O SENHOR TE CHAMA


"Gostaria de dizer àqueles e àquelas que se sentem longe de Deus e da Igreja, aos que têm medo ou aos indiferentes:
O Senhor também te chama para seres parte do seu povo, e o faz com grande respeito e amor!" EG, n.113.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

O ESPÍRITO SANTO E SEUS DONS

Dons Hierárquicos ou Infusos.

Trata-se dos dons recebidos no batismo e confirmados no Crisma, os quais o fim principal é o fortalecimento de cada pessoa, bem como a sua santificação. Estes tornam os fiéis dóceis para obedecer prontamente às inspirações divinas. Observa-se em Is 11,2 que os dons pertencem a Cristo, em plenitude, mas através da condição de filhos de Deus e co-herdeiros de Cristo (cf. Rm 8,14-17), nós também os recebemos. Ao todo são sete Dons: Sabedoria, Inteligência, Conselho, Fortaleza, Ciência, Piedade e Temor de Deus.

Sabedoria: O Espírito Santo nos capacita a agir com caridade, afastando-nos do mal e unindo-nos a Deus. Aumenta o prazer de viver Nele, evitando assim, a tentação de abandoná-LO e nos dá crescimento na vida cristã.

Conselho: O Espírito Santo nos dá equilíbrio para agir, dando discernimento do que é prudente;

Inteligência: O Espírito santo nos dá uma profunda compreensão das verdades de Deus, revela-nos sua doutrina, penetrando-nos no seu plano para a nossa vida.

Fortaleza: O Espírito Santo nos ensina a suportar os problemas e tentações, fortalece a nossa fraqueza;

Ciência: O Espírito Santo nos dá capacidade de entender o conhecimento de Deus em profundidade, nos leva a valorizar as coisas criadas por Deus e nos faz ver a realidade da luz de Deus, evitar a derrota e aperfeiçoar a virtude teologal da fé;

Piedade: O Espírito santo nos faz conhecer Deus como Pai, ensinado-nos a fraternidade através do sentimento filial, fazendo-nos amar os irmãos;

Temor de Deus: O Espírito Santo nos faz conhecer o grande amor de Deus, viver a esperança e inicia a Sabedoria. Ensina o desapego às coisas, evita a soberba, incutindo em nós a humanidade e a temperança.

Todo aquele que vive sob a ação do Espírito Santo produz em sua vida os chamados frutos do Espírito Santo (cf. Gl 5,22-23). "Os frutos do Espírito são perfeições que o Espírito Santo forma em nós como primícias da glória eterna. A Tradição da Igreja enumera doze: 'caridade, alegria, paz, paciência, longanimidade, bondade, benignidade, mansidão, fidelidade, modéstia, continência e castidade'" (CIC,§1832).

Catequese com Adultos
próxima postagem: As virtudes.

O ESPÍRITO SANTO

"Chegando o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. ...Apareceu-lhes, então, uma espécie de línguas de fogo que se repartiam e repousaram sobre cada um deles. Ficaram todos cheios do Espírito Santo e começaram a falar em línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem." (At 2,1-4).

A expressão "Espírito" traduz o termo hebraico "Ruah", que significa sopro, ar, vento. Jesus utiliza a imagem do vento para sugerir a Nicodemos em Jo 3,5-8 a novidade transcendente daquele que é pessoalmente o Sopro de Deus, o Espírito Divino. No batismo de Jesus apareceu em forma de pomba.

O Espírito Santo é a terceira pessoa da Santíssima Trindade, consubstancial ao Pai e ao Filho e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado. Ele é o Espírito de Cristo enviado pelo Pai aos nossos corações, é verdadeiramente Deus. Ao mesmo tempo em que a Trindade é vivificante, consubstancial e indivisível, a fé nos leva a adorar três Pessoas distintas em um único e mesmo Deus.

"Ele, o Espírito de comunhão, permanece indefectivelmente na Igreja, e é por isso que a Igreja é o grande sacramento da Comunhão divina que congrega os filhos de Deus dispersos". (CIC, §1108). Sendo assim, a Igreja é o Corpo de Cristo e o Templo do Espírito Santo.

Na Santíssima Trindade, o Espírito Santo é o Santificador, é aquele que através dos seus dons, torna o homem dócil para seguir seus impulsos. No Espírito Santo os homens oram e dão testemunho de que são filhos adotivos de Deus. Ele eleva a Igreja ao conhecimento da verdade total, unifica-a na comunhão e no ministério, dota-se e dirige-a mediante os diversos dons hierárquicos e carismáticos. (cf. Lumen Gentium 4).

