Lc 1,26-38 “EIS A
SERVA DO SENHOR!”. A docilidade da criatura ao Criador é a essência da fé. Na
vontade de Deus está a palavra que sustenta o sentido da existência humana. No
sim de Maria está sustentada nossa salvação. Se nenhuma criatura disser um sim
incondicional a Deus, não há encarnação e toda a criação continua a gemer sem a
esperança da páscoa. No sim da criatura Maria, o sim de amor eterno de Deus se
ancora na nossa história e se torna a chance aberta para nós. Senhor, pela tua
encarnação, dá-nos a força interior para dizer e sustentar nosso sim à vontade
de Deus. Amém!
Lc 4,16-30: “NENHUM
PROFETA É ACEITO NA SUA PRÓPRIA TERRA”. Jesus veio para os Seus, mas eles não O
acolheram. Isso vale para os nazarenos, mas vale também para a humanidade que
vive o terrível drama da recusa de Deus. O jeito de Deus ser em Jesus não é
acolhido. Jesus não atendeu às expectativas, porque na raiz delas estava o
encurtamento da esperança: “Faça o que fez!” Dois erros cometem os nazarenos:
dar ordens a Deus e querer que seja repetitivo. O Inimigo é repetitivo, Deus é criativo! A profecia é grávida de uma perspicácia
divina: no coração de uma assembleia atenta – olhos fixos -, encontra-se o
germe da idolatria. Por quê? A quem podemos manipular e, ao mesmo tempo, chamar
de “Deus“? A um ídolo. O ídolo é o deus que criamos, adequado às nossas
exigências do momento. Louvemos a Deus por essa Palavra, palavra profética que
nos mostra, na tranquilidade do sistema, a ponta do fio que desenovela nossa
disposição tão interesseira na relação com Deus. Jesus defende a liberdade de
Deus para que sejamos livres da nossa mesquinhez. Acolher Deus tal como Ele
vem, nos fatos e pessoas, exige conversão. Jesus mostra como a idolatria está
perto de nós, como o que é útil, conveniente e prazeroso nos conquista e nos
faz rejeitar tudo o que possa destoar dessa expectativa. A tentação do “bezerro
de ouro” está sempre à espreita do coração humano.
Lc 4,31-37: “ELE DÁ
ORDENS COM AUTORIDADE E PODER AOS ESPÍRITOS IMPUROS E ELES SAEM.” Ontem,
encontramos Jesus na sinagoga em Nazaré e Ele nos disse que veio “para
proclamar o ano da graça de Senhor”. Hoje, Ele começa a mostrar em que consiste
esse ano jubilar: o poder do espírito do mal é silenciado e retirado da vida de
uma pessoa. Esse poder do Maligno estava na Sinagoga, lugar de oração. Isso nos
ensina que nenhum lugar, por si mesmo, é limite para a ação do Mal. Só em um lugar Satanás não
tem poder: em Cristo. O Mal não tem poder sobre Jesus. O Espírito Santo, com o
qual Jesus foi ungido, é a força do Bem e de Luz diante da qual o mal e as
trevas dissipam-se. Ocupemo-nos de estarmos “em Cristo”, na obediência à
palavra escutada, na comunhão do Corpo de Cristo eclesial e sacramental. Não
nos preocupemos com Satanás, pois ele não terá poder sobre nós. Senhor, cremos
que em Ti somos mais que vencedores e aquele que tem o poder da morte não
resistirá à Tua fonte de vida que jorra em nós que cremos em Ti. Amém!
Lc 4,38-44: “ELE
IMPUNHA AS MÃOS E OS CURAVA.” A enfermidade mostra a ausência de um bem: a
saúde. Jesus veio oferecer a vida plena e os doentes deverão receber o toque de
Jesus para serem curados. Jesus cura o ser humano na sua totalidade. A fé é
necessária para a cura, de outro modo não haveria a cura total, a cura do
coração ferido. “O ano da graça do Senhor” que Jesus inaugura durará
eternamente. Já agora podemos experimentar algo da Sua plenitude. Deixemos que
Jesus nos toque e levemos muitos outros para que sejam tocados por Ele. Jesus
continua nos tocando nos sacramentos vivenciados com fé. Não há nada de mágico,
mas há tudo de sobrenatural na vida de quem vive de fé. Amigo, desejo que Jesus
te toque hoje. Boa tarde!
