O SENHOR TE CHAMA


"Gostaria de dizer àqueles e àquelas que se sentem longe de Deus e da Igreja, aos que têm medo ou aos indiferentes:
O Senhor também te chama para seres parte do seu povo, e o faz com grande respeito e amor!" EG, n.113.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

EVANGELHOS DA QUARESMA - REFLEXÕES

Mt 4,1-11 - 09.03.2014. 1º Domingo da Quaresma

Muita paz e alegria a você que está vivenciando esta Quaresma, conosco e a toda a sua família! No 1º domingo da quaresma. Nesses quarenta dias que precedem a Páscoa, recordamos os quarenta anos do povo hebreu no deserto e os quarenta dias em que Jesus fez a experiência de deserto, preparando-se para sua missão.
O mais importante da quaresma é a Páscoa: a festa central do cristianismo e o ponto alto do tempo litúrgico. Mais do que simples preparação da Páscoa, a quaresma constitui ensaio de vida nova no Espírito.
Quaresma é tempo de deixar tudo o que é velho em nós, tempo de abrir-nos à vida sempre nova que brota da cruz, tempo de converter-nos ao projeto de Deus, ouvindo e acolhendo sua Palavra, que nos propõe buscar primeiro o Reino de Deus e sua justiça, retomando a opção fundamental de nossa fé, feita no Batismo.
O Evangelho deste domingo, em Mateus, capítulo 4, versículos de 1 a 11, fala das tentações de Jesus. Mais do que tentações, o que acontece com Jesus nesta passagem deve ser chamado de provações.
Tal como o povo de Israel que, saindo do Egito e sendo guiado por Moisés, é posto à prova por quarenta anos, assim Jesus, guiado pelo Espírito, enfrenta as provações do deserto por quarenta dias.
No entanto, ao contrário do povo, que tantas vezes sucumbiu às murmurações e aos ídolos, Jesus supera e vence todas as provas.
A cada proposta do demônio, Jesus responde citando a Escritura e manifestando sua total e plena adesão e obediência a ela.
Este é o caminho oferecido para esta quaresma: tornar a Palavra de Deus o critério fundamental que nos orienta e nos firma no meio dos confrontos entre o Reino de Deus e o que o ameaça. Portanto,, ser discípulo de Jesus é aprender da Palavra e ser sustentado por ela.
Oração
Ó Deus, escuta as preces de teus filhos e filhas que iniciam a caminhada quaresmal. Dá-nos a graça de estarmos mais atentos aos teus desígnios de amor, para que possamos celebrar, na alegria do Espírito Santo, a santa Páscoa de Jesus Cristo. Amém.
(Salmo 50) Piedade, ó Senhor, tende piedade, pois pequei contra vós.

2º DOMINGO DA QUARESMA - ANO A - REFLEXÃO Mt 17,1-9 - 16.03.2014.

Celebramos nesta data o domingo da Transfiguração do Senhor. Em nossa caminhada em preparação à Páscoa, vamos subir a montanha com Jesus e três de seus discípulos, para fazermos a experiência da intimidade com ele, recebermos a visão de sua glória e o mandamento de escutar sua Palavra.
O trecho de Mateus, capítulo 17, versículos de 1 a 9, lido na liturgia deste segundo domingo da quaresma, tem como objetivo nos ensinar que a Transfiguração de Jesus serve para nos mostrar que ele é o novo Moisés, o Servo de Javé e o Profeta por meio do qual chega a nós o Reino da Justiça.
O texto afirma que o rosto de Jesus brilhou como o sol e as suas roupas ficaram brancas como a luz. Isso significa que a Justiça do Reino vai triunfar: "Os justos brilharão como o sol no Reino de seu Pai".
Moisés e Elias representam, respectivamente, a Lei e os Profetas; foram pessoas que falaram diretamente com Deus no monte Sinai. Agora estão falando com Jesus.
A Transfiguração de Jesus é sinal de sua ressurreição, vencendo a morte e a sociedade violenta que o matou. Ela se torna, assim, anúncio da vitória da justiça sobre a injustiça.
A reação dos discípulos é de medo: "Eles ficaram muito assustados e caíram com o rosto em terra". Na Bíblia, essa é a reação característica dos que receberam grandes revelações divinas.
Em nossa vida, carregada de nuvens e sofrimentos, não faltam momentos de transfiguração, nos quais sentimos a presença amorosa de Deus e experimentamos seu convívio.
Estes momentos de experiência viva de Deus não são ilusão. Tornam-se possíveis particularmente quando os entregamos à oração, como o foi para Jesus que subiu ao monte para rezar.
ORAÇÃO:
Ó Deus de toda luz, tu manifestaste tua glória no rosto transfigurado do teu Filho Jesus, tua presença para sempre no meio de nós. Escuta nossas preces e cobra-nos com o mesmo Espírito que o animava. Amém.
(Salmo 32: Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça, venha a nossa salvação.

