Passos para uma nova maneira de pensar os encontros de catequese
Os elementos metodológicos que
abaixo apresentamos, não podem ser vistos isoladamente, dentro dos encontros,
mas como dimensões que perpassam, que se entrelaçam para alcançar os objetivos
da Iniciação à vida cristã:
-
oportunizar encontro vivo e alegre com a pessoa de Jesus Cristo e seu projeto
(querigma: anúncio de Jesus Cristo);
-
conscientizar que o discipulado cristão é opção para a vida toda (catecumenato
e iluminação: Catequese);
-
iniciar a pessoa na vida de fé da comunidade, por meio da liturgia
(catecumenato e iluminação: Catequese);
-
despertar a vocação batismal do compromisso pelo Reino de Deus (mistagogia).
1)
ALEGRIA
Os
encontros de catequese necessitam ter como característica a alegria. Esta
aproxima, dá espaço para relações fraternas e capacita para maior recepção da
Mensagem.
O
Papa Francisco nos leva a uma reflexão, pois anunciar Jesus é motivo de alegria
e diz: "A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles
que se encontram com Jesus. Com Jesus Cristo renasce sem cessar a
alegria". (EG 1).
Ao
preparar cada encontro podemos nos perguntar: É com alegria que preparo este
encontro? Sou capaz de atrair através da Alegria? Por quê? Que atitudes
precisamos assumir para que a Mensagem de Jesus seja recebida com alegria?
2)
ESCUTA
A
proposta da escuta é para colocar os catequizandos em atitude de quem vai
interiorizar a Mensagem recebida. O silêncio está colocado com a escuta. Nos
dias de hoje vivemos em um mundo muito barulhento. Parece que o silêncio não
tem mais lugar. No caminho da Iniciação à Vida Cristã, o encontro com Deus,
pela oração e a contemplação do mistério, precisam ganhar mais espaço.
Para
que o silêncio faça parte dos nossos encontros, em primeiro lugar, o próprio
catequista precisa passar por esta experiência. Nos encontros, a prática da
escuta da Palavra, a escuta do outro, a escuta dos barulhos que nos cercam
podem ser bons exercícios para criar hábitos, sem mesmo constranger, os mais
inquietos.
A
escuta de Deus é para nós algo familiar? Quais momentos seriam apropriados para
os nossos catequizandos fazerem a experiência do silêncio? Como?
3)
CONVIVÊNCIA
O
relacionamento fraterno se aprende na convivência. Os encontros de catequese
pretendem educar para uma convivência harmoniosa. Isto não só com relação ao
grupo atingido no processo de Iniciação à Vida Cristã, mas que se faça a
experiência da partilha, da paz, da justiça, olhando para além das nossas
janelas.
O
diálogo entre os catequizandos, pais, famílias e comunidade, testemunha a
prática do seguimento a Jesus Cristo. É Ele que nos ensina como praticar o
acolhimento do outro. Nisto estão, principalmente os pobre, crianças, doentes,
indefesos. Jesus nos diz que o parâmetro para o discipulado é o amor, que
promove a vida. A criatividade para uma boa convivência passa pelas festas,
celebrações, trabalhos em grupos pequenos, leitura bíblica partilhada,
exercício da caridade, na promoção de valores humanos, em gestos afetuosos,
troca de experiências. A convivência é também conteúdo. Nela nos educamos para
a vivência dos valores humanos e evangélicos. Podemos indicar: a vivência da
paz, da justiça, amor e ajuda aos sem voz e vez.
Como
desenvolver atitudes de valorização mútua entre os catequizandos? Já
desenvolvemos alguma experiência de acolhida aos catequizandos? Aos pais? A
convivência entre os catequistas ajuda na convivência com os catequizandos?
4) A
CENTRALIDADE DA PALAVRA DE DEUS
Nos
encontros de catequese prioriza-se a Palavra de Deus, pois com ela iluminaremos
todo o processo da Iniciação à vida Cristã. A partir da Palavra queremos
assumir o discipulado. O documento Alegria do Evangelho (*Evangelii Gaudium) do
Papa Francisco nos diz: "Toda a evangelização está fundada sobre a Palavra
escutada, meditada, vivida, celebrada e testemunhada. A Sagrada Escritura é
fonte de evangelização" (EG 174). "É fundamental que a Palavra
revelada fecunde radicalmente a catequese e todos os esforços para transmitir a
fé" (EG 175). É a Palavra que nos leva ao discipulado quando entendemos
que "Esta Palavra está muito perto de ti, está na tua boca e no teu
coração, para que a ponhas em prática" (DT 30,14). Somos convidados a uma
intimidade sempre maior com a Palavra de Deus, a viver "não só de pão,
mas, também de tudo aquilo que sai da boca do Senhor" (Mt 4,4). Esta
Palavra viva e forte, que criamos uma proximidade, vai nos servir de consolo
mas, ela nos educa para uma consciência reta, a assumir valores que dignificam
a pessoa com sua pluralidade.
Atitudes
diante da Palavra:
-
Valorizar cada mensagem por ela transmitida.
-
Colocar-se em atitude de escuta e, para isto, é necessário fazer silêncio.
-
Aprofundar-se sobre cada texto relacionado nos encontros.
Para
a Palavra de Deus não vale água com açucar. Passar para os catequizandos um
grande respeito pela Palavra. Exercitá-los para uma leitura orante(Lectio
Divina) diária. Para isso, valem pequenas frases, fáceis de serem entendidas e
memorizadas, colocando-as em lugares de destaque, envolvendo as pessoas
próximas: família, escola, amigos, etc. Precisamos criar o costume da leitura
Bíblica de forma sistemárica (Leitura orante), preferencialemente em família e
em comunidade. O catequista precisa ser um especialista em contar e narrar
textos bíblicos.
Fonte: Ir.
Marlene Bertoldi
Site
Catequese do Brasil - CNBB