Lc 5,1-11: “NA TUA
PALAVRA LANÇAREI AS REDES.” Isso quer dizer: em obediência a Ti voltarei a
lançar as redes, quantas vezes for pedido. “Pescamos a noite toda” indica toda
luta e esforço do ser humano fora da obediência. Quantos projetos de
felicidade, quantas estratégias de sucesso, tudo fadado ao falimento. A
abundância que interessa vem da obediência. Os objetivos que contam e a
felicidade que pacifica o coração não vêm da labuta, mas são dons. Adão pensou
que a sabedoria que o igualaria a Deus viria de ‘colher’ o fruto. Jesus ensina
que vem de ‘acolher’ como graça a vida. Senhor, dá-nos a graça de um
entendimento profundo de quem somos nós e de quem és Tu. Amém!
Lc 5,33-39: “PODEIS
OBRIGAR OS CONVIDADOS DO CASAMENTO A JEJUAR, ENQUANTO O NOIVO ESTÁ COM ELES?” O
que era velho passou... Que é o vinho novo, senão Jesus e o movimento formado
por Ele? O “velho” são as estruturas religiosas e de vida criadas a partir de
corações estreitados pela perda da escuta de Deus que é sempre novo. Que
sentido tem o jejum para nós? Cremos que o Esposo/Noivo está conosco, mas
existem dimensões na nossa vida ainda não ‘casadas’ com Ele. São aqueles espaços em nós que devem ser submetidos ao senhorio de Jesus.
Afinal de contas, devemos fazer todo esforço para não impedirmos que Deus nos
tome e nos faça santos. O trecho nos lembra de que somos todos convidados para
o banquete de núpcias, o Céu. Deste banquete, a Eucaristia é sacramento, que,
de modo sacramental, antecipa a alegria da festa que, no céu, nunca mais vai
acabar. Alegremo-nos, mas não sozinhos, desejemos que todos participem desta
reserva de contentamento. As dores são passageiras, a alegria prometida é
duradoura.
Lc 6,1-5: “O FILHO DO
HOMEM É SENHOR DO SÁBADO.” Para Jesus, o que interessa não é colher ou deixar
de colher espigas, mas se o coração está ou não sob o senhorio de Deus. Ninguém
é mais livre que um cristão, pois pela união com Cristo, ele participa da
liberdade de Deus. O Cristão vive do essencial, do que gera vida plena. Nossa
liberdade está ligada ao senhorio de Jesus. Nossa liberdade só será autêntica
se nela se manifestar o senhorio de Jesus. Esta liberdade interior é gerada em nós pela união com Cristo, não por uma superficial
subordinação. As muitas exigências podem dar ares de maior religiosidade, mas,
na verdade, transfere-se para as práticas uma concepção de Deus como Quem
restringe o espaço de liberdade do ser humano. Quem vive a fé seria, então,
menos livre. Mas é justamente o contrário o que propõe Jesus: a fé abre um
espaço de liberdade em relação ao mundo; as pessoas são parceiras; a criação
foi feita boa para nosso bem e Deus é o mais envolvido na nossa felicidade
plena. Não nos oprimamos com leis que nós mesmos damos a nós e que não levam à
vida, mas expressam nossas doenças espirituais que nos castram.
Lc 6,6-11: “LEVANTA-TE
E FICA AQUI NO MEIO!” O homem tinha-se acostumado a se sentar no cantinho,
talvez até mesmo grato por estar ali na sinagoga. Porém, é possível que certo
constrangimento levasse aquele homem a esconder a mão. Causa sempre um
mal-estar que as pessoas descubram alguma imperfeição em nós. Nossa insegurança
e medo de que não nos aceitem se descobrirem nosso segredo, nos faz viver na penumbra.