3º DOMINGO DA QUARESMA - Jo 4,5-15.19b-26.39a.40-42 ou Jo 4,5-42 - 23.03.2014

Na narrativa do evangelho de João capítulo 4, versículos de 5 a 42, temos o encontro de Jesus com uma mulher samaritana. Tudo começa ao redor de um poço. O poço recorda muitos fatos do Antigo Testamento, entre eles o poço em que o servo de Abraão encontrou Rebeca, futura esposa de Isaac; o poço onde Jacó se encontrou com Raquel etc. O poço de Sicar é, pois, o lugar onde a humanidade encontra seu esposo e líder.
Uma mulher sem nome se aproxima, ao meio-dia, para buscar água. Ela não tem nome porque é a própria humanidade que está procurando, no sufoco do calor, algo que sacie, de uma vez por todas, sua sede.
Jesus tem sede como qualquer ser humano, e pede de beber. Com isso está começando a quebrar o preconceito racial.
Judeus e samaritanos se detestavam mutuamente. Os judeus mais radicais haviam decretado o estado permanente de impureza das mulheres samaritanas.
Jesus está com sede, mas quem pede água é a mulher, pois ele tem água capaz de saciar para sempre a sede de todos: "Se você conhecesse o dom de Deus e quem é que está lhe dizendo: Dê-me de beber, você é que lhe pediria... Aquele que beber da água que eu vou lhe dar nunca mais terá sede".
Jesus é o presente de Deus que a humanidade precisa conhecer. Os judeus acreditavam se aproximar de Deus mediante o conhecimento e a prática da Lei. Jesus, aquele que revela o Pai, mostra que Deus está presente nas relações de fraternidade e gratuidade.
A água que Jesus dá é o Espírito, a força que vem de dentro  e jorra para a vida eterna. A mulher-humanidade tem sede dessa água, e por isso pede: "Senhor, dá-me dessa água, para que eu não tenha mais sede...".
Os samaritanos aguardavam um messias diferente do esperado pelos judeus. Além do preconceito racial, tinham também preconceito religioso. Jesus acaba com esses preconceitos.
ORAÇÃO:
Ó DEUS, FONTE DE ÁGUA VIVA, FAZE QUE DEDIQUEMOS ESTE TEMPO QUARESMAL À FRATERNIDADE E À ORAÇÃO, PARA QUE SEJAMOS RECRIADOS PARA UMA VIDA NOVA. AMÉM.
Salmo 94: Hoje não fecheis o vosso coração, mas ouvi a voz do Senhor!