É Ele que nos revela Deus e nos dá a conhecer Cristo, sua Palavra Viva.

A missão de Cristo e do Espírito Santo realiza-se na Igreja, Corpo de Cristo e Templo do Espírito Santo.
O Espírito Santo socorre a nossa fraqueza pois somos decaídos, devemos buscar a santificação "ocupando-nos com tudo o que é verdadeiro, nobre, justo, puro, amável, tudo que há de louvável, honroso, virtuoso ou de qualquer modo mereça louvor" (Fl 4,8).

Catequese Jovens e Adultos.
próxima postagem: Dons hierárquicos ou infusos

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

A TRANSFIGURAÇÃO DO SENHOR JESUS Lc 9,28b-36


Segundo domingo da Quaresma, temos um Evangelho particularmente belo, aquele da Transfiguração do Senhor. 
O Evangelista Lucas coloca especial atenção para o fato de que Jesus se transfigurou enquanto rezava: a sua é uma experiência profunda de relacionamento com o Pai durante uma espécie de retiro espiritual que Jesus vive em um alto monte na companhia de Pedro, Tiago e João, os três discípulos sempre presentes nos momentos da manifestação divina do Mestre (Lc 5,10; 8,51; 9,28). 
O Senhor, que pouco antes tinha predito a sua morte e ressurreição (9, 22) oferece aos discípulos uma antecipação da sua glória. E também na Transfiguração, como no batismo, ressoa a voz do Pai celeste: “Este é o meu filho, o eleito; escutai-o!” (9, 35). 
A presença então de Moisés e Elias, que representam a Lei e os Profetas da antiga Aliança, é ainda mais significativa: toda a história da Aliança é orientada para Ele, o Cristo, que cumpre um novo “êxodo” (9, 31), não para a terra prometida como no tempo de Moisés, mas para o Céu. 
A intervenção de Pedro: “Mestre, é bom estarmos aqui” (9, 33) representa a tentativa impossível de parar esta experiência mística. Comenta Santo Agostinho: “[Pedro] … sobre o monte … tinha Cristo como alimento da alma. Por que ele iria descer para voltar aos trabalhos e dores, enquanto lá estava cheio de sentimentos de amor santo para Deus e que o inspiravam, portanto, a uma conduta santa? (Discurso 78,3: PL 38,491).
Meditando sobre esta passagem do Evangelho, podemos aprender um ensinamento muito importante. Antes de tudo, o primado da oração, sem a qual todo o empenho do apostolado e da caridade se reduz ao ativismo. Na Quaresma aprendemos a dar o tempo certo à oração, pessoal e comunitária, que dá fôlego à nossa vida espiritual. Além disso, a oração não é um isolar-se do mundo e das suas contradições, como no Tabor queria fazer Pedro, mas a oração reconduz ao caminho, à ação. “A existência cristã – escrevi na Mensagem para esta Quaresma – consiste em um contínuo subir ao monte do encontro com Deus, e depois voltar a descer trazendo o amor e a força que daí derivam, para servir os nossos irmãos e irmãs com o próprio amor de Deus” (n. 3).
Bento XVI - sobre a Transfiguração do Senhor.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

A ESPIRITUALIDADE DO CATEQUISTA

A missão do catequista exige dele uma formação espiritual.
A Igreja tem em alta consideração a vida espiritual do catequista.
Muitos são os testemunhos: "A missão confiada ao catequista exige dele uma intensa vida sacramental e espiritual, o hábito da oração, o sentido profundo da excelência da mensagem cristã, a atitude de caridade, humildade e prudência". (Diretório Geral Catequese, 114).

Catechesi Tradendae (João Paulo II, 1979) evidencia no catequista a espiritualidade do discípulo, que se coloca na escola do Mestre, tornando-se seu porta-voz, vive em profunda comunhão com ele, coloca-se em sintonia com as inspirações do Espírito Santo, Mestre interior, e se deixa guiar por ele, para transmitir a mensagem evangélica com alegria, com entusiasmo e coragem.

Catequese Renovada qualifica o catequista como pessoa "de profunda espiritualidade" (CR 146), que "leva uma vida de oração" (CR 148,151). Por isso diz que " a formação deve ter o cuidado de desenvolver... principalmente sua vivência pessoal e comunitária da fé, seu compromisso com a transformação do mundo" . A espiritualidade do catequista, para ser autêntica, deve estar integrada com a vida concreta.