De repente, Jesus aparece e diz: “Fica de pé no meio!” Aquelas pessoas nada fizeram pelo homem e estavam a espreitar se Jesus
faria algo no dia de sábado. Eram mais zelosos da lei do sábado do que da lei
do amor, do bem que aquele homem poderia receber. Nós podemos ser o homem com a
mão atrofiada, ou mesmo os zelosos do sábado. Somos propensos a suspender as
leis, quando isso nos favorece, ou quando a situação melhor se adequa à nossa
cabeça. Quando o zelo perde sua relação direta com Deus, ele tende a se
endurecer e a funcionar como uma ideologia. Aqueles homens defendiam o sábado,
mas perderam a sensibilidade do bem maior. Mesmo que haja as leis, não estamos
dispensados do devido discernimento para verificarmos onde está, realmente, a
vontade de Deus. A lei máxima sempre será o amor, o amor que gera mais vida.
Lc 6,20-26: “FELIZES
VÓS QUE AGORA PASSAIS FOME, PORQUE SEREIS SACIADOS.” Há uma reserva de
insatisfação com o mundo que define o discípulo de Jesus: o mundo não sacia sua
fome. Jesus pede para deixarmos tudo e O seguirmos. Ele pede para não levarmos
duas túnicas, nem nada que possa dar uma falsa sensação de segurança. O coração
humano é escravo e, por vezes, se coloca a serviço de senhores mais variados.
Uma vida simples, despojada, não é privilégio para algum asceta sobre-humano, mas é um convite inerente ao discipulado. No
Cristianismo, a pobreza não é ascese, é disposição para o Reino. “Ai de vós,
ricos!” Jesus não pretende ser politicamente correto. Ele vai logo às questões
mais profundas do coração humano: a busca da segurança e da vida tranquila. Em
si, a riqueza não é um problema, mas os bens se aproveitam do nosso ‘coração
escravo’ e tomam o lugar do amor a Deus e da liberdade que precisamos para amar
o próximo e servi-lo. Temos um coração livre? Pensemos nisso!
Lc 6,27-38: “SEDE
MISERICORDIOSOS!” Em Deus, misericórdia e justiça se identificam, pois Deus é
simples. O que nos permite um juízo duro com os outros? Nossa pretensão de
sermos melhores; de sermos pessoas boas, que se não fazem o bem, o mal jamais;
querer que a cabeça do outro seja como a nossa. Ah, se tivéssemos espelho!
Então, Jesus nos diz hoje: “Sede misericordiosos, não julgueis, não condeneis,
dai com generosidade”. Estas são atitudes fortes para com o próximo. A misericórdia é profundamente realista, pois se funda sobre a
realidade de que todo ser humano traz na raiz mais profunda do seu ser a imagem
e semelhança de Deus. A reserva de bem da pessoa humana é sempre maior que o
mal que ela manifesta. A marca de amor que Deus imprimiu só está empoeirada –
por vezes muito empoeirada! –, podendo sempre ser reativada. Saímos das mãos de
Deus como fonte límpida. Já a rede de humanidade que nos acolhe não é íntegra;
e nós mesmos nos encarregamos de colocar lixo nessa fonte com as escolhas que
vamos fazendo ao longo da nossa história. Não subestimemos a força da Luz que
penetra nas frestas de generosidade, a força dos pequenos gestos gratuitos.
Lc 6,39-42: “TIRA
PRIMEIRO A TRAVE QUE ESTÁ NO TEU OLHO.” Essa Palavra nos convida a ver as
pessoas como Jesus as via, na sua verdade mais profunda. Não um olhar ‘moral’,
apressado em dar um juízo, mas um olhar naquilo que mais profundamente a pessoa
é: imagem e semelhança de Deus. Jesus pede que nos ocupemos da nossa cegueira,
de que percebamos que somos todos de barro, podendo acontecer que, o que quero
corrigir no outro não passe de um cisco em comparação com a gravidade do que não estou percebendo em mim. Superemos a tentação de
sermos verificadores da moralidade dos outros. Ocupemo-nos em amar as pessoas,
pois isso as ajudará mais. Quem não se ocupa verdadeiramente com o caminho da
própria santificação, dificilmente, terá condições de ajudar os outros naquilo
que importa para o crescimento delas; quando muito será um “chato de plantão” a
apontar para o mal que está fora de si, não percebendo a porção de mal que está
dentro de si. Sejamos como o Mestre, que via as pessoas com a lente de Deus.