4º DOMINGO DA QUARESMA - Jo 9,1.6-9.13-17.34-38 ou Jo 9,1-41 - 30.03.2014

Que o Deus da misericórdia nos dê a graça de crescer, ao longo desta quaresma, no seguimento de Jesus Cristo, e de corresponder ao seu amor com uma vida digna, vivendo os valores do Evangelho.
No evangelho de hoje, em João, capítulo 9, versículos de 1 a 41, temos a cura do cego de nascença; é o chamado domingo da alegria. Somos convidados a deixar para trás qualquer atitude de tristeza e assumir uma atitude de alegria, pela consolação que nos vem do amor de Deus.
No tempo de Jesus, os doentes eram considerados pecadores e impuros. No dia de sábado, havia a proibição de fazer qualquer trabalho. Essa ideologia reforçava a dominação sobre os mais pobres.
O contexto deste milagre da cura do cego é o da festa das Tendas, ocasião em que o povo recordava o tempo que Israel passou no deserto. Era um acontecimento festivo que suscitava esperança de vida aos sofredores. Nesse dia o sacerdote ia tirar água da piscina de Siloé para purificar o altar. À noite acendiam-se tochas sobre os muros do templo a fim de iluminar a cidade.  
A cura do cego de nascença mostra que Jesus é a água que nos lava das cegueiras da alienação e a luz que faz brilhar os olhos da fé.
A cegueira lembra a alienação e o pecado, e o lavar-se na piscina recorda a imersão na água, sendo a luz símbolo da fé. Na Igreja primitiva o batismo era conhecido como iluminação. De fato, a cura do cego tornou-se uma parábola da iluminação batismal.
A iluminação é progressiva: primeiro, o cego chama Jesus de homem; depois, de profeta; finalmente, de Senhor. O Batismo não é um título, mas um caminho. Na experiência do cego, essa evolução coincide com o processo de iniciação no caminho de Jesus.
O texto descreve as dificuldades que a pessoa deve enfrentar até proferir a fé de modo pessoal e profundo; e mostra que a libertação não acontece sem a nossa efetiva participação, deixando as obras das trevas e assumindo gradativamente as obras da luz.
ORAÇÃO:
Deus, luz da vida, tu partilhas conosco tua claridade. Olha teu povo reunido nesta quaresma, atende nossas preces e unge-nos com o teu Espírito. Amém.
Salmo 22: O Senhor é o pastor que me conduz, não me falta coisa alguma.

5º DOMINGO DA QUARESMA - REFLEXÃO - Jo 11,1-45

Neste evangelho, vamos refletir sobre a ressurreição de Lázaro, conforme o livro de João, capítulo 11, versículos de 1 a 45. Junto com Marta e Maria, professamos nossa fé em Jesus, ressurreição e vida, fazendo, com Lázaro, a experiência de sermos arrancados do túmulo, conduzidos à vida e desamarrados de tudo o que nos prende.
A ressurreição de Lázaro é um sinal que aponta para uma realidade maior e mais profunda: a vitória de Jesus sobre a morte e sua glorificação. Este é o sentido do texto: "Esta doença não é para a morte, mas para a glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por ela".
Lázaro, Marta e Maria são a própria humanidade envolta em situações de morte. A doença é a doença do mundo; suas amarras são as amarras de todas as pessoas impossibilitadas de andar e viver.
Para todos eles Jesus dá a mesma ordem: "Desamarrem-no e deixem que ele ande!..." Marta e Maria recordam o sofrimento, a esperança e a fé de todos os sofredores de hoje.
Entre Jesus, Lázaro, Marta e Maria, isto é, entre ele e a comunidade cristã, vigoram relações de amor e fraternidade. Maria foi aquela que ungiu o Senhor com perfume e que tinha enxugado os pés dele com seus cabelos. Ungir com perfume é gesto de amor.
O texto sublinha ainda que Lázaro é amigo de Jesus e que Jesus ama Lázaro! Amor gera confiança e solidariedade em situações difíceis.
A ressurreição de Lázaro é apenas um sinal que aponta para a realidade profunda do Evangelho, isto é, a revelação de que a morte-ressurreição de Jesus é a prova maior do amor que Deus tem pelos seus.
Jesus vai à Judeia a fim de ressuscitar seu amigo. Isso acarretará a morte de Jesus, que é expressão máxima da solidariedade com os sofrimentos humanos. Mas o Pai o ressuscitará, e sua ressurreição é a prova definitiva de que a vida vence a morte.
ORAÇÃO:
Deus da vida, por quem tudo existe, tu não deixas morrer em nós a vida que nos ofereces. Tu, que fizeste Lázaro sair do túmulo, atende a nossa prece e devolve a vida aos teus filhos e filhas do mundo inteiro. Amém.


