda primeiro... E que faz? Não obstante a tempestade, dorme
tranquilamente, confiado no Pai (é a única vez no Evangelho que vemos Jesus a dormir).
Acordam-No; mas, depois de acalmar o vento e as águas, Ele volta-Se para os
discípulos em tom de censura: «Porque sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?»
(4, 40).
Procuremos compreender. Em que
consiste esta falta de fé dos discípulos, que se contrapõe à confiança de
Jesus? Não é que deixaram de crer N’Ele, pois invocam-No; mas vejamos como O
invocam: «Mestre, não Te importas que pereçamos?» (4, 38) Não Te
importas: pensam que Jesus Se tenha desinteressado deles, não cuide deles.
Entre nós, nas nossas famílias, uma das coisas que mais dói é ouvirmos dizer:
«Não te importas de mim». É uma frase que fere e desencadeia turbulência no
coração. Terá abalado também Jesus, pois não há ninguém que se importe mais de
nós do que Ele. De fato, uma vez invocado, salva os seus discípulos
desalentados.
A tempestade desmascara a nossa
vulnerabilidade e deixa a descoberto as falsas e supérfluas seguranças com que
construímos os nossos programas, os nossos projetos, os nossos hábitos e
prioridades. Mostra-nos como deixamos adormecido e abandonado aquilo que nutre,
sustenta e dá força à nossa vida e à nossa comunidade. A tempestade põe a
descoberto todos os propósitos de «empacotar» e esquecer o que alimentou a alma
dos nossos povos; todas as tentativas de anestesiar com hábitos aparentemente
«salvadores», incapazes de fazer apelo às nossas raízes e evocar a memória dos
nossos idosos, privando-nos assim da imunidade necessária para enfrentar as
adversidades.
Com a tempestade, caiu a
maquilagem dos estereótipos com que mascaramos o nosso «eu» sempre preocupado
com a própria imagem; e ficou a descoberto, uma vez mais, aquela (abençoada)
pertença comum a que não nos podemos subtrair: a pertença como irmãos.
«Porque sois tão medrosos?
Ainda não tendes fé?» Nesta tarde, Senhor, a tua Palavra atinge e toca-nos
a todos. Neste nosso mundo, que Tu amas mais do que nós, avançamos a toda
velocidade, sentindo-nos em tudo fortes e capazes. Na nossa avidez de lucro,
deixamo-nos absorver pelas coisas e transtornar pela pressa. Não nos detivemos
perante os teus apelos, não despertamos face a guerras e injustiças
planetárias, não ouvimos o grito dos pobres e do nosso planeta gravemente
enfermo. Avançamos, destemidos, pensando que continuaríamos sempre saudáveis
num mundo doente. Agora nós, sentindo-nos em mar agitado, imploramos-Te:
«Acorda, Senhor!»
«Porque sois tão medrosos?
Ainda não tendes fé?» Senhor, lanças-nos um apelo, um apelo à fé. Esta não
é tanto acreditar que Tu existes, como sobretudo vir a Ti e fiar-se de Ti.
Nesta Quaresma, ressoa o teu apelo urgente: «Convertei-vos…». «Convertei-Vos a
Mim de todo o vosso coração» (Jl 2, 12). Chamas-nos a aproveitar
este tempo de prova como um tempo de decisão. Não é o tempo do teu
juízo, mas do nosso juízo: o tempo de decidir o que conta e o que passa, de
separar o que é necessário daquilo que não o é. É o tempo de reajustar a rota
da vida rumo a Ti, Senhor, e aos outros. E podemos ver tantos companheiros de
viagem exemplares, que, no medo, reagiram oferecendo a própria vida. É a força
operante do Espírito derramada e plasmada em entregas corajosas e generosas. É
a vida do Espírito, capaz de resgatar, valorizar e mostrar como as nossas vidas
são tecidas e sustentadas por pessoas comuns (habitualmente esquecidas), que
não aparecem nas manchetes dos jornais e revistas, nem nas grandes passarelas
do último espetáculo, mas que hoje estão, sem dúvida, a escrever os
acontecimentos decisivos da nossa história: médicos, enfermeiros e enfermeiras,
trabalhadores dos supermercados, pessoal da limpeza, curadores,
transportadores, forças policiais, voluntários, sacerdotes, religiosas e muitos
– mas muitos – outros que compreenderam que ninguém se salva sozinho.