Lc 6,43-49 “NÃO HÁ
ÁRVORE BOA QUE DÊ FRUTO MAU”. A metáfora da árvore é forte. O coração deve ser
trabalhado, transformado. É um nível muito profundo, muito difícil. Seremos
sempre tentados a desistir e a deixar tudo como está. Mas todos somos chamados
ao empenho pela vida plena, pela busca do projeto originário de Deus sobre nós,
sem nossas máscaras. Não há na Palavra de Jesus um determinismo, como se a
árvore má estivesse determinada a ser sempre má. De modo algum! Jesus aposta na nossa conversão, por isso deu a vida por nós. Mas
nossas atitudes mostram nosso coração, pois “o agir segue o ser". Que árvore
somos? Como está nosso centro existencial? De outra parte, a metáfora da
construção da casa ilustra nossas escolhas, o que valorizamos na vida. Uma vida
superficial não subsiste às tempestades e nós nos desesperamos, pois as colunas
rasas, que, num determinado momento, foram cômodas, se mostram insuficientes.
Mas é sempre tempo de retomar e redimensionar a vida. Não deixemos para depois.
Façamos hoje escolhas fortes e generosas. Quais? Aquelas simples e bem
concretas que Deus nos pede no momento presente.
Lc 7,31-35: “TOCAMOS
FLAUTA PARA VÓS E NÃO DANÇASTES!” Jesus alude às pessoas que não se comprometem
com a verdade mais profunda da vida, encontram sempre seus motivos para
administrarem uma vidinha medíocre. Parecem crianças pirracentas que querem
tudo do seu jeito; às vezes nem têm um jeito e se queixam de tudo. João Batista
é o ícone da dimensão exigente da vida religiosa e Jesus é o ícone do dom, da
graça, do fardo leve. Jesus é a ‘flauta’; João, o ‘canto de luto’. O dom, quando acolhido,
exige comprometimento vivencial. O problema de não acolher a vontade de Deus
dada é querer inventar um evangelho na própria medida, mas que não nos salva. O
Evangelho se coloca diante de nós como uma proposta oferecida, somos convidados
a segui-lo. A fé tem luz suficiente para quem quer ver; mas há trevas
suficientes para quem não quer ver. As “coisas” de Deus são sempre respeitosas
da liberdade humana. Fiquemos atentos a não justificarmos escolhas não cristãs,
pois quem não vive como pensa acaba por pensar como vive, ou seja, justifica a
própria prática. Que acolhamos e “dancemos” de acordo com a “música” que Deus
tocar para nossa vida!
Lc 7,36-50: “ELA
DEMONSTROU MUITO AMOR.” Há pessoas que, envenenadas pela sua condição social,
não se permitem ser agradecidas; não há espaço para gestos gratuitos, sentindo-se
sempre enaltecido diante de outra pessoa. Quem se acha importante, confiando em
si, amará pouco, pois julgará desnecessário algo mais que sua ilibada pessoa já
seja. Não é assim que agiu Simão, o fariseu? Há pessoas, por outro lado, que
acham que nada merecem, e não há nem queixa se lhes falta atenção, afinal de contas,
ninguém a elas deve nada. Por se perceberem não merecedoras, desdobram-se em
iniciativas para agradarem. Não foi isso o que fez a pecadora? Ela não confiou
na sua moralidade para chamar a atenção do Mestre. O que pode fazer? Amá-lO!
Essa passagem interroga a mim e a você sobre os nossos detalhes de amor por
Jesus, sobre o zelo com as “coisas” dEle, a começar pelos pobres dEle. Como
está nosso trato com Ele na oração? Que lugar tem a reflexão sobre o que é
eterno em nossa vida? Amemos muito, pois no amor está o vínculo da perfeição.