SACRAMENTO DA UNÇÃO DOS ENFERMOS - Papa Francisco

PAPA FRANCISCO
AUDIÊNCIA GERAL
Praça de São Pedro
Quarta-feira, 26 de Fevereiro de 2014
Amados irmãos e irmãs, bom dia!
Gostaria de vos falar hoje do Sacramento da Unção dos enfermos, que nos permite ver concretamente a compaixão de Deus pelo homem. No passado era chamado «Extrema Unção», porque era entendido como conforto espiritual na iminência da morte. Ao contrário, falar de «Unção dos enfermos» ajuda-nos a alargar o olhar para a experiência da doença e do sofrimento, no horizonte da misericórdia de Deus.
1. Há um ícone bíblico que expressa em toda a sua profundidade o mistério que transparece na Unção dos enfermos: é a parábola do «bom samaritano», no Evangelho de Lucas (10, 30-35). Todas as vezes que celebramos este Sacramento, o Senhor Jesus, na pessoa do sacerdote, torna-se próximo de quem sofre e está gravemente doente, ou é idoso. Diz a parábola que o bom samaritano se ocupa do homem sofredor derramando sobre as suas feridas óleo e vinho. O óleo faz-nos pensar no que é abençoado pelos bispos todos os anos, na Missa crismal da Quinta-Feira Santa, precisamente em vista da Unção dos enfermos. O vinho, ao contrário, é sinal do amor e da graça de Cristo que brota do dom da sua vida por nós e expressam em toda a sua riqueza na vida sacramental da Igreja. Por fim, a pessoa sofredora é confiada a um hoteleiro, a fim de que continue a ocupar-se dela, sem se preocupar com a despesa. Mas, quem é este hoteleiro? É a Igreja, a comunidade cristã, somos nós, aos quais todos os dias o Senhor Jesus confia aqueles que estão aflitos, no corpo e no espírito, para que possamos continuar a derramar sobre eles, sem medida, toda a sua misericórdia e salvação.
2. Este mandato é reafirmado de maneira explícita e clara na Carta de Tiago, na qual se recomenda: «Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo, em nome do Senhor. E a oração da fé salvará o enfermo, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados» (5, 14-15). Por conseguinte, trata-se de uma prática que já se usava na época dos Apóstolos. Com efeito, Jesus ensinou aos seus discípulos a ter a sua mesma predilecção pelos doentes e pelos sofredores e transmitiu-lhes a capacidade e a tarefa de continuar a conceder no seu nome e segundo o seu coração alívio e paz, através da graça especial deste Sacramento. Mas isto não nos deve fazer cair na busca obstinada do milagre ou na presunção de poder obter sempre e apesar de tudo a cura. Mas é a certeza da proximidade de Jesus ao doente e também ao idoso, porque cada idoso, cada pessoa com mais de 65 anos, pode receber este Sacramento, mediante o qual é o próprio Jesus que se aproxima.
Mas na presença de um doente, por vezes pensa-se: «chamemos o sacerdote para que venha»; «Não, dá azar, não o chamemos», ou então, «o doente assusta-se». Por que se pensa assim? Porque um pouco há a ideia de que depois do sacerdote venha a agência funerária. E isto não é verdade. O sacerdote vem para ajudar o doente ou o idoso; por isto é tão importante a visita dos sacerdotes aos doentes. É preciso chamar o sacerdote para junto do doente e dizer: «venha, dê-lhe a unção, abençoe-o». 
É o próprio Jesus que chega para aliviar o doente, para lhe dar força, para lhe dar esperança, para o ajudar; também para lhe perdoar os pecados. E isto é muito bonito! E não se deve pensar que isto seja um tabu, porque é sempre bom saber que no momento da dor e da doença não estamos sós: com efeito, o sacerdote e quantos estão presentes durante a Unção dos enfermos representam toda a comunidade cristã que, como um único corpo se estreita em volta de quem sofre e dos familiares, alimentando neles a fé e a esperança, e apoiando-os com a oração e com o calor fraterno. Mas o maior conforto provém do fato de que quem está presente no Sacramento é o próprio Senhor Jesus, que nos guia pela mão, nos acaricia como fazia com os doentes e nos recorda que já lhe pertencemos e que nada — nem sequer o mal nem a morte — jamais nos poderá separar d’Ele. Temos este hábito de chamar o sacerdote para que aos nossos doentes — não digo doentes de gripe, uma doença de 3-4 dias, mas quando é uma doença séria — e também para os nossos idosos, venha lhes conferir este Sacramento, este conforto, esta força de Jesus para ir em frente? Façamo-lo!