O cultivo da espiritualidade do catequista é processo permanente. Está presente e anima os diversos elementos de sua ação. Influencia as opções pedagógicas e metodológicas. Provoca a interação entre vida e fé. Torna mais transparente e visível a mensagem cristã que ele vive em comunidade e transmite através de sua ação catequética.

A espiritualidade do catequista deve ser:

  1. Bíblica
  2. Cristocêntrica
  3. Eclesial
  4. Mariana
  5. Encarnada, ligada à realidade do povo
  6. Litúrgica.


Atitudes principais para formação da espiritualidade do catequista são:


  • Relacionamento pessoal e profundo com o Pai;
  • Seguimento de Cristo nas atitudes e no interesse pelo Reino de Deus, fruto de uma adesão sincera;
  • Docilidade à ação do Espírito Santo;
  • Comunhão com a Igreja, comunidade que evangeliza, celebra e testemunha Jesus Cristo;
  • Amor filial a Maria, mãe e modelo do catequista; 
  • Vivência do mistério cristão e da missão catequizadora dentro de grupo de catequistas;
  • Escuta com fé e fidelidade da palavra de Deus que se manifesta na Bíblia, na Igreja e nos acontecimentos;
  • Integração dos aspectos celebrativos da liturgia e da piedade popular;
  • Vida sacramental, de oração e contemplação encarnada na vida do povo;
  • Sentido de serviço para com todos;
  • Espiritualidade do trabalho e da ação;
  • Amor aos empobrecidos e vivência da pobreza evangélica;
  • Alegria de ser evangelizador.


Fonte: Formação de Catequistas, Docto 59 CNBB, cap.V.
          Texto para orientadores e formadores de catequistas

A IGREJA É APOSTÓLICA

A Igreja é apostólica por ser fundada sobre os apóstolos, e isto possui um triplo sentido:

Ela foi e continua sendo construída sobre o "fundamento dos apóstolos" (Ef 2,20), testemunhas escolhidas e enviadas em missão pelo próprio Cristo;

Ela conserva e transmite, com a ajuda do espírito santo que nela habita, o ensinamento, o depósito precioso, as salutares palavras ouvidas da boca dos apóstolos;

Ela continua a ser ensinada, santificada e dirigida pelos apóstolos até a volta de Cristo, graças aos que a eles sucedem na missão pastoral: o colégio dos bispos, assistido pelos presbíteros, em união com o sucessor de Pedro, pastor supremo da Igreja.

Jesus é o Enviado do pai. desde o início do seu ministério "chamou a Si os que quis, e dentre eles instituiu "Doze" para estarem com ele e para enviá-los a pregar" (Mc 3,13-14). A partir daquela hora eles passaram a ser "enviados" (é o que significa a palavra grega "apóstolo").

Neles Jesus a sua própria missão: "Como o Pai me enviou, eu também vos envio" (Jo 20,21).
Seu ministério é, portanto, a continuação de sua própria missão: "Quem vos recebe a mim recebe", diz ele aos "Doze", em Mt 10,40.

Os Bispos são sucessores dos Apóstolos

Nos apóstolos percebemos a missão, o encargo de serem testemunhas escolhidas da Ressurreição do Senhor e os fundamentos da igreja.
Para que a missão confiada aos apóstolos fosse continuada após sua morte (o Evangelho transmitido é para a Igreja, em todos os tempos, a fonte de toda a vida), confiaram a seus cooperadores imediatos, como que por testamento, o múnus de completar e confirmar a obra iniciada por eles, recomendando-lhes que atendessem a todo o rebanho no qual o Espírito Santo os instituíra para apascentar a Igreja de Deus. Constituíram, pois, tais varões e administraram-lhes, depois, a ordenação a fim de que, quando eles morressem outros homens íntegros assumissem seu ministério. (CIC, § 861).

Toda a Igreja é apostólica na medida em que, através dos sucessores de São Pedro e dos apóstolos, permanece em Comunhão de fé e de vida com a sua origem.

A vocação cristã também é por natureza vocação ao apostolado. Denomina-se "apostolado" toda a atividade do Corpo Místico que tende a estender o Reino de Cristo a toda a terra.

A Igreja é Una, Santa, Católica e Apostólica na sua identidade profunda e última, porque é nela que já existe e será consumado no fim dos tempos 'O Reino dos Céus', 'O Reino de Deus", que veio na pessoa de Cristo e cresce misteriosamente no coração dos que lhe são incorporados, até a sua plena manifestação escatológica. Então todos os homens remidos por ele, tornados nele 'Santos e Imaculados na presença de Deus no Amor', serão reunidos como o único Povo de Deus, a Esposa do Cordeiro, a Cidade Santa descida do céu, de junto de Deus, com a Glória de Deus nela, e 'a muralha da cidade tem doze alicerces, sobre os quais estão os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro"  (Ap 21,14) (CIC, § 865).