Lc 8,1-3: “OS DOZE
ESTAVAM COM ELE, ASSIM COMO ALGUMAS MULHERES.” Às mulheres, como aos homens,
Jesus concedeu a graça de poder acompanhá-lO. Aqui não há espaço para disputa
de “direitos”, mas novamente de gratidão por tal dom. Jesus aceitou os dons das
mulheres como expressão da providência do Pai que cuida de seu Filho que não há
onde reclinar a cabeça. Jesus graciosamente acolhe o gênio masculino e o feminino
entre seus seguidores. Se a todos esta palavra fala, particularmente às mulheres cabe, com coração agradecido, refletir sobre
sua participação na família e na comunidade cristã. As mulheres são sacramento
da Igreja, porque no “sim” da mulher Maria está a essência da Igreja. A
essência da Igreja é sua abertura a ser fecundada por Deus para continuar
gerando no mundo a Palavra eterna. Maria é mais que Pedro na Igreja. Pedro
simboliza o que não é: a sólida pedra da unidade. Maria, com sua atitude de total
disposição à vontade de Deus, é realidade simbólica de toda a Igreja.
Lc 8,4-15: “OUVINDO A
PALAVRA COM CORAÇÃO NOBRE E GENEROSO, CONSERVAM-NA.” Essa Palavra ilustra as
possíveis atitudes das pessoas na relação com Jesus, a Palavra de Deus. Mas
também pode se referir a momentos da nossa vida. Há momentos de
superficialidade, quando trocamos a primogenitura por um prato de lentilhas. Há
momentos em que a euforia de um encontro, de um retiro espiritual ou uma
pregação nos fazem pensar que somos totalmente de Deus e aí, vem uma situação
adversa e vemos que nossos fundamentos não
eram tão profundos assim, que não éramos aquele “cristãozão” todo que
acreditávamos ser. Outras vezes, nós nos vemos tirando Deus do centro da nossa
vida, pois as “coisas” ou afetos não nos permitem chegar à maturidade cristã.
Estamos sempre de novo encontrando Deus na periferia da nossa vida. Temos que
admitir que há tempos, quando a generosidade com Deus encontra maior espaço em
nossa vida e aí produzimos muito para a glória de Deus. Sem dúvida, não é
saudável espiritualmente estarmos sempre relaxados, vivendo momentos de
instabilidade. É preciso que paremos e tomemos decisões sérias, se, de fato,
queremos ser discípulos de Jesus, conscientes de Suas exigências. Senhor,
queremos sempre produzir frutos pela perseverança. Amém!
Lc 8,19-21: “MEUS
IRMÃOS SÃO OS QUE OUVEM A PALAVRA DE DEUS E A PÕEM EM PRÁTICA.” O vínculo mais
forte que nos une a Jesus é a obediência à vontade de Deus. Qualquer pretensão
de ‘ser salvo’ que não passe pela renúncia da própria vontade é ainda vanglória
e presunção. Louvo a Deus pelo testemunho de uma multidão de pessoas que, com a
vida, nos diz que é possível obedecer. Neste grupo, destaca-se a Virgem Maria,
cujo título de honra é o de ser serva do Senhor. Sua maternidade divina não seria possível sem sua acolhida irrestrita à
Palavra de Deus na sua vida: a Palavra só foi gerada no seu ventre, porque,
antes, foi gerada no seu coração de mulher de fé. Renovemos nosso desejo de
sermos obedientes a Deus; confiemos à Sua misericórdia nosso passado, ao Seu
amor nosso presente, e à Sua providência nosso futuro (cf. São Padre Pio).
Obrigado, Senhor, por estar no mesmo Corpo em que estão os santos e santas, do
qual és a Cabeça. Amém.