Saudações
Sigo com particular apreensão quanto está a acontecer nestes dias na Venezuela. Desejo vivamente que cessem quanto antes as violências e as hostilidades e que todo o Povo venezuelano, a partir dos responsáveis políticos e institucionais, se comprometam para favorecer a reconciliação, através do perdão recíproco e de um diálogo sincero, respeitador da verdade e da justiça, capaz de enfrentar temas concretos para o bem comum. Ao garantir a minha constante e fervorosa oração, em particular por quantos perderam a vida nos confrontos e pelas suas famílias, convido todos os crentes a elevar súplicas a Deus, pela materna intercessão de Nossa Senhora de Coromoto, para que o país reencontre imediatamente paz e concórdia.

Queridos peregrinos de língua portuguesa: sede bem vindos! Em cada um dos sacramentos da Igreja, Jesus está presente e nos faz participar da sua vida e da sua misericórdia. Procurem conhecê-Lo sempre mais, para poderem servi-Lo nos irmãos, especialmente nos doentes. Sobre vós e sobre vossas comunidades, desça a benção do Senhor!
 Fonte: Libreria Editrice Vaticana

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

CATEQUESE
Praça São Pedro – Vaticano
Quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Queridos irmãos e irmãs, bom dia,

Na última catequese, destaquei como a Eucaristia nos introduz na comunhão real com Jesus e o seu mistério. Agora podemos nos colocar algumas perguntas sobre a relação entre a Eucaristia que celebramos e a nossa vida, como Igreja e como cristãos individualmente. Como vivemos a Eucaristia? Quando vamos à Missa aos domingos, como a vivemos? É somente um momento de festa, é uma tradição consolidada, é uma ocasião para se encontrar ou para sentir-se bem, ou é algo a mais?

Há alguns sinais muito concretos para entender como vivemos tudo isso, como vivemos a Eucaristia; sinais que nos dizem se nós vivemos bem a Eucaristia ou não a vivemos tão bem. O primeiro indício é o nosso modo de olhar e considerar os outros. Na Eucaristia, Cristo realiza sempre novamente o dom de si que fez na Cruz. Toda a sua vida é um ato de total partilha de si por amor; por isso Ele amava estar com os discípulos e com as pessoas que tinha oportunidade de conhecer. Isto significava para Ele partilhar os desejos deles, os seus problemas, aquilo que agitava as suas almas e suas vidas. Agora nós, quando participamos da Santa Missa, encontramo-nos com homens e mulheres de todo tipo: jovens, idosos, crianças, pobres e ricos; originários do lugar ou de fora; acompanhados por familiares ou sozinhos… Mas a Eucaristia que celebro leva-me a senti-los todos, realmente, como irmãos e irmãs? Faz crescer em mim a capacidade de alegrar com quem se alegra, de chorar com quem chora? Impele-me a seguir rumo aos pobres, aos doentes, aos marginalizados? Ajuda-me a reconhecer neles a face de Jesus? Todos nós vamos à Missa porque amamos Jesus e queremos partilhar, na Eucaristia, a sua paixão e a sua ressurreição. Mas amamos, como quer Jesus, aqueles irmãos e irmãs mais necessitados? Por exemplo, em Roma, nestes dias vimos tantos problemas sociais ou pela chuva que fez tantos danos a bairros inteiros, ou pela falta de trabalho, consequência da crise econômica em todo o mundo. Pergunto-me, e cada um de nós se pergunte: eu que vou à Missa, como vivo isto? Preocupo-me de ajudar, de aproximar-me, de rezar por aqueles que têm este problema? Ou sou um pouco indiferente? Ou talvez me preocupo de fofocar: viu como está vestida aquela, ou como está vestido aquele? Às vezes se faz isso, depois da Missa, e não se deve fazer! Devemos nos preocupar com os nossos irmãos e irmãs que têm necessidade por causa de uma doença, de um problema. Hoje, fará bem a nós pensar nestes nossos irmãos e irmãs que têm este problema aqui em Roma: problemas pela tragédia provocada pela chuva e problemas sociais e de trabalho. Peçamos a Jesus, que recebemos na Eucaristia, que nos ajude a ajudá-los.