Para nossa reflexão:

A Igreja é um corpo: 1Cor 12,12-31; Rm 12,4-8;
A Igreja é uma videira: Jo 15,1-6;
A Igreja é o rebanho de Cristo: Jo 10,11-15;
A Igreja é a construção de Deus: Ef 2,19-22; 1Pd 9,5;
A Igreja é a família de Deus: Ef 2,19;
A Igreja é o Povo de Deus: 1Cor 12,27-28.

A MISSÃO: UMA EXIGÊNCIA DA CATOLICIDADE DA IGREJA

A Igreja é católica, pois, anuncia a totalidade da fé; traz em si e administra a plenitude dos meios de salvação; é enviada a todos os povos; dirige-se a todos os homens; abarca todos os tempos; "ela é, por sua própria natureza, missionária".

O mandato missionário: em virtude das exigências íntimas de sua própria catolicidade e obedecendo à ordem de seu fundador, a Igreja esforça-se para anunciar o Evangelho a todos os homens, como determinou o Senhor em Mt 28, 19-20.

A origem e o escopo da missão: A Igreja peregrina é, por sua natureza, missionária, pois se origina da missão do Filho e da missão do Espírito Santo, segundo o desígnio de Deus Pai. E o fim último da missão não é outro senão fazer os homens participarem da comunhão que existe entre o Pai e o filho em seu Espírito de amor.

O motivo da missão: É do amor de Deus por todos os homens que a Igreja sempre tirou a obrigação e a força da vocação missionária; "pois o amor de Cristo nos impele" (2 Cor 5,14). Com efeito, Deus quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade. O Senhor quer a salvação de todos pelo conhecimento da verdade.

Os caminhos da missão: "O Espírito Santo é o protagonista de toda missão eclesial". É ele quem conduz a Igreja pelos caminhos da Missão. A missão da Igreja exige o esforço rumo à unidade dos Cristãos.

Catequeses com jovens e adultos.
Próxima postagens: A Igreja é Apostólica.

A IGREJA É CATÓLICA

A palavra "católico" significa "universal" no sentido de segundo a totalidade ou "segundo a integralidade". Ela é católica porque nela Cristo está presente. Onde está Cristo Jesus, está a Igreja Católica.

Nela subsiste a plenitude do Corpo de Cristo unido à sua Cabeça o que implica que ela recebe dele a plenitude dos meios de salvação que ele quis: confissão de fé correta e completa, vida sacramental integral e ministério integral e ministério ordenado na sucessão apostólica.

Neste sentido fundamental, a Igreja era católica no dia de Pentecostes e o será sempre, até a Parusia.

A Igreja é Católica, porque é enviada em missão por Cristo à universalidade do gênero humano. Todos os homens são chamados a pertencer ao novo povo de Deus. Por isso, este Povo permanecendo uno e único, deve estender-se a todo o mundo e por todos os tempos para que se cumpra, o desígnio da vontade de Deus, que no início formou uma natureza humana e finalmente decretou congregar seus filhos que estavam dispersos. Este caráter de universalidade que marca o Povo de Deus é um dom próprio do Senhor, pelo qual a Igreja Católica, de maneira eficaz e perpétua, tende a recapitular toda a humanidade com todos os seus bens sob Cristo Cabeça, na unidade do seu Espírito. (CIC, § 831).

Cada Igreja particular é "Católica". Entende-se por Igreja particular, o que é em primeiro lugar, a diocese, uma comunidade de fiéis cristãos em comunhão na fé e nos sacramentos com seu Bispo ordenado na sucessão apostólica. Essas Igrejas particulares são formadas à imagem da Igreja universal; é nelas e a partir delas que existe a Igreja católica, una e única. As Igrejas particulares são plenamente católicas pela comunhão com uma delas: a Igreja de Roma, "que preside à caridade". Pois com esta Igreja, em razão de sua origem mais excelente, deve necessariamente concordar cada Igreja, isto é, os fiéis de toda parte. Com efeito, desde a descida a nós do Verbo Encarnado, todas as Igrejas cristãs de toda parte consideram e continuam considerando a grande Igreja que está em Roma como única base e fundamento, visto que, segundo as próprias promessas do Salvador, as portas do inferno nunca prevalecerão sobre ela (CIC, § 834).