Lc 9,1-6: “DEU-LHES
PODER E AUTORIDADE SOBRE TODOS OS DEMÔNIOS.” Jesus dá aos apóstolos autoridade
para expulsar demônios e curar doenças. São assistidos na luta contra o Mal e
os males. A existência do demônio faz parte de um conjunto de elementos
apreendidos pela revelação bíblica e que dá razoável sentido ao que
experimentamos. Nessas verdades estão: a bondade da criação, o pecado original,
a existência dos demônios e o desejo do céu. Dos textos bíblicos, colhemos que
os demônios são seres espirituais,
cuja missão é se entrepor entre nós e Deus, entre nós e o projeto de vida plena
de Deus para nós. Isso é possível? A experiência mostra pessoas que fazem
escolhas contrárias à vida plena. Mas, não bastaria o livre arbítrio para
explicar essas escolhas erradas? Às vezes, parece que sim, mas há fatos que
saem do nível do razoável. Essa não é a essência da fé, mas é sempre bom saber
que, pela nossa união com Jesus, dEle recebemos autoridade espiritual sobre
qualquer mal. Continuemos a suplicar: "livra-nos do Mal!", sabendo
que nada, por si mesmo, pode nos separar do amor de Deus manifestado em Cristo
Jesus, nosso Senhor.
Lc 9,7-9: “QUEM É
ESSE, DE QUEM OUÇO TAIS COISAS?” Este é Jesus, Aquele que se tornou nosso Irmão
na carne e no sangue para que fôssemos irmãos dEle segundo o Espírito. A
pergunta supõe margens estreitas, apresentando dificuldade para reconhecer Deus
na humanidade de Jesus de Nazaré. Ele é nosso Deus! NEle há a realização plena
do humano, o caminho adequado para agradar ao Pai, o desabrochar do sentido da
vida como dom de si. Em Jesus, está nosso ambiente vital. Fora dEle, o deserto
e a morte; nEle, fontes de água viva que fecundam nossas experiências, fazendo
com que passemos do vazio da morte para a plenitude pascal. Quem é esse? Ele é
o único capaz de dar uma resposta razoável ao enigma que somos e que vivemos.
Fora dEle, criamos soluções capengas, porque não verdadeiras. Jesus é o Senhor
para a glória de Deus Pai. Amém!
Lc 9,18-22: “E VÓS,
QUE DIZEIS QUE EU SOU?” Quem é Jesus? Da resposta a essa pergunta depende nosso
estilo de vida. Não respondê-la, não resolve, pois não responder é dar
vivencialmente um retorno, do tipo: não me interessa. Neste caso, o silêncio
não é desculpável. A vida de muitas pessoas mudou pela relação com Jesus. Como
imaginar um fenômeno como a vida dos santos sem uma clara resposta a essa
pergunta? Seria uma insanidade! O conhecimento da fé vai além de informações recebidas. Hoje, fala-se de um conhecimento “performativo”, que
marca a vida na sua estrutura mais fundamental, nos valores mesmos. A resposta
de Pedro – “Cristo de Deus” – é regra para nossa resposta. Essa resposta é
pessoal, mas não inventada pela pessoa. Ela é recebida de outras que creram
antes de nós. Sem este vínculo com outros crentes, não há propriamente fé
cristã. A proibição do anúncio foi até sua ressurreição. Hoje, somos exortados
a anunciar. O que anunciar? Que Jesus é o Messias, morto por nós e confirmado
pelo Pai na ressurreição que nos justifica, estabelecendo uma relação adequada
entre nós e Deus, pela nossa fé.
Lc 10,38-42: “UNICUM
NECESSARIUM.” Talvez, a grande liberdade interior se consiga quando se
experimenta essa “única coisa necessária”. Marta é o paradigma da pessoa que
não encontrou o “único necessário”. Ela pensa que a vida vem da sua luta, do
muito agitar e do corre-corre. Maria está sentada e ela sabe que aquilo de que
mais necessitamos nos é dado de graça. No caso dela, está ali diante de si:
Deus. Não temos que cruzar os braços, mas não podemos deixar o ranço de ‘Babel’
nos tomar. “Se o Senhor não construir a casa, em vão trabalham os construtores.
Se o Senhor não vigiar nossa cidade, em vão vigia a sentinela” (Sl 127,1). Que
o Espírito Santo nos permita entender e vivenciar esta Palavra. Amém!
Fonte: Pe. José Otácio Oliveira Guedes
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