Um segundo indício, muito importante, é a graça de sentir-se perdoados e prontos a perdoar. Às vezes alguém pergunta: “Por que se deveria ir à igreja, visto que quem participa habitualmente da Santa Missa é pecador como os outros?”. Quantas vezes ouvimos isso! Na realidade, quem celebra a Eucaristia não o faz porque se acredita ou quer parecer melhor que os outros, mas propriamente porque se reconhece sempre necessitado de ser acolhido e regenerado pela misericórdia de Deus, feita carne em Jesus Cristo. Se algum de nós não se sente necessitado da misericórdia de Deus, não se sente pecador, é melhor que não vá à Missa! Nós vamos à Missa porque somos pecadores e queremos receber o perdão de Deus, participar da redenção de Jesus, do seu perdão. Aquele “Confesso” que dizemos no início não é “pro forma”, é um verdadeiro ato de penitência! Eu sou pecador e o confesso, assim começa a Missa! Não devemos nunca esquecer que a Última Ceia de Jesus aconteceu “na noite em que foi traído” (1 Cor 11, 23). Naquele pão e naquele vinho que oferecemos e em torno do qual nos reunimos se renova toda vez o dom do corpo e do sangue de Cristo para a remissão dos nossos pecados. Devemos ir à Missa humildemente, como pecadores e o Senhor nos reconcilia.

Um último indício precioso nos vem oferecido pela relação entre a celebração eucarística e a vida das nossas comunidades cristãs. É necessário sempre ter em mente que a Eucaristia não é algo que fazemos nós; não é uma comemoração nossa daquilo que Jesus disse e fez. Não. É propriamente uma ação de Cristo! É Cristo que age ali, no altar. É um dom de Cristo, que se torna presente e nos acolhe em torno de si, para nutrir-nos da sua Palavra e da sua vida. Isto significa que a missão e a identidade própria da Igreja surge dali, da Eucaristia, e ali sempre toma forma. Uma celebração pode ser também impecável do ponto de vista exterior, belíssima, mas se não nos conduz ao encontro com Jesus Cristo arrisca não levar alimento algum ao nosso coração e à nossa vida. Através da Eucaristia, em vez disso, Cristo quer entrar na nossa existência e permeá-la pela sua graça, de forma que em toda comunidade cristã haja coerência entre liturgia e vida.

O coração se enche de confiança e esperança pensando nas palavras de Jesus reportadas no Evangelho: “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6, 54). Vivamos a Eucaristia com espírito de fé, de oração, de perdão, de penitência, de alegria comunitária, de preocupação pelos necessitados e pelas necessidades de tantos irmãos e irmãs, na certeza de que o Senhor cumprirá aquilo que nos prometeu: a vida eterna. Assim seja!
Fonte: Boletim da Santa Sé
Tradução: Jéssica Marçal

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

“Tomai, comei, isto é o meu corpo…Tomai, bebei, isto é o seu sangue”.