É para reunir novamente todos os seus filhos que o pecado dispersou e desgarrou que o Pai quis convocar toda a humanidade na Igreja do seu Filho. A Igreja é o lugar em que a humanidade deve reencontrar a sua unidade e a sua salvação. Fora da Igreja não há salvação. Toda salvação vem de Cristo-Cabeça por meio da Igreja, que é seu Corpo. Esta afirmação não visa aqueles que, sem culpa, desconhecem Cristo e sua Igreja.
Na Igreja, os homens entram pelo Batismo, como que por uma porta. Por isso não podem salvar-se aqueles que, sabendo que a Igreja católica foi fundada por Deus e por meio de Jesus Cristo como instituição necessária e apesar disso não quiseram nela entrar ou nela perseverar. (CIC, § 846).

Catequeses para Jovens e Adultos
Próximas postagens:
A Missão: uma exigência da catolicidade da Igreja.
A Igreja é Apostólica.

A IGREJA É SANTA

"A Igreja é, aos olhos da fé, indefectivelmente Santa, pois Cristo, Filho de Deus, que com o Pai e o Espírito Santo é proclamado o 'único Santo', amou a Igreja como sua Esposa.

Por ela se entregou com o fim de santificá-la. Uniu-se a si como seu corpo e cumulou-a com o dom do espírito Santo, para a glória de Deus".
A Igreja é portanto, 'o povo santo de Deus', e seus membros são chamados "santos". (CIC, § 823).

Embora congregue pecadores, ela é "imaculada (feita) de maculados". Nos Santos brilha a santidade da Igreja; em Maria esta já é toda Santa,

"Já na terra a Igreja está ornada de verdadeira santidade, embora imperfeita", nos seus membros, a santidade perfeita ainda é coisa a adquirir.

Todos os membros da igreja, inclusive os seus ministros, devem reconhecer-se pecadores. Em todos eles, o joio do pecado continua ainda mesclado ao trigo do Evangelho até o fim dos tempos. A Igreja reúne, portanto, pecadores presos pela salvação de Cristo, mas ainda em via de santificação.

Os santos e as santas sempre foram fonte e origem de renovação nas circunstâncias mais difíceis da história da Igreja. Com efeito, "a santidade é a fonte secreta e a medida infalível da sua atividade apostólica e do seu elã missionário".

Catequeses com jovens e adultos.

Próximas postagens: A Igreja é Católica; a Igreja é Apostólica.

A IGREJA DE JESUS: UNA, SANTA, CATÓLICA E APOSTÓLICA

"E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela" (Mt 16,18).

Esta é a única Igreja de Cristo e que, no Símbolo confessamos una, santa, católica e apostólica. Estes quatro atributos, os quais são inseparáveis entre si, indicam traços essenciais da igreja e da sua missão. A Igreja não os tem de si mesma, mas é o próprio Cristo que, pelo Espírito Santo, dá a sua Igreja o ser Una, Santa, Católica e Apostólica, e é também Ele que a convida a realizar cada uma dessas qualidades. Somente a fé pode reconhecer que a Igreja tem estas propriedades da sua fonte divina.

A Igreja é Una.

A Igreja é Una por sua fonte: "Deste mistério, o modelo supremo e o princípio é a unidade de um só Deus na Trindade de Pessoas, Pai, Filho no Espírito Santo. A Igreja é Una pelo seu Fundador: "Pois o próprio Filho encarnado, Príncipe da Paz, por sua cruz reconciliou todos os homens com Deus, restabelecendo a união de todos em um só Povo, em um só corpo".

A Igreja é Una: tem um só Senhor, confessa uma só fé, nasce de um só Batismo, forma um só Corpo, vivificado por um só Espírito, em vista de uma única esperança, no fim da qual serão superadas todas as divisões.
Contudo, desde a origem, esta Igreja Una se apresenta com uma grande diversidade, que provém ao mesmo tempo da variedade dos dons de Deus e da multiplicidade das pessoas que os recebem. Na unidade do Povo de Deus se congregam as diversidades dos povos e das culturas. Entre os membros da Igreja existe uma diversidade de dons, de encargos, de condições e de modos de vida. E, na comunhão eclesiástica há, legitimamente Igrejas particulares gozando de tradições próprias. É importante compreendermos que a grande riqueza desta diversidade não se opõe à unidade da Igreja.

Como vínculo da unidade está sobretudo a caridade que é o vínculo da perfeição (cf.Cl 3,14). Mas a unidade da Igreja peregrinante é também assegurada por vínculos visíveis de comunhão os quais são: a profissão de uma única fé recebida dos apóstolos; a celebração comum do culto divino, sobretudo dos sacramentos e a sucessão apostólica, por meio do sacramento da Ordem, que mantém a concórdia fraterna da família de Deus (CIC, § 815).

"A única Igreja de Cristo,... é aquela que nosso Salvador, depois da sua Ressurreição, entregou a Pedro para apascentar e confiou a ele e aos demais Apóstolos para propagá-la e regê-la... Esta Igreja, constituída e organizada neste mundo como uma sociedade, subsiste na Igreja Católica governada pelo sucessor de Pedro e pelos Bispos em comunhão com ele".

A unidade, "Cristo a concedeu, desde o início, à Sua Igreja, e nós cremos que ela subsiste sem possibilidade de ser perdida na Igreja Católica e esperamos cresça, dia após dia, até a consumação dos séculos".

Cristo dá sempre à Igreja o Dom da Unidade, mas a Igreja deve sempre orar e trabalhar para manter, reforçar e aperfeiçoar a unidade que Cristo quer para ela.

Encontros de Catequese com adultos.

Próximas postagens: A Igreja é Santa; A Igreja é Católica; a Igreja é Apostólica.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

MENSAGEM DO PAPA BENTO XVI PARA A QUARESMA 2013


Crer na caridade suscita caridade
“Nós conhecemos o amor que Deus nos tem, pois cremos nele” (1 Jo 4, 16)
Mensagem do Papa Bento XVI para a Quaresma 2013
Queridos irmãos e irmãs!
A celebração da Quaresma, no contexto do Ano da fé, proporciona-nos uma preciosa ocasião para meditar sobre a relação entre fé e caridade: entre o crer em Deus, no Deus de Jesus Cristo, e o amor, que é fruto da ação do Espírito Santo e nos guia por um caminho de dedicação a Deus e aos outros.
1. A fé como resposta ao amor de Deus 
Na minha primeira Encíclica, deixei já alguns elementos que permitem individuar a estreita ligação entre estas duas virtudes teologais: a fé e a caridade. Partindo duma afirmação fundamental do apóstolo João: “Nós conhecemos o amor que Deus nos tem, pois cremos nele” (1 Jo 4, 16), recordava que, “no início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo. (…) Dado que Deus foi o primeiro a amar-nos (cf. 1 Jo 4, 10), agora o amor já não é apenas um ‘mandamento’, mas é a resposta ao dom do amor com que Deus vem ao nosso encontro” (Deus caritas est, 1).
A fé constitui aquela adesão pessoal – que engloba todas as nossas faculdades – à revelação do amor gratuito e “apaixonado” que Deus tem por nós e que se manifesta plenamente em Jesus Cristo. O encontro com Deus Amor envolve não só o coração, mas também o intelecto: “O reconhecimento do Deus vivo é um caminho para o amor, e o sim da nossa vontade à d’Ele une intelecto, vontade e sentimento no ato globalizante do amor. Mas isto é um processo que permanece continuamente a caminho: o amor nunca está ‘concluído’ e completado” (ibid., 17). Daqui deriva, para todos os cristãos e em particular para os “agentes da caridade”, a necessidade da fé, daquele “encontro com Deus em Cristo que suscite neles o amor e abra o seu íntimo ao outro, de tal modo que, para eles, o amor do próximo já não seja um mandamento por assim dizer imposto de fora, mas uma consequência resultante da sua fé que se torna operativa pelo amor” (ibid., 31).
O cristão é uma pessoa conquistada pelo amor de Cristo e, movido por este amor – “caritas Christi urget nos” (2 Cor 5, 14) – , está aberto de modo profundo e concreto ao amor do próximo (cf. ibid., 33). Esta atitude nasce, antes de tudo, da consciência de ser amados, perdoados e mesmo servidos pelo Senhor, que Se inclina para lavar os pés dos Apóstolos e Se oferece a Si mesmo na cruz para atrair a humanidade ao amor de Deus.
“A fé mostra-nos o Deus que entregou o seu Filho por nós e assim gera em nós a certeza vitoriosa de que isto é mesmo verdade: Deus é amor! (…) A fé, que toma consciência do amor de Deus revelado no coração trespassado de Jesus na cruz, suscita por sua vez o amor. Aquele amor divino é a luz – fundamentalmente, a única – que ilumina incessantemente um mundo às escuras e nos dá a coragem de viver e agir” (ibid., 39). Tudo isto nos faz compreender como o procedimento principal que distingue os cristãos é precisamente “o amor fundado sobre a fé e por ela plasmado” (ibid., 7).
2. A caridade como vida na fé 
Toda a vida cristã consiste em responder ao amor de Deus. A primeira resposta é precisamente a fé como acolhimento, cheio de admiração e gratidão, de uma iniciativa divina inaudita que nos precede e solicita; e o “sim” da fé assinala o início de uma luminosa história de amizade com o Senhor, que enche e dá sentido pleno a toda a nossa vida. Mas Deus não se contenta com o nosso acolhimento do seu amor gratuito; não Se limita a amar-nos, mas quer atrair-nos a Si, transformar-nos de modo tão profundo que nos leve a dizer, como São Paulo: Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim (cf. Gl 2, 20).
Quando damos espaço ao amor de Deus, tornamo-nos semelhantes a Ele, participantes da sua própria caridade. Abrirmo-nos ao seu amor significa deixar que Ele viva em nós e nos leve a amar com Ele, n’Ele e como Ele; só então a nossa fé se torna verdadeiramente uma “fé que atua pelo amor” (Gl 5, 6) e Ele vem habitar em nós (cf. 1 Jo 4, 12).
A fé é conhecer a verdade e aderir a ela (cf. 1 Tm 2, 4); a caridade é “caminhar” na verdade (cf. Ef 4, 15). Pela fé, entra-se na amizade com o Senhor; pela caridade, vive-se e cultiva-se esta amizade (cf. Jo 15, 14-15). A fé faz-nos acolher o mandamento do nosso Mestre e Senhor; a caridade dá-nos a felicidade de pô-lo em prática (cf. Jo 13, 13-17). Na fé, somos gerados como filhos de Deus (cf. Jo 1, 12-13); a caridade faz-nos perseverar na filiação divina de modo concreto, produzindo o fruto do Espírito Santo (cf. Gl 5, 22). A fé faz-nos reconhecer os dons que o Deus bom e generoso nos confia; a caridade fá-los frutificar (cf. Mt 25, 14-30).
3. O entrelaçamento indissolúvel de fé e caridade
À luz de quanto foi dito, torna-se claro que nunca podemos separar e menos ainda contrapor fé e caridade. Estas duas virtudes teologais estão intimamente unidas, e seria errado ver entre elas um contraste ou uma “dialética”. Na realidade, se, por um lado, é redutiva a posição de quem acentua de tal maneira o caráter prioritário e decisivo da fé que acaba por subestimar ou quase desprezar as obras concretas da caridade reduzindo-a a um genérico humanitarismo, por outro é igualmente redutivo defender uma exagerada supremacia da caridade e sua operatividade, pensando que as obras substituem a fé. Para uma vida espiritual sã, é necessário evitar tanto o fideísmo como o ativismo moralista.
A existência cristã consiste num contínuo subir ao monte do encontro com Deus e depois voltar a descer, trazendo o amor e a força que daí derivam, para servir os nossos irmãos e irmãs com o próprio amor de Deus. Na Sagrada Escritura, vemos como o zelo dos Apóstolos pelo anúncio do Evangelho, que suscita a fé, está estreitamente ligado com a amorosa solicitude pelo serviço dos pobres (cf. At 6, 1-4). Na Igreja, devem coexistir e integrar-se contemplação e ação, de certa forma simbolizadas nas figuras evangélicas das irmãs Maria e Marta (cf. Lc 10, 38-42).
A prioridade cabe sempre à relação com Deus, e a verdadeira partilha evangélica deve radicar-se na fé (cf. Catequese na Audiência geral de 25 de Abril de 2012). De fato, por vezes tende-se a circunscrever a palavra “caridade” à solidariedade ou à mera ajuda humanitária; é importante recordar, ao invés, que a maior obra de caridade é precisamente a evangelização, ou seja, o “serviço da Palavra”.
Não há ação mais benéfica e, por conseguinte, caritativa com o próximo do que repartir-lhe o pão da Palavra de Deus, fazê-lo participante da Boa Nova do Evangelho, introduzi-lo no relacionamento com Deus: a evangelização é a promoção mais alta e integral da pessoa humana. Como escreveu o Servo de Deus Papa Paulo VI, na Encíclica Populorum progressio, o anúncio de Cristo é o primeiro e principal fator de desenvolvimento (cf. n. 16). A verdade primordial do amor de Deus por nós, vivida e anunciada, é que abre a nossa existência ao acolhimento deste amor e torna possível o desenvolvimento integral da humanidade e de cada homem (cf. Enc. Caritas in veritate, 8).
Essencialmente, tudo parte do Amor e tende para o Amor. O amor gratuito de Deus é-nos dado a conhecer por meio do anúncio do Evangelho. Se o acolhermos com fé, recebemos aquele primeiro e indispensável contato com o divino que é capaz de nos fazer “enamorar do Amor”, para depois habitar e crescer neste Amor e comunicá-lo com alegria aos outros.
A propósito da relação entre fé e obras de caridade, há um texto na Carta de São Paulo aos Efésios que a resume talvez do melhor modo: “É pela graça que estais salvos, por meio da fé. E isto não vem de vós; é dom de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie. Porque nós fomos feitos por Ele, criados em Cristo Jesus, para vivermos na prática das boas ações que Deus de antemão preparou para nelas caminharmos” (2, 8-10).
Daqui se deduz que toda a iniciativa salvífica vem de Deus, da sua graça, do seu perdão acolhido na fé; mas tal iniciativa, longe de limitar a nossa liberdade e responsabilidade, torna-as mais autênticas e orienta-as para as obras da caridade. Estas não são fruto principalmente do esforço humano, de que vangloriar-se, mas nascem da própria fé, brotam da graça que Deus oferece em abundância. Uma fé sem obras é como uma árvore sem frutos: estas duas virtudes implicam-se mutuamente.
A Quaresma, com as indicações que dá tradicionalmente para a vida cristã, convida-nos precisamente a alimentar a fé com uma escuta mais atenta e prolongada da Palavra de Deus e a participação nos Sacramentos e, ao mesmo tempo, a crescer na caridade, no amor a Deus e ao próximo, nomeadamente através do jejum, da penitência e da esmola.
4. Prioridade da fé, primazia da caridade 
Como todo o dom de Deus, a fé e a caridade remetem para a ação do mesmo e único Espírito Santo (cf. 1 Cor 13), aquele Espírito que em nós clama:”Abbá! – Pai!” (Gl 4, 6), e que nos faz dizer: “Jesus é Senhor!” (1 Cor 12, 3) e “Maranatha! – Vem, Senhor!” (1 Cor 16, 22; Ap 22, 20).
Enquanto dom e resposta, a fé faz-nos conhecer a verdade de Cristo como Amor encarnado e crucificado, adesão plena e perfeita à vontade do Pai e infinita misericórdia divina para com o próximo; a fé radica no coração e na mente a firme convicção de que precisamente este Amor é a única realidade vitoriosa sobre o mal e a morte. A fé convida-nos a olhar o futuro com a virtude da esperança, na expectativa confiante de que a vitória do amor de Cristo chegue à sua plenitude.
Por sua vez, a caridade faz-nos entrar no amor de Deus manifestado em Cristo, faz-nos aderir de modo pessoal e existencial à doação total e sem reservas de Jesus ao Pai e aos irmãos. Infundindo em nós a caridade, o Espírito Santo torna-nos participantes da dedicação própria de Jesus: filial em relação a Deus e fraterna em relação a cada ser humano (cf. Rm 5, 5).
A relação entre estas duas virtudes é análoga à que existe entre dois sacramentos fundamentais da Igreja: o Batismo e a Eucaristia. O Batismo (sacramentum fidei) precede a Eucaristia (sacramentum caritatis), mas está orientado para ela, que constitui a plenitude do caminho cristão. De maneira análoga, a fé precede a caridade, mas só se revela genuína se for coroada por ela. Tudo inicia do acolhimento humilde da fé (“saber-se amado por Deus”), mas deve chegar à verdade da caridade (“saber amar a Deus e ao próximo”), que permanece para sempre, como coroamento de todas as virtudes (cf. 1 Cor 13, 13).
Caríssimos irmãos e irmãs, neste tempo de Quaresma, em que nos preparamos para celebrar o evento da Cruz e da Ressurreição, no qual o Amor de Deus redimiu o mundo e iluminou a história, desejo a todos vós que vivais este tempo precioso reavivando a fé em Jesus Cristo, para entrar no seu próprio circuito de amor ao Pai e a cada irmão e irmã que encontramos na nossa vida. Por isto elevo a minha oração a Deus, enquanto invoco sobre cada um e sobre cada comunidade a Bênção do Senhor!
Vaticano, 15 de Outubro de 2012.
Papa Bento XVI