Perante o sofrimento, onde se
mede o verdadeiro desenvolvimento dos nossos povos, descobrimos e
experimentamos a oração sacerdotal de Jesus: «Que todos sejam um só» (Jo 17,
21). Quantas pessoas dia a dia exercitam a paciência e infundem esperança,
tendo a peito não semear pânico, mas corresponsabilidade! Quantos pais, mães,
avôs e avós, professores mostram às nossas crianças, com pequenos gestos do dia
a dia, como enfrentar e atravessar uma crise, readaptando hábitos, levantando o
olhar e estimulando a oração! Quantas pessoas rezam, se imolam e intercedem
pelo bem de todos! A oração e o serviço silencioso: são as nossas armas
vencedoras.
«Porque sois tão medrosos?
Ainda não tendes fé?» O início da fé é reconhecer-se necessitado de
salvação. Não somos autossuficientes, sozinhos afundamos: precisamos do Senhor
como os antigos navegadores, das estrelas. Convidemos Jesus a subir para o
barco da nossa vida. Confiemos-Lhe os nossos medos, para que Ele os vença. Com
Ele a bordo, experimentaremos – como os discípulos – que não há naufrágio.
Porque esta é a força de Deus: fazer resultar em bem tudo o que nos acontece,
mesmo as coisas ruins. Ele serena as nossas tempestades, porque, com Deus, a
vida não morre jamais.
O Senhor interpela-nos e, no meio
da nossa tempestade, convida-nos a despertar e ativar a solidariedade e a
esperança, capazes de dar solidez, apoio e significado a estas horas em que
tudo parece naufragar. O Senhor desperta, para acordar e reanimar a nossa fé
pascal. Temos uma âncora: na sua cruz, fomos salvos. Temos um leme: na sua
cruz, fomos resgatados. Temos uma esperança: na sua cruz, fomos curados e
abraçados, para que nada e ninguém nos separe do seu amor redentor. No meio
deste isolamento que nos faz padecer a limitação de afetos e encontros e
experimentar a falta de tantas coisas, ouçamos mais uma vez o anúncio que nos
salva: Ele ressuscitou e vive ao nosso lado. Da sua cruz, o Senhor desafia-nos
a encontrar a vida que nos espera, a olhar para aqueles que nos reclamam, a
reforçar, reconhecer e incentivar a graça que mora em nós. Não apaguemos a
mecha que ainda fumega (cf. Is 42, 3), que nunca adoece, e
deixemos que reacenda a esperança.
Abraçar a sua cruz significa
encontrar a coragem de abraçar todas as contrariedades da hora atual,
abandonando por um momento a nossa ânsia de omnipotência e possessão, para dar
espaço à criatividade que só o Espírito é capaz de suscitar. Significa
encontrar a coragem de abrir espaços onde todos possam sentir-se chamados e
permitir novas formas de hospitalidade, de fraternidade e de solidariedade. Na
sua cruz, fomos salvos para acolher a esperança e deixar que seja ela a
fortalecer e sustentar todas as medidas e estradas que nos possam ajudar a
salvaguardar-nos e a salvaguardar. Abraçar o Senhor, para abraçar a esperança.
Aqui está a força da fé, que liberta do medo e dá esperança.
«Porque sois tão medrosos? Ainda
não tendes fé?» Queridos irmãos e irmãs, deste lugar que atesta a fé
rochosa de Pedro, gostaria nesta tarde de vos confiar a todos ao Senhor, pela
intercessão de Nossa Senhora, saúde do seu povo, estrela do mar em tempestade.
Desta colunata que abraça Roma e o mundo desça sobre vós, como um abraço
consolador, a bênção de Deus. Senhor, abençoa o mundo, dá saúde aos corpos e
conforto aos corações! Pedes-nos para não ter medo; a nossa fé, porém, é fraca
e sentimo-nos temerosos. Mas Tu, Senhor, não nos deixes à mercê da tempestade.
Continua a repetir-nos: «Não tenhais medo!» (Mt 14, 27). E nós,
juntamente com Pedro, «confiamos-Te todas as nossas preocupações, porque Tu
tens cuidado de nós» (cf. 1 Ped 5, 7).
terça-feira, 21 de julho de 2020
quinta-feira, 16 de julho de 2020
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sábado, 4 de julho de 2020
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