CATEQUESE
Praça São Pedro – Vaticano
Quarta-feira, 05 de fevereiro de 2014
Boletim da Santa Sé
Tradução: Jéssica Marçal e Paula Dizaró
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje falarei a vocês da Eucaristia. A Eucaristia coloca-se no coração da “iniciação cristã”, junto ao Batismo e à Confirmação, e constitui a fonte da própria vida da Igreja. Deste Sacramento de amor, de fato, nasce cada autêntico caminho de fé, de comunhão e de testemunho.
Aquilo que vemos quando nos reunimos para celebrar a Eucaristia, a Missa, já nos faz intuir o que estamos para viver. No centro do espaço destinado à celebração encontra-se um altar, que é uma mesa, coberta por uma toalha e isto nos faz pensar em um banquete. Na mesa há uma cruz, a indicar que sobre aquele altar se oferece o sacrifício de Cristo: é Ele o alimento espiritual que ali se recebe, sob os sinais do pão e do vinho. Ao lado da mesa há o ambão, isso é, o lugar a partir do qual se proclama a Palavra de Deus: e isto indica que ali nós nos reunimos para escutar o Senhor que fala mediante as Sagradas Escrituras, e então o alimento que se recebe é também a sua Palavra.
Palavra e Pão na Missa tornam-se um só, como na Última Ceia, quando todas as palavras de Jesus, todos os sinais que havia feito, condensaram-se no gesto de partir o pão e de oferecer o cálice, antes do sacrifício da cruz, e naquelas palavras: “Tomai, comei, isto é o meu corpo…Tomai, bebei, isto é o seu sangue”.
O gesto de Jesus cumprido na Última Ceia é o extremo agradecimento ao Pai pelo seu amor, pela sua misericórdia. “Agradecimento” em grego se diz “Eucaristia”. E por isto o Sacramento se chama Eucaristia: é o supremo agradecimento ao Pai, que nos amou tanto a ponto de dar-nos o seu Filho por amor. Eis porque o termo Eucaristia resume todo aquele gesto, que é gesto de Deus e do homem junto, gesto de Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem.
Então a Celebração Eucarística é bem mais que um simples banquete: é propriamente o memorial da Páscoa de Jesus, o mistério central da salvação. “Memorial” não significa somente uma recordação, uma simples recordação, mas quer dizer que cada vez que celebramos este Sacramento participamos do mistério da paixão, morte e ressurreição de Cristo.
 A Eucaristia é o ápice da ação da salvação de Deus: O Senhor Jesus, se fez pão partido por nós, derrama sobre nós toda a sua misericórdia e seu amor, e assim renova o nosso coração, a nossa existência e a maneira como nos relacionamos com Ele e com os irmãos.
É por isto que sempre, quando nos aproximamos deste sacramento, se diz de: “Receber a Comunhão”, de “fazer a Comunhão”: isto significa que o poder do Espírito Santo, a participação na mesa eucarística se conforma de modo profundo e único a Cristo, nos fazendo experimentar já a plena comunhão com o Pai que caracterizará o banquete celeste, onde com todos os Santos teremos a alegria de contemplar Deus face a face.
Queridos amigos, nunca conseguiremos agradecer ao Senhor pelo dom que nos fez com a Eucaristia! É um grande dom e por isto é tão importante ir à Missa aos domingos.
Ir à missa não somente para rezar, mas para receber a Comunhão, este pão que é o Corpo de Jesus Cristo que nos salva, nos perdoa, nos une ao Pai. É muito bom fazer isto! E todos os domingos, vamos à Missa porque é o próprio dia da ressurreição do Senhor. Por isto, o domingo é tão importante para nós.
E com a Eucaristia sentimos esta pertença à Igreja, ao Povo de Deus, ao Corpo de Deus, a Jesus Cristo. Nunca terminará em nós o seu valor e a sua riqueza. Por isto, pedimos que este Sacramento possa continuar a manter viva na Igreja a sua presença e a moldar as nossas comunidades na caridade e na comunhão, segundo o coração do Pai. E isto se faz durante toda a vida, mas tudo começa no dia da primeira comunhão.
É importante que as crianças se preparem bem para a primeira comunhão e que todas as crianças a façam, porque é o primeiro passo desta forte adesão a Cristo, depois do Batismo e da Crisma.
Fonte: Canção